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Interior

“Por favor, nos ajudem”: crianças indígenas imploram por água em aldeias

Moradores da Reserva de Dourados andam a pé embaixo de sol forte para buscar água poluída em riacho

Por Helio de Freitas, de Dourados | 21/09/2023 15:58

Em plena onda de calor histórica que atinge o hemisfério, crianças estão tendo de andar a pé sob sol escaldante para buscar água para matar a sede e ajudar a família a preparar alimentos na Reserva Indígena de Dourados, a mais populosa de Mato Grosso do Sul.

As cenas parecem repetidas, mas até agora, apesar de muitas promessas, os governantes não conseguiram resolver o problema de desabastecimento nas aldeias Bororó e Jaguapiru.

Vídeo que circula em redes sociais e grupos de aplicativo de conversa mostra grupo de crianças marchando em trieiro no meio do mato para buscar água no riacho da Aldeia Bororó. “Por favor, nos ajudem, precisamos de água”, imploram (veja as imagens acima).

Lideranças da aldeia afirmam que a água é contaminada por agrotóxicos, pois o riacho corta lavouras de soja e milho no entorno da reserva. Entretanto, é a única fonte para garantir o mínimo para a subsistência dos moradores. “A falta de água em nossa aldeia é crônica, lamentável isso”, afirmou hoje ao Campo Grande News o capitão da Bororó, Dinho Arévalo.

Na Jaguapiru, segundo o vice-capitão Ivan Cleber de Souza, o “Tainha”, a população enfrenta falta de água há vários anos, mas nos últimos dias, com temperaturas beirando os 40 graus, a situação se agravou.

Água levada por caminhão-pipa é colocada em reservatório na Jaguapiru (Foto: Divulgação)
Água levada por caminhão-pipa é colocada em reservatório na Jaguapiru (Foto: Divulgação)

“A coisa está feia aqui. Tem um caminhão-pipa e uma caminhonete entregando água, mas nunca é suficiente para atender todo mundo na nossa aldeia. Eles vêm duas, três vezes na semana. Para não passar sede, os moradores continuam pegando água na mina”, disse a liderança.

Em janeiro deste ano, o Campo Grande News percorreu as aldeias de Dourados e mostrou o drama enfrentado pela maioria dos 20 mil moradores, sem água tratada.

Após a repercussão, o Governo do Estado criou grupo de trabalho e equipes da Sanesul fizeram levantamentos e algumas medidas paliativas, mas o problema nunca foi totalmente resolvido.

“Fizeram extensões de rede e algumas mudanças, mas a vazão dos poços baixou muito e agora estão praticamente secos”, afirmou o vice-capitão.

A Sanesul foi procurada sobre o assunto. Através da assessoria de comunicação, informou que vai se manifestar em breve.

Por maio da assessoria de imprensa da Sanesul, o governador Eduardo Riedel (PSDB) informou que convocou a empresa a fazer um diagnóstico sobre a situação na reserva indígena. “Em que pese a responsabilidade do governo federal com as aldeias indígenas, o governador, sensibilizado com a situação, convocou a Sanesul para fazer um diagnóstico e prover solução técnica para acabar com a falta d’água. Com a proposta técnica pronta, Eduardo Riedel está solicitando os recursos junto à União para a solução definitiva, pois tanto o Governo do Estado, quanto a Sanesul, não podem intervir no território indígena”, diz a nota.

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