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Artes

Humberto Espíndola completa 50 anos de carreira agradecendo à "fada madrinha"

Naiane Mesquita | 06/06/2015 07:12
Há 50 anos, Humberto fez o primeiro quadro já buscando a carreira como artista plástico (Foto: Jana Pessoa)
Há 50 anos, Humberto fez o primeiro quadro já buscando a carreira como artista plástico (Foto: Jana Pessoa)

Guardada em um cantinho da memória coletiva de praticamente todos os ocidentais está a imagem de uma fada madrinha capaz de mudar para sempre o seu destino. Inconsciente ou não, o primeiro quadro considerado o pontapé inicial da carreira de Humberto Espíndola é referente a esse ser mitológico que aparece em quase todos os nossos contos contemporâneos.

“Realmente essa fada se tornou uma fada madrinha e só agora que eu liguei com a história toda. Nunca me atentei a isso e ultimamente eu comecei a refletir, esse foi o primeiro quadro que eu levei a sério. Acho que o lúdico faz parte dos artistas”, acredita Humberto.

O quadro Fada foi o pontapé inicial da carreira do artista plástico
O quadro Fada foi o pontapé inicial da carreira do artista plástico

A reflexão sobre o primeiro quadro não surgiu à toa. Humberto foi homenageado em maio durante uma exposição de das colecionadoras Erika Abdala e Patricia Oliveira na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, em comemoração aos 50 anos de carreira, data em que pintou o quadro “Fada”.

“Eu resolvi pintar essa mulher de olhos grandes, que tinha um cabelo amarelo em um fundo azul, enfim tinham aquelas cores que eu achava que eram as cores de Van Gogh”. Admirador confesso do pintor e do expressionismo, Humberto começava a produzir quadros originais que seguiam as cores e as inspirações dos grandes mestres da época.

Com a precisão de quem já contou a mesma história um milhão de vezes, Espíndola não perde a calma ao relembrar a sua trajetória artística. Dos primeiros quadros que pintou com a ajuda de um professor aos 13 anos e que o fez ter a primeira crise de autocrítica até a bovinocultura, tudo é pincelado em menos de 20 minutos. “Essa história já está em muitas biografias”, ri.

Mesmo assim, ele confessa que ver um pouco da vida refletida em uma mostra com 60 quadros conseguiu o surpreender. “A exposição era desde a década de 70 até a atualidade e estava maravilhosa. Fiquei muito feliz, foi uma homenagem chamada Travessia, que dá o sentido de uma atravessada em cima do meu percurso, não chegou a ser em ordem cronológica, não havia uma curadoria. Me surpreendeu muito porque nem eu esperava festejar os 50 anos do meu primeiro quadro”, explica.

Humberto ao lado da amiga Aline Figueiredo durante a exposição comemorativa de 50 anos do artista em Cuiabá
Humberto ao lado da amiga Aline Figueiredo durante a exposição comemorativa de 50 anos do artista em Cuiabá

Tamanha surpresa pegou muita gente desprevenida. Por causa da exposição divulgada no Facebook do artista plástico foram feitos vários pedidos de entrevista e há rumores de novas homenagens, quem sabe agora em Mato Grosso do Sul, já que o estado vizinho saiu na frente.

Para Humberto, essa rixa entre Cuiabá e Campo Grande, não tem importância. “Lá eu tenho um público muito grande, as duas cidades para mim, no meu coração são iguais, estão muito equilibradas. Lá tenha talvez mais quadros na parede do que aqui, não sei também. Fiz muitos quadros aqui, tudo é muito equilibrado”, argumenta.

Nem mesmo em casa Humberto guarda muitas produções. Na sala onde o Lado B foi recebido pelo artista e que futuramente será um espaço destinado a pequenas exposições tem pouca produção, todas da fase da bovinocultura e duas totalmente impactantes. A primeira parte de uma instalação com grandes e imponentes chifres, a outra um dos quadros mais famosos de Humberto, onde um boi divide o espaço com a bandeira do Brasil.

Ambos são do início da carreira, na década de 70, quando Humberto criou e desenvolveu o termo bovinocultura. “Está cada vez mais atual, mais forte. Foi uma coisa da sociedade do boi, sociedade da bovinocultura, que cresceu ainda mais, tem um poder econômico muito grande em vários estados, se formou commodities da carne. Desenhei de tudo, flores, Corumbá, casais, mulheres, mas sempre com o boi ali. É algo do início da carreira e que permanece até hoje”.

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