Comer bem pode elevar até quatro vezes o valor da compra no mercado
Campo Grande está no hall das capitais com o maior número de obesos do Brasil, porém, em contrapartida, a demanda de alimentos orgânicos aumentou. Isso indica que os campo-grandenses estão mais preocupados com a saúde. Mas será que manter uma alimentação saudável é acessível ao bolso de qualquer cidadão?
Para se ter ideia, o preço de um saco de 2 quilos de açúcar refinado, por exemplo, não passa de R$ 3, enquanto o valor de 1 quilo do orgânico custa quase R$ 5. De acordo com o gerente de agronegócio do Sebrae, Marcos Rodrigo de Faria, comer bem pode elevar em até quatro vezes o valor da compra no supermercado.
No que se refere aos produtos orgânicos, mas que não deixam de ser industrializados, a nutricionista e proprietária das franquias Mundo Verde, em Campo Grande, Shirleyde Guimarães, afirma que a diferença no custo é porque o produto ainda não tem demanda alta.
“Tudo o que se populariza, barateia o custo, se ganha na quantidade, e em Campo Grande ainda não há volume de consumidor para isso”, pontua Shirleyde.
Em Campo Grande não há dados estatísticos que mostrem quantas lojas especializadas em produtos orgânicos existem, mas, de acordo com a proprietária da Mundo Verde, o mercado expandiu de 2010 para cá, e isso ela sentiu pela concorrência, que hoje é maior.
Shirleyde afirma que o crescimento não foi apenas em relação ao número de lojas, pois hoje em dia produtos naturais também são encontrados com mais facilidade na prateleiras de supermercados.
In natura – Por outro lado, os produtos in natura, como verduras, hortaliças e legumes, podem até ser encontrados com o preço mais acessível, mas ainda assim custam de 10 a 15% mais caro do que os cultivados com agrotóxicos, conforme explica Marcos.
A justificativa para o custo alto é simples: não há produção o suficiente em Mato Grosso do Sul para atender a demanda de supermercados e até mesmo de restaurantes da região, por isso, a maioria dos produtos orgânicos comercializados em Campo Grande são importados de outros estados do Brasil, o que encarece o produto para o consumidor final.
Ainda de acordo com o gerente de agronegócio, a procura por produtos orgânicos nos supermercados da Capital é grande, mas os produtores não conseguem, ainda, suprir a exigência.
“É necessário volume, padrão e frequência, sem cumprir esses três itens, não há como o produtor atender ao mercado, por isso os produtos ainda vêm de fora do Estado”, explica marcos.
Além dos supermercados, os produtos in natura podem ser encontrados na feira orgânica realizada aos sábado, na Praça do Rádio Clube, em Campo Grande.
Mais saudável – A diferença dos produtos orgânicos está na quantidade de nutrientes que eles trazem e ausência de agrotóxico, conforme explica a nutricionista Paula Saldanha.
“Os produtos orgânicos devem fazer parte da rotina de qualquer um, e o campo-grandense agora que está despertando o interesse por este tipo de alimentação, com mais fibra de boa qualidade, sem glúten”, analisa Paula.
E isso também é um dos fatores que encarece os produtos orgânicos, pois o manejo é muito mais trabalhoso. “O veneneiro joga o produto e vai embora, enquanto o orgânico o produtor preciso cuidar de perto, exige dele mais cuidado e mão de obra, além de ser uma técnica nova, todos esses fatores eleva o custo do produto orgânico”, explica o gerente de agronegócio do Sebrae.