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Capital

“Verde” faz oposição ao lixo que se acumula em rua do Rita Vieira

Cerrado cresce em rua de terra onde a falta de consciência ambiental é simbolizada por montanha de lixo

Izabela Sanchez | 30/09/2019 12:13
Caixas como essa, cheias de garrafas, se acumulam na rua (Foto: Henrique Kawaminami)
Caixas como essa, cheias de garrafas, se acumulam na rua (Foto: Henrique Kawaminami)

Nessa parte do Bairro Rita Vieira o verde de espraia e o Cerrado espreguiça e parece crescer mais tranquilo com a falta de civilização. Castelo gótico de organização católica, poucas casas de conjunto habitacional e chácaras marcam o cenário. Na Rua Martine de Moraes, ainda assim, o que marca é o desrespeito.

Desrespeito à natureza, onde o verde tenta sobreviver em meio ao lixo que se acumula, cada vez mais, numa rua de terra batida onde nem a energia elétrica chegou. Virou ponto de encontro sorrateiro, durante a noite, para aqueles que vêm tanto do bairro como de outros locais para jogar lixo ali.

Por ser ermo e “apagado”, também atrai atividades que colocam medo nos moradores. Mas na manhã desta segunda-feira (30) o que chama a atenção é a montanha de garrafas de bebidas alcoólicas, em caixas, colocadas no meio da Rua.

Proprietária de uma chácara onde ocorrem festas, Emilia Thal afirma “estar pedindo socorro há anos”. Ela é proprietária da chácara há 40 anos, “paga dois IPTUs [Imposto Predial e Territorial Urbano]”, mas ainda não viu a energia elétrica e a limpeza chegarem até a rua.

“Quando tem festa, a gente vende pra reciclável, eles vêm comprar. Ali já pedi pra prefeitura. O pessoal joga muito lixo a noite. Uma vez tinha tanto lixo que não conseguia passar carro, a prefeitura foi lá e tirou e no dia seguinte já tinha de novo. Eu estou cansada de mandar limpar ali”, comentou.

Lixo e garrafas na Rua Matine de Moraes (Foto: Henrique Kawaminami)
Lixo e garrafas na Rua Matine de Moraes (Foto: Henrique Kawaminami)
Túnel verde de Cerrado em rua do Rita Vieira (Foto: Henrique Kawaminami)
Túnel verde de Cerrado em rua do Rita Vieira (Foto: Henrique Kawaminami)

Pelos arredores, todo mundo parece saber quem joga lixo, nega jogar, e não nomeia quem joga. Bares da região estão entre os “autores”, dizem os moradores. “Um cara que jogava lixo, fui falar que era crime ambiental, e ele me falou: você quer levar um tiro na cara? Normalmente fazem a noite. A rua é totalmente escura. Fiz pedidos desde 2007, imploro, chego lá, falo, e nada”, conta Emilia.

“Uma vez queimaram um Creta [veículo] com metralhadora dentro, a polícia foi lá”, comenta. “Não passava nem caminhão de lixo [da Solurb]. Depois que eu reclamei está passando. Eu pago dois IPTUs e minha rua é completamente abandonada, minha energia vem pelos fundos da Estação Manuel Brandão”, diz ela.

Gerente operacional da concessionária da coleta de lixo em Campo Grande, Solurb, Bruno Velloso Vilela disse que o lixo acumulado no local é irregular e que a coleta abrange apenas as residências. “A gente coleta na frente das residências. Tem muita cosia que a coleta manual não pode executar. Resíduo irregular jogado em via, que vai acumulando, não dá pra coletar manual, acaba sendo disposto irregularmente”, disse.

A reportagem acionou a Prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, para saber de ações ambientais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e ações de infraestrutura da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), mas ainda não obteve resposta.

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