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Capital

Cheias de esperança, mas com pedidos caros, 308 cartinhas não foram adotadas

Padrinhos preferiram presentear para maior quantidade de crianças, ao invés de escolher 1 carta com pedido de valor mais elevado.

Anahi Gurgel | 14/12/2017 18:08
Cartinha de criança com pedido de tablet, para que ela consiga conversar com o pai durante a semana. (Foto: André Bittar)
Cartinha de criança com pedido de tablet, para que ela consiga conversar com o pai durante a semana. (Foto: André Bittar)

Entre letras infantis não tão redondas, linhas tortas, desenhos coloridos e histórias de bom comportamento, há pedidos cheios de esperança que, infelizmente, não serão atendidos. Ao todo 308 cartinhas deixaram de ser adotadas na campanha de Natal dos Correios em Campo Grande neste ano, encerrada na quarta-feira (13).

De acordo com a empresa, o alto custo de alguns pedidos é o principal motivo para o não apadrinhamento de produtos como patins, tênis de led, televisão, tablets, aparelhos celulares e consoles.

“Entendemos que são o sonho de muitas crianças, mas os padrinhos preferem atender maior quantidade de pedidos, ao invés de escolher uma cartinha com presente mais caro”, explica a coordenadora da campanha, Olga Martinez Torres.

Foram cadastradas neste ano 7.847 cartinhas. Também não foram adotadas as que pedem piscinas de até 5 mil litros, casinha das Princesas, conjunto de peças da Barbie, bonecas Alive e Reborn, e até mesmo consoles de Playstation e Xbox, que podem custar mais de R$ 3 mil.

Olga Martinez organiza cartinhas que não foram adotadas. "Vamos encaixar presentes avulsos que foram doados". (Foto: André Bittar)
Olga Martinez organiza cartinhas que não foram adotadas. "Vamos encaixar presentes avulsos que foram doados". (Foto: André Bittar)

São pedidos de alto custo, sim, mas que não escondem a inocência de quem os redigiu, sempre com justificativas fervorosas e cheias de honestidade para tentar convencer o Bom Velhinho.

Em uma das cartinhas, garota escreveu ao Papai Noel: “Eu gostaria de ganhar um tablet porque me comportei bem. Se achar que eu mereço me dê um tablet roxo. Se não achar o roxo, me dê um rosa. E por favor também gostaria de um fone de ouvido, não daqueles pequenos, dos grandes brancos. Pense com carinho”, "implora" a criança. 

Em outra, a explicação comove: "Só vejo meu pai nos finais de semana e minha mãe não trabalha mais. Quero um tablet para conversar com ele".

Segundo Olga, no caso de eletrônicos, além do alto valor, as pessoas não consideram os produtos como brinquedos, e acabam não adotando.

Acontece também que muita gente opta por doar brinquedos de forma avulsa, sem escolher uma cartinha. “Iremos entregar esses presentes para grande parte das crianças que não tiveram as cartinhas adotadas, mesmo sem ser o pedido que elas fizeram”, disse.

Cartinha com pedido de video game também não foi adotada. (Foto: André Bittar)
Cartinha com pedido de video game também não foi adotada. (Foto: André Bittar)
Garota pede tablet para conversar com o pai durante a semana. (Foto: André Bittar)
Garota pede tablet para conversar com o pai durante a semana. (Foto: André Bittar)

Gratidão - “Estamos exaustos, mas gratificados. Considero esta uma das maiores iniciativas de voluntariado empresarial do Brasil”, descreve a coordenadora. Ela explica que as entregas dos presentes são feitas pelo PAC, como qualquer outro envio dos Correios, e não há contratação de novos funcionários neste período em que a demanda aumenta muito devido ao Natal.

“É uma iniciativa maravilhosa também para os padrinhos. Há forte envolvimento deles com as crianças. As pessoas que adotam as cartinhas se refazem, vinculam emoção com cada nome, cada pedido, e isso as ajuda de alguma forma”, percebe.

Cartinha escrita em Braille por criança com deficiência visual. Pedido foi atendido. (Foto: André Bittar)
Cartinha escrita em Braille por criança com deficiência visual. Pedido foi atendido. (Foto: André Bittar)

Ela conta que despertaram a atenção de padrinhos, por exemplo, cartinhas escritas em braille. Em uma delas, a criança pediu uma reglete – prancha cheia de furinhos utilizada para fazer o relevo da escrita em Braille.

Os presentes, a maioria carrinhos, bonecas, bolas e bicicletas, começaram a ser entregues à medida que iam chegando à agência central na Capital. Nesta tarde (14), entre caixas e pacotes, a movimentação na unidade era intensa.

“Peço que os padrinhos entreguem os presentes sem falta até amanhã, para que possamos organizar a distribuição para as crianças”, alerta Olga.

Presentes embalados em área da agência central dos Correios, prestes a serem entregues às crianças. Padrinhos devem fazer entregas até amanhã (15). (Foto: André Bittar)
Presentes embalados em área da agência central dos Correios, prestes a serem entregues às crianças. Padrinhos devem fazer entregas até amanhã (15). (Foto: André Bittar)
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