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Capital

Advogado voluntário, Odilon considera lamentável prisão de PF com milícia

A defesa de Everaldo é feita pelo juiz aposentado Odilon de Oliveira e pelo filho dele, vereador que já homenageou o PF na Câmara

Geisy Garnes | 29/09/2019 17:50
Vereador Odilon de Oliveira Júnior e Everaldo na sessão de homenagem ao Dia da Comunidade Nordestina em 2017. (Foto: Divulgação)
Vereador Odilon de Oliveira Júnior e Everaldo na sessão de homenagem ao Dia da Comunidade Nordestina em 2017. (Foto: Divulgação)

“Lamentável e desnecessária”, avalia a defesa de Everaldo Monteiro de Assis sobre a prisão do policial federal, suspeito de vazar informações de um sistema da polícia para milícia. Preso desde sexta-feira (27), nas ações da Operação Ormetà, ele teve o pedido de liberdade negado neste domingo.

A defesa de Everaldo é feita pelo juiz aposentado Odilon de Oliveira, pelo filho dele, o vereador Odilon de Oliveira Júnior e outros dois advogados, Adriano Magno de Oliveira e Alício Garcez Chaves, de forma voluntária. 

Ao Campo Grande News, o juiz aposentado afirmou que o escritório está empenhado na defesa do policial federal e que escolheu fazer isso de forma voluntária, por dois motivos: “Conheço seu trabalho há duas décadas, em grandes operações vinculadas à vara onde eu era juiz. O outro motivo é a certeza de sua inocência”.

Segundo Odilon, em nenhum momento aparece qualquer indício da culpa do policial. “O nome desse policial não é citado por nenhuma testemunha, nem referido nos vários monitoramentos telefônicos/telemáticos. Seu pedido de prisão representa lamentável precipitação, sem mensuração das graves consequências que dessa falta de prudência poderiam surgir na esfera social, funcional e familiar”, defendeu.

Everaldo foi preso por policiais federais por força de mandado de prisão temporária de 30 dias, depois que um pen drive encontrado com o guarda municipal Marcelo Rios, preso no dia 19 de maio com um arsenal, revelou vários arquivos sobre a vida do fazendeiro Edilson Francischinelli reunidos pelo policial junto ao sistema da Polícia Federal.

Odilon argumenta que, no caso de Everaldo, houve um desvio da finalidade original das pesquisas. As informações reunidas, segundo o advogado, seriam destinadas a um policial civil do Estado para "sucesso de certas investigações", e não para a milícia. “É corriqueira a troca de informações ou o compartilhamento de dados entre policiais federais e entre estes e os civis estaduais. Isto não depende de prévia formalização”.

Segundo ele, todos os policiais atuantes na área operacional e, principalmente ,no setor de inteligência carregam informações, sigilosas ou não, em pen drives e celulares. "No caso do nosso cliente, agente federal há umas três décadas em Mato Grosso do Sul, o que ocorreu foi exatamente o desvio de informações que ele repassou a um policial civil do Estado, num pen drive”, continuou.

Ainda assim, Odilon afirma que as informações sobre o fazendeiro da região de Bonito eram facilmente encontradas no Google e não exclusividade da Polícia Federal. “É que, partindo de uma instituição policial, são mais confiáveis do que se extraindo da internet”. O juiz aposentado reforçou ainda o tempo da apreensão até a prisão de Everaldo. Segundo ele, em nenhum momento o cliente foi chamado para prestar depoimento.

“Decorreram quatro meses sem que o GAECO intimasse o agente federal para explicar o fato. Se tivesse feito isto, o agente teria esclarecido tudo e se teria evitado esse grave constrangimento, que, com certeza, resultará em ação de indenização por danos morais. Completamente desnecessária sua prisão temporária”.

Odilon afirma ainda que o “grande mal” foi o delegado responsável pelo caso não ter ouvido o policial federal ao longo do tempo entre a apreensão e as prisões de sexta-feira.

Assim como o pai, o vereador e advogado Odilon de Oliveira Júnior reforçou que a prisão temporária é desnecessária. Com o primeiro pedido de liberdade negado pelo desembargador Sideni Soncini Pimentel, a defesa de Everaldo espera pela audiência de custódia, que deve aconteceu nesta segunda-feira (30), para pedir a reconsideração da decisão.

Caso a prisão seja mantida pelo juiz responsável, a defesa deve entrar com um novo pedido de liberdade. “Se a prisão for convertida para preventiva, vamos entrar com o habeas corpus no STJ (Supremo Tribunal de Justiça)”, explicou Odilon de Oliveira Júnior.

Homenagem – Essa não é a primeira vez que a relação com Everaldo se torna pública. Em 2017, o policial federal foi homenageado pelo vereador Odilon Júnior na sessão pelo Dia da Comunidade Nordestina, comemorado em 2 de agosto, dia da morte de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”.

Everaldo foi preso por policiais federais por força de mandado de prisão temporária de 30 dias depois que um pen drive encontrado com o guarda municipal Marcelo Rios, preso no dia 19 de maio com um arsenal, revelou vários arquivos sobre a vida do fazendeiro Edilson Francischinelli reunidos pelo policial através do sistema da Polícia Federal.

Perícia realizada no pen drive apreendido mostram imagens de pesquisa por meio de consulta ao Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação), Receita Federal e Sinic (Sistema de Informações Criminais) sobre a vida do fazendeiro da região de Bonito. O dossiê foi realizado pelo policial federal e divulgado no dia 8 de julho.

O policial federal é apontado como integrante do terceiro núcleo do grupo de extermínio, o de apoio. Junto com outras 14 pessoas – entre elas advogado, guardas municipais, e policiais civis – faria parte da logística, segurança e suporte da organização criminosa.

Presos na operação chegando ao Centro de Triagem (Foto: Paulo Francis)
Presos na operação chegando ao Centro de Triagem (Foto: Paulo Francis)

Entenda – A investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), apontam que os suspeitos formam uma milícia especializada em execuções de inimigos. Os líderes são os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho.

As equipes foram a ruas na sexta-feira para cumprir 23 prisões, sendo 13 preventiva e 10 temporárias (prazo de 30 dias), além de 21 mandados de busca e apreensão.

As ações terminaram com 19 pessoas presas e a apreensão de computadores e R$ 160 mil em dinheiro, cheques em nome de terceiros, armas dos calibres 38, 22 e 12, munições, aparelhos celulares, inclusive os conhecidos como “bombinhas”, que são descartados após o uso.

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