Denúncias de violências contra idosos aumentam 29% em MS
Conforme os dados do Ministério dos Direitos Humanos, as principais queixas são de negligência, seguida por abuso financeiro
Em um ano, as denúncias sobre violências contra idosos tiveram aumento de 29% em Mato Grosso do Sul, chegando a 705 em 2019, conforme dados do Disque 100 (Disque Direitos Humanos), divulgados na quarta-feira (24).
O levantamento aponta que, além da negligência às pessoas com mais de 60 anos sofrem muito com violência psicológica e o abuso financeiro. A preocupação de especialistas ligados aos direitos dos idosos é de aumento do número de casos em meio à pandemia do coronavírus, quando a maioria deles está em isolamento social.
Conforme os dados do disque 100, no ano passado foram registradas 705 denúncias de maus tratos contra idosos no Estado. Em algumas delas há mais de um tipo de violência. Em 2018, o total de reclamações foi de 545.
A negligência é o tipo de violência mais comum e foi citada 586 vezes nas denúncias. A psicológica apareceu em 314 casos e o abuso financeiro em mais 266.Violências físicas foram citadas 154 vezes e sexuais em outras 4.
De acordo com a advogada Liliam Veronese, presidente da Comissão dos Direitos dos Idosos da OAB em MS, diferente do que muitos pensam as agressões físicas não lideram as queixas, mas a “violência invisível”, ou seja, as humilhações, hostilizações, o abuso financeiro e até a institucional, quando são agredidos em asilos.
“Percebemos que muitos casos são resultantes da omissão da família, do egoísmo. Você não trocar a fralda descartável de idoso, não medicar ou alimentar na hora correta é um tipo de negligência”, pontuou.
Segundo Liliam, as denúncias de violência diminuíram neste período de pandemia e há uma preocupação quanto a isso. “Diminuiu muito o número de procura e a gente acha que isso se deve por conta desse isolamento. Eles estão com medo de sair de casa”, lamentou.
A advogada comenta que a maioria das vítimas de violência são as mulheres idosas tanto por serem mais frágeis quanto pela resistência maior em denunciar. “Ficam com medo, com dó. São mais coração e pensam como vou denunciar meu filho, meu neto, minha nora? Acabam se submetendo aquele tipo de situação”.
Liliam chama atenção para a maioria dos casos de violência contra idosos ocorrer dentro de casa, sendo os filhos e netos os principais agressores.
A coordenadora do Sirpha- Lar do Idoso e presidente do Conselho Municipal do Idoso, Maria Christina Gomes de Oliveira confirma receber com frequência denúncias de violência, especialmente a patrimonial. “Temos casos de idosos conscientes que sabem o que está acontecendo, mas não conseguem evitar”.
Em resumo, a violência patrimonial ocorre quando o dinheiro do idoso não é usado em benefício dele ou quando os parentes fazem empréstimos ou compras em nome do aposentado. “É uma situação muito triste”, declara Maria, enfatizando que o quadro deve ficar mais acentuado com a pandemia do coronavírus e aumento do desemprego.
Segundo ela, não é comum os idosos terem plena noção sobre o quanto recebem de aposentadoria ou outros benefícios. A maioria dele deixa os cartão disponível para a família. “ Geralmente é uma situação casada a de negligência e abuso financeiro”, diz. Ou seja, ao mesmo tempo em que não se importam com o bem estar da vítima, não deixam de usar o dinheiro dela.
Conforme os dados do disque 100, no ano passado foram registradas 705 denúncias de maus tratos contra idosos em Mato Grosso do Sul. Em algumas delas há mais de um tipo de violência. No ano anterior, o total de reclamações foi de 545.
Segundo Maria, a maioria das denúncias são feitas por vizinhos ou parentes da vítima que não aceitam a situação.
Denúncias - Queixas sobre maus-tratos contra idosos podem ser feitas pelo disque 100 de maneira anônima, em delegacias, nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da cidade, na Defensoria Pública e no prédio da OAB. Após as queixas, um assistente social vai até a casa verificar o que está ocorrendo.