Justiça manda soltar sogro acusado de matar cacique em Caarapó

A Justiça mandou soltar Ricardo Mendes Quevedo, 54 anos, suspeito de matar o líder indígena Ambrósio Vilhalva, 52, em Caarapó. O suposto autor é sogro da vítima e foi preso em flagrante.
Uma testemunha relatou que viu Ricardo próximo ao local do crime. Já duas esposas do cacique, mãe e filha, contam que ele, antes de morrer, apontou o sogro como autor das agressões. Ricardo nega a autoria e diz que não saiu de casa na noite do assassinato.
Para o juiz da 1ª Vara de Caarapó, Waldir Peixoto Barbosa, “não ficou caracterizada a situação de flagrância em relação ao indiciado, pois não há elementos mínimos que liguem o homicídio do cacique com o indiciado”. No último dia 3, o magistrado determinou o relaxamento da prisão em flagrante e a expedição do alvará de soltura.
O líder indígena foi morto na madrugada do dia 2 dezembro, na aldeia Guyraroká, distrito de Cristalina. Ele chegou sangrando em casa, onde vivia com as três esposas. A família tentou socorrê-lo e acionou a polícia, mas Ambrósio morreu dentro do barraco.
A vítima estaria bebendo em companhia de amigos, quando o crime aconteceu. Na ocasião, a polícia e a perícia técnica apreenderam uma faca com vestígios de sangue e dois indígenas foram levados à delegacia para prestar depoimento.
O cacique recebeu golpes de um instrumento não identificado pela perícia, causando-lhe ferimentos na nuca, pescoço e cabeça, que foram a causa da morte.
Ambrósio Vilhalva participou do filme Terra Vermelha, dirigido por Marcos Bechis, e rodou o mundo divulgando o longa-metragem. Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o cacique, conhecido por lutar pelo direito a terra, acabou se dissociando do estilo de vida indígena.