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Capital

“Consegui salvar minha mãe?”, perguntou menino após ver assassinato

Lyennan Camargo de Mattos Oliveira supeito pelo crime alegou legítima defesa ao justificar morte da namorada

Bruna Marques e Mariely Barros | 30/06/2023 11:54
Brenda e o filho, que viu a mãe ser assassinada (Foto: Reprodução)
Brenda e o filho, que viu a mãe ser assassinada (Foto: Reprodução)

Durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (30), na Deam (Delegacia Especializa de Atendimento à Mulher), sobre o assassinato de Brenda Possidônio, 25, morta a facadas pelo namorado, Lyennan Camargo de Mattos Oliveira, a delegada Analu Lacerda Ferraz revelou que o filho da vítima, 7, que viu a mãe ser morta, perguntou se tinha conseguido salvar a mãe.

Brenda foi assassinada na noite de ontem, na casa onde morava com o filho, na Rua Janaína Chacha de Melo, na Vila Natália, em Campo Grande. De acordo com a delegada responsável pelo setor de investigação de feminicídio da Deam, uma vizinha, testemunha dos fatos, foi ouvida na delegacia e revelou que a criança perguntava o tempo todo se tinha conseguido salvar a mãe.

“Ele saiu batendo de portão em portão pedindo socorro, pedindo para salvarem a mãe dele. Depois perguntou: ‘eu consegui salvar a minha mãe?’. Isso é algo que ele nunca vai esquecer”, revelou a delega.

O menino que perdeu o pai há pouco tempo para a covid-19, agora, também ficou órfão da mãe. Ele está sob os cuidados da avó materna, desde ontem à noite, após o crime.

A criança foi a única pessoa que presenciou o crime. O menino será ouvido em depoimento especial na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Durante todo o dia de hoje, as investigações terão seguimento. “Até o momento, ouvimos uma vizinha e os familiares do autor. Essa vizinha foi a primeira a sair na rua e visualizar o local”, disse a delegada.

A testemunha teria ouvido o filho da vítima gritando: “socorro, ele vai matar minha mãe”. Momento em que saiu na rua para ver o que estava acontecendo. “A hora que ela saiu, a menina já estava na calçada, toda ensanguentada. Ela tentou socorrer com uma camiseta”, relatou Analu.

Delegadas Analu Ferraz e Elaine Benicasa durante coletiva de imprensa na Deam. (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegadas Analu Ferraz e Elaine Benicasa durante coletiva de imprensa na Deam. (Foto: Henrique Kawaminami)

Analu revelou que, após o crime, Lyennan foi para casa, tomou um vidro de remédio antidepressivo e na sequência tentou se matar. “A família socorreu, a irmã dele que é técnica de enfermagem conseguiu fazê-lo voltar, ele convulsionou duas vezes, foi levado para a Santa Casa, onde segue internado”.

Brenda estava morando com o filho em Campo Grande há 4 meses e era natural do estado de São Paulo. A vítima não tinha nenhum boletim de ocorrência registrado contra o suspeito.

Lyennan tem passagens pelos crimes de furto, roubo e uma violência doméstica em 2017, contra a mãe do filho dele.

Legitima defesa – Em mensagem enviada para a mãe da vítima, após o crime, Lyennan disse que: ‘Ele a amava muito, mas que tinham discutido por ciúmes e que ela tentou matá-lo”.

Na casa onde Brenda foi morta, a perícia apreendeu duas facas, uma a princípio teria sido usada pela vítima e uma pelo autor. Sendo que a de Brenda era bem pequena.

“Ele alega legítima defesa, mas ele pegou uma faca maior, além de ter uma força superior à dela. A proporção física de um homem e uma mulher é muito diferente, ele ainda deu uma facada no pescoço dela”, explicou a delegada.

Casa onde Brenda morava e foi assassinada. (Foto: Henrique Kawaminami)
Casa onde Brenda morava e foi assassinada. (Foto: Henrique Kawaminami)

A Polícia Civil investiga se o crime foi proposital e se o suspeito foi até a casa da vítima com a intenção de matá-la.

“Havia vários cabelos da vítima espalhados pela casa e marcas de luta corporal, socos nas portas e paredes e na mão da vítima foi encontrado cabelo dele”, finalizou Analu.

Noite passada - A Polícia Militar foi acionada por volta das 23h para atender uma ocorrência de lesão corporal por arma branca. Quando chegaram no local, encontraram Brenda já morta na calçada da vizinha. Equipe do Corpo de Bombeiros também foi acionada e constatou o óbito.

Aos policiais, vizinhos disseram que ouviram gritos na rua e a criança dizendo "Você matou minha mãe" e quando saíram, encontraram Brenda caída no chão com o pescoço sangrando e pedindo socorro. A vítima chegou a levantar, atravessou a rua e caiu novamente.

Segundo testemunha, o menino chegou a correr atrás do autor, mas voltou e tentou estancar o sangramento no pescoço da mãe. Ele foi acolhido na casa de uma das vizinhas até a chegada da polícia.

Boletim de ocorrência - A delegada titula da Deam, Elaine Benicasa, informou que a morte de Brenda é o 4º caso de feminicídio registrado em Campo Grande este ano.

“Em relação aos feminicídios, houve uma queda pela metade com relação ao ano passado, há um aumento do número de registro e isso é algo positivo, porque mostra que as mulheres estão cada vez mais denunciando. Em um dia como esse, em que a Brenda é mais uma vítima que não tinha boletim de ocorrência contra o autor, é importante fazer a chamada para mulheres que são vítimas de qualquer tipo de violência para denunciar”, pediu Elaine.

Casos anteriores – O primeiro caso de feminicídio registrado em Campo Grande este ano foi o de Claudineia Brito da Silva. Ela morreu no dia 13 de janeiro, na Santa Casa, após ser esfaqueada no pescoço pelo companheiro, Hércules José Soares, de 43 anos. Ele foi preso em flagrante, no Bairro São Francisco, após o crime.

A monitora de alunos Albyna Freitas Ribas morreu no dia 28 de fevereiro, na Rua Francisco Pereira Coutinho, no Bairro Nova Lima. Ela foi atingida por golpes de faca, na região das costas, abdômen e pescoço.

Na época, o suspeito tentou fugir a pé, mas foi abordado por um borracheiro que presenciou as cenas de agressão e conseguiu conter o agressor até a chegada da Polícia Militar.

Albyna Freitas Ribas, morta no dia 28 de fevereiro (Foto: Arquivo pessoal)
Albyna Freitas Ribas, morta no dia 28 de fevereiro (Foto: Arquivo pessoal)

A jovem Karolina Silva Pereira, de 22 anos, morreu após ser baleada pelo ex-namorado, Messias Cordeiro da Silva, 25, na madrugada do dia 30 abril deste ano, no Jardim Colibri, em Campo Grande. Na ocasião, Luan Roberto de Oliveira Oliveira, 24, também foi atingido e morreu no local. Messias se entregou à polícia e confessou o crime.

Karolina Silva Pereira, de 22 anos, assassinada no dia 30 de abril (Foto: Arquivo pessoal)
Karolina Silva Pereira, de 22 anos, assassinada no dia 30 de abril (Foto: Arquivo pessoal)


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