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Capital

Coração verde da Capital, Parque das Nações é retrato de uma cidade isolada

Rosana Siqueira e Clayton Neves | 29/03/2020 10:59
Praia do campograndense no final de semana Parque das Nações está fechado (Paulo Francis
Praia do campograndense no final de semana Parque das Nações está fechado (Paulo Francis

Considerado o coração verde de Campo Grande, o local predileto dos campo-grandenses para a caminhada diária, e point dos esportistas principalmente nos finais de semana, o Parque das Nações Indígenas neste domingo é o retrato de uma cidade onde a quarentena impera. O silêncio é quase ensurdecedor, quebrado apenas por alguns pássaros que ali fazem moradia.

O parque foi fechado desde a semana retrasada, assim que entrou em vigor o decreto de quarentena do prefeito Marquinhos Trad (PSD) para combater a disseminação do coronavírus.

Hoje pela manhã , com o parque fechado, a região estava quase deserta e algumas pessoas faziam caminhada no canteiro central da Afonso Pena ou mesmo em volta do parque e poucos ciclistas se aventuravam pelas proximidades.

Parquinho infantil que abrigava inúmeras crianças nos dias normais hoje vazio. (Paulo Francis)
Parquinho infantil que abrigava inúmeras crianças nos dias normais hoje vazio. (Paulo Francis)

A reportagem tentou falar com as pessoas, mas poucas se dispuseram a conversar. Curiosamente, um casal de idosos que fazia caminhada diária topou bater um papo rápido. Alex Maymone, de 75 anos, arquiteto aposentado era um dos que aproveitava a manhã fresca para exercitar ao ar livre longe de aglomerações. Junto com a esposa Lúcia Maymone, 70 anos, caminhava em um dos canteiros centrais da Afonso Pena.

 Ele disse que mora perto do Belmar Fidalgo onde faz as caminhadas fora do parque também durante a semana. “Os parques estão todos fechados então durante a semana eu caminho fora do Belmar e hoje estou aqui na Afonso Pena”, destaca lembrando que normalmente aos domingos ele ia caminhar no parque das Nações. “Não podemos parar porque senão enferruja tudo”, brincou a esposa Lúcia ao justificar o motivo de estarem fora de casa no período de isolamento.

Alex lamentou o fato dos parques estarem fechados. “São duas frentes sobre o coronavírus: uma que defende que voltem as atividades e outra que haja isolamento total”, comentou, dizendo que das duas vertentes, prefere a do isolamento. “Prefiro admitir que em todos os países em que esta adotando medidas de isolamento,  decisões sobre este tipo de cuidados de fechamento, a incidência foi menor. É preciso ter cuidado”, frisou.

Usuário do parque ele diz que estamos vivendo dias muito tristes. “Esta época de fechamento das cidades é passageira. Temos que ter paciência e tentar superar esta fase para poder voltar a caminhar”, concluiu.

Jonathas lamenta sumiço de clientela e diz que vendas caíram 90% na barraca. (Paulo Francis)
Jonathas lamenta sumiço de clientela e diz que vendas caíram 90% na barraca. (Paulo Francis)

Prejuízos – Outro que observava a paradeira nesta manhã no entorno do Parque das Nações, a era o vendedor de cocos, Jonathas dos Santos Xavier, de 37 anos. Ele tem uma barraca que vende água de coco no parque. “Neste horário em outros domingos,antes do bloqueio, isso aqui estaria cheio”, relembra.

Ele destaca que como a Afonso Pena era fechada o movimento era intenso. “Ficava cheio de famílias por aqui. Agora deste jeito com tudo trancado o movimento é fraco”, afirmou lembrando que teve queda de 90% o movimento desde o início do isolamento da população.

“As vendas despencaram na barraca”, lamenta ao dizer que por causa da falta de clientela alguns produtos podem estragar . “Vou ter que jogar tudo fora,”, falou num misto de sentimento de dor e tristeza. “Ver um lugar bonito e arejado como este e não poder ter acesso é triste, mesmo sabendo que é para a proteção da população. Tenho esperança que tudo passe e volte a normalidade”, finalizou.

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