Ex da Agereg aponta repasse de R$ 20 mi do Consórcio à empresa fora do contrato
Ex-diretor afirma que levou o caso à prefeita após auditoria apontar movimentação financeira suspeita
Durante depoimento na CPI do Transporte, nesta quarta-feira (21), o ex-diretor da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), Odilon de Oliveira Júnior, revelou ter identificado movimentação financeira suspeita na contabilidade do Consórcio Guaicurus. Segundo ele, foram repassados cerca de R$ 20 milhões para uma empresa que não integra formalmente o consórcio, a Viação Cidade dos Ipês.
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Durante depoimento na CPI do Transporte, o ex-diretor da Agereg, Odilon de Oliveira Júnior, revelou que cerca de R$ 20 milhões foram repassados do Consórcio Guaicurus para a Viação Cidade dos Ipês, empresa não integrante do consórcio. A suspeita surgiu após questionamento da prefeita Adriane Lopes sobre a atuação da Agereg. Odilon solicitou uma análise técnica que confirmou os repasses. Sem equipe suficiente para auditoria, ele firmou parceria com a Controladoria-Geral do Município. O relatório preliminar indicou que os valores transferidos somaram R$ 20 milhões. A gestão municipal não se manifestou sobre a investigação até o momento.
“Olhando a contabilidade do consórcio, notei investimento em uma empresa estranha ao próprio consórcio”, afirmou Odilon aos vereadores. Diante da suspeita, solicitou uma análise técnica da equipe da agência, que confirmou os repasses milionários.
A investigação começou após questionamento da prefeita Adriane Lopes (PP) sobre a atuação da Agereg. Segundo Odilon, ao aprofundar a fiscalização dos contratos, percebeu a movimentação financeira atípica e pediu levantamento preliminar para verificar se aquela operação era permitida.
Sem equipe suficiente para uma auditoria, firmou parceria com a Controladoria-Geral do Município, que cedeu dois servidores para auxiliar na análise. “Os servidores da Controladoria fizeram um relatório preliminar. Como não havia processo formal aberto na época, tudo corria ainda na informalidade. Esse relatório apontou que, no período analisado, os valores transferidos somaram cerca de R$ 20 milhões”, relatou.
Odilon destacou que os próprios técnicos poderiam detalhar melhor a operação, já que ele não tem formação na área contábil. Outro levantamento, feito pelo então diretor municipal, confirmou que a empresa Cidade dos Ipês, destinatária dos recursos, não fazia parte do rol de empresas que compõem o Consórcio Guaicurus.
A empresa existe, tem CNPJ, mas o endereço é o mesmo da Viação São Francisco, na Euler de Azevedo, no entanto o local, que até pouco tempo atrás funcionava como Viação São Francisco, está abandonado. Oficialmente, o Consórcio é formado pelas empresas: Viação Cidade Morena Ltda (empresa Líder), Viação São Francisco Ltda, Jaguar Transporte Urbano Ltda e Viação Campo Grande Ltda, conforme dados atualizados no site do grupo.
Diante da gravidade da situação, Odilon disse que levou o caso diretamente à prefeita, em reunião realizada em julho de 2024. Porém, ele foi substituído por José Mário Antunes em janeiro deste ano e garante não saber qual o andamento da denúncia.
Ao final da oitiva, em entrevista, o ex-diretor da Agereg disse que o valor citado "acabou retornando", mas não soube falar quanto ou como, ele disse ainda que não conseguiria detalhar as movimentações contábeis com exatidão, pois deixou a pasta sem a conclusão da investigação dos valores. No entanto, Odilon citou que um dos servidores que fez essa investigação à época, José Corsini, vai depor semana que vem, podendo esclarecer a situação.
O Campo Grande News questionou a gestão municipal sobre essa reunião, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos. Já o Consórcio Guaicurus, desde o início dos processos que envolvem a CPI, mantém a posição de não se manifestar sobre o assunto.
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