ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JUNHO, SÁBADO  14    CAMPO GRANDE 22º

Cidades

Bebê precisará de cuidados permanentes após retirada de fio metálico do peito

Criança não poderá ir à creche, receber visitas em casa, nem correr risco de queda

Por Murilo Medeiros | 03/03/2025 13:59
Bebê precisará de cuidados permanentes após retirada de fio metálico do peito
Beatriz e André Melo sorridentes com o filho no colo ao sair do hospital (Foto: Arquivo pessoal)

O bebê de 1 ano e 6 meses que passou por uma cirurgia de peito aberto para retirada de um fio metálico do coração recebeu alta neste sábado (1º). O objeto era um fio guia de cateter, esquecido por médicos durante um procedimento no Hospital da Cassems, em Três Lagoas. Após 24 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o quadro de saúde da criança mudou drasticamente: agora, ele precisará de acompanhamento médico constante.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Bebê de 1 ano e 6 meses que teve fio metálico esquecido no coração durante procedimento no Hospital da Cassems de Três Lagoas recebe alta após 24 dias de UTI, mas precisará de cuidados e acompanhamento médico constantes. Família está apreensiva em retornar a Três Lagoas para realizar curativos no hospital onde ocorreu o erro médico. Advogado da família acionará judicialmente os responsáveis. Cassems não se pronunciou sobre o caso.

"Ele ficou com muitas cicatrizes pelo corpo, mas a maior foi o sofrimento e a dor de passar por tudo isso sem necessidade alguma. Era uma criança saudável e sem problemas no coração, e agora demanda cuidados especiais. Isso afetou e afetará sua infância", desabafa Beatriz Melo, mãe do bebê.

No pós-operatório, a criança teve uma inflamação grave e precisou passar por novos procedimentos invasivos para a instalação de drenos no pulmão. Também apresentou complicações no intestino, que parou de contrair temporariamente, dificultando a passagem dos alimentos. Ele teve febre e desenvolveu uma condição que causa acúmulo de líquido no abdômen.

O osso do tórax da criança precisou ser aberto para a retirada do corpo estranho e só será calcificado em três meses. Nesse período, qualquer queda representa um risco. Com a imunidade fragilizada, ele não pode frequentar a creche e precisará de acompanhamento médico contínuo com cardiologista pediátrico, imunologista e pediatra em Três Lagoas.

"Ele agora terá um novo normal. Não terá uma vida como antes, precisa de cuidados intensivos e não pode sofrer nenhuma queda. Infelizmente, não poderemos receber visitas, pois o sistema imunológico está frágil. Ir para a escolinha, só depois dos 4 anos", relata Beatriz.

A rotina da família também mudou drasticamente. Beatriz, que é enfermeira, e o pai do bebê, o engenheiro André Melo, passaram 25 dias em Campo Grande acompanhando o filho no Hospital da Cassems. Enquanto isso, a filha do casal, de 8 anos, precisou morar com a tia e chegou a desenvolver crises de ansiedade devido à saudade.

Bebê precisará de cuidados permanentes após retirada de fio metálico do peito
Exames mostram fio guia de cateter esquecido no peito de bebê (Foto: Direto das Ruas)

Mesmo com tanto perrengue, estamos muito agradecidos a Deus e a toda a equipe do Hospital da Cassems de Campo Grande porque temos a vida do nosso filho. Houve dias em que achamos que o perderíamos. Em um deles, ele precisou voltar ao centro cirúrgico para mais dois procedimentos", conta Beatriz.

Agora, a família se preocupa com o retorno a Três Lagoas, onde o bebê precisará continuar o tratamento. "Estamos receosos de levá-lo para fazer os curativos no Hospital da Cassems de lá", diz Beatriz. Hoje, os curativos foram trocados em Campo Grande, mas o retorno ao interior deve acontecer em breve.

Entenda o caso - O fio metálico foi esquecido no coração da criança durante duas internações por infecções graves no ouvido. Na época, os médicos realizaram um acesso central no pescoço do bebê, mas o fio guia do cateter foi deixado no organismo dele.

A família descobriu a situação no dia 5 de fevereiro, quando levou a criança ao hospital suspeitando que ele tivesse engolido uma pilha enquanto brincava com uma calculadora. No exame de raio-x, a pilha não foi encontrada, mas os médicos identificaram o fio metálico no coração da criança.

Ele foi então transferido para o Hospital da Cassems de Campo Grande, onde passou por cirurgia de peito aberto e ficou internado por 24 dias.

Beatriz destaca a importância de exames adicionais após procedimentos invasivos como o acesso central. "Pedir uma tomografia ou um simples raio-x para verificar se não ficou nenhum artefato no corpo pode evitar situações como essa. Se tivessem descoberto antes, meu filho não teria passado por isso".

Procurada pelo Campo Grande News, a assessoria da Cassems informou que "seguindo resoluções e normativas éticas, não comenta quadros de pacientes atendidos em suas unidades". Enquanto isso, os pais seguem focados na reabilitação do bebê, mas o advogado da família já trabalha para acionar judicialmente os responsáveis pelo erro médico.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias