Sobre sucesso

Imagine que uma pessoa que você conhece há muito tempo diga que tem uma revelação a fazer. Você ouve atentamente acreditando que seja uma delação premiada, um caso de traição amorosa ou uma discussão de relações afetivas.

Mas não é nada disso. Ela confessa que gosta dos livros de Paulo Coelho e da pintura de Romero Britto.

Se essa declaração fosse em qualquer lugar do mundo, seria um alívio. Aqui entre nós pode gerar até um rompimento de relações.

Qual é a razão? Não à toa, ambos fincaram raízes fora do Brasil, em Genebra, Suíça, e Miami, EUA, respectivamente. O fato é que não se sentem bem por aqui - e não são mesmo queridos pela 'intelligentsia' nacional.

O motivo é puramente estético? É uma questão interessante. Se os livros e imagens deles entusiasmam tantas pessoas em todo o mundo, algo devem ter para atingir o inconsciente coletivo.

Denegri-los simplesmente não parece ser um caminho consistente. Pode-se argumentar aspectos estéticos, mas é preciso avaliar tudo isso racionalmente, sem paixões.

A profusão de variáveis é enorme. Foi assim com Pelé e é com Neymar, mais adorados no exterior do que por aqui. Inveja do sucesso alheio?

É uma explicação possível, mas limitada. Todos gostariam de ser como eles, com reconhecimento no exterior? Talvez. O fato é que esses 'cases' de sucesso são onipresentes e nem sempre aplaudidos. Por quê?

(*) Oscar D'Ambrosio, doutor em Educação, Arte e História da Cultura e mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp