Índios de MS se unem a 1,5 mil líderes nacionais em protesto em Brasília

Cerca de 1.500 índios ocuparam, por volta das 9h da manhã desta quarta-feira (16), a cúpula do Congresso Nacional, em Brasília, para protestar contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 215 e buscar ações que acelerem processos de demarcação de terras indígenas em todo o país.
Um grupo com aproximadamente 30 lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul participa do protesto. No total, são representadas 139 etnias do País. Segundo o índio douradense Anastácio Peralta, de 55 anos, a ação luta contra a PEC 215, que quer fazer mudanças nos critérios e procedimentos de demarcação. Ele, que pertence à etnia guarani-kaiowá, acompanha o protesto.
Para ele, a tramitação da pauta ocorre a passos muito lentos. "A lei no Brasil é morosa e o País tem uma política contra a demarcação de terras. A lei fala que temos direito, mas o Congresso não respeita a Constituição e o governo tem dificuldade de pôr em prática o que está na Constituição", afirmou Anastácio ao Campo Grande News.

"A lei fala que temos direito, mas na prática nossos representantes do Congresso governam para um lado só", completa.
Durante os protestos, os índios gritam palavras de ordem contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inclusive pedindo a saída do parlamentar. Além disso, exibem faixas com mensagens como "fora Cunha! Fora ruralistas! Não à PEC 215/2000".
De acordo com o líder de Mato Grosso do Sul, os representantes indígenas ocuparão a cúpula do Congresso até às 11h30. Depois disso, voltarão para um encontro que ocorre na cidade desde a segunda-feira (14).
"Estamos participando da Conferência Nacional de Política Indigenista, que acontece que vai até amanhã e discute a questão da demarcação", explica Anastácio. No evento, também são discutidas questões como saúde, educação, sustentabilidade e a preservação das memórias indígenas.
"A ideia é estabelecermos diretrizes para que o governo possa cumprir ações de proteção aos povos indígenas", resumiu.