A vida só vale quando é sua e Clóvis desmonta ideia de sucesso
Para o filósofo, o encantamento consigo mesmo é um dos caminhos para a felicidade
“A vida vale a pena quando você torce para ela não acabar. A vida que vale a pena ser vivida é, necessariamente, a sua.” A frase, dita pelo filósofo e professor Clóvis de Barros Filho, parece simples, mas é daquelas que colocam quem escuta para pensar. Inclusive, esse é exatamente o propósito dele, tentar explicar o que faz uma vida realmente valer a pena.
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O filósofo e professor Clóvis de Barros Filho apresentou reflexões sobre felicidade e realização pessoal durante o EmpreendeFest. Em sua palestra, destacou a importância do autoconhecimento e do encantamento pela própria existência como elementos fundamentais para uma vida que vale a pena ser vivida. Para Barros Filho, ter propósito e não esperar pela completude são aspectos essenciais. O filósofo também diferenciou sucesso de realização, alertando que prosperidade material e reconhecimento não garantem felicidade. No contexto empresarial, defendeu que empreendedores devem buscar beneficiar a sociedade, além do próprio enriquecimento.
Para ele, um dos segredos é o encantamento pela própria existência, que cada ser precisa nutrir em si. Entre provocações e exemplos do dia a dia, ele trouxe à tona reflexões sobre felicidade, ética pessoal e o engano de confundir sucesso com realização, durante sua participação no EmpreendeFest nesta quarta-feira (1º).
O explicador, como gosta de ser definido, lembrou que não existe fórmula nem protocolo que responda à pergunta sobre qual vida deve ser vivida, mas que algumas coisas, como ter um propósito e não esperar pela completude, ajudam a começar o caminho.
“Você fica dependente do que o mundo oferece se não tem propósito. Quando você tem, assume que quem manda na sua vida é você, não fica mais ao acaso esperando. Se você espera uma vida de completude para ser feliz, não vai acontecer. Não há possibilidade de satisfação absoluta porque sempre há desejo, e o desejo é pelo que falta.”
Segundo ele, é indispensável um mergulho em si mesmo para reconhecer o que é relevante, valioso e inegociável em cada trajetória. Uma das coisas que, de acordo com o filósofo, podem tornar a jornada de autoconhecimento menos difícil é se encantar por si próprio, se ver e se valorizar.
“Desde que nasci, estou sempre comigo. Hoje acordei comigo, peguei o avião comigo, almocei comigo e vou dormir comigo. O resto muda. A única coisa que não muda é que estarei sempre aqui. Seria melhor que houvesse um certo apreço por estar consigo mesmo. Viva sua vida. Experiencie. Você é o maior conhecedor de si mesmo. Com sabedoria e conhecimento, esse é o caminho.”
Para ele, esse encantamento nasce quando alguém reconhece a relevância do que faz e busca uma certa excelência. Aqui, ele não fala necessariamente sobre trabalho, mas sobre o que se faz na vida de forma geral.
“Enquanto você estiver empurrando com a barriga, fazendo menos do que sabe que pode, é difícil gostar do próprio desempenho. E se você não gosta de você, fica mais difícil se apreciar. Eu penso que, quando você tem uma genuína admiração por aquilo que faz, quando você se acha uma pessoa relevante, você começa a ter mais apreço por estar consigo mesmo.”
Clóvis comenta que as pessoas sabotam constantemente o prazer, que é um dos pontos-chave para viver uma boa vida. “Propósito, desejo, prazer. O desejo movimenta, prazer é calmaria. E tendo prazer, estamos plenos.”
Outro assunto trazido durante a palestra é a diferença entre sucesso e realização. Para o filósofo, muitas das pessoas vistas como bem-sucedidas e ricas que desistiram de viver são exemplos de que felicidade não tem a ver com dinheiro ou aplausos.
“Se você sai na rua e pergunta o que tem de acontecer na vida para ela ser considerada bem-sucedida, você vai ver que quase todas as respostas entram em duas caixinhas: a prosperidade — ou seja, o aumento do conforto material — e o reconhecimento — notoriedade, celebridade, aplausos, seguidores. Não há nenhuma garantia de que uma pessoa rica e famosa seja uma pessoa feliz.”
Saindo da filosofia e entrando no mercado de trabalho, Clóvis acrescenta que um dos maus hábitos no meio do empreendedorismo é acreditar que a única coisa que importa é o próprio enriquecimento.
“Quanto mais ele tiver uma visão contributiva da sociedade, quanto mais entender que a sua iniciativa, que envolve mais gente, deve beneficiar mais gente além de si mesmo, eu diria que ele se sentirá mais relevante. A busca da própria prosperidade é muito pouco para tanto esforço. E por isso deveríamos começar a pensar no empreendedor não apenas como alguém que resolve a sua própria vida, mas como alguém que ajuda muita gente a resolver a própria vida também. E aí eu acho que tudo fará mais sentido.”
O EmpreendeFest 2025 é promovido pelo Sebrae-MS e acontece no Shopping Bosques dos Ipês. O evento reúne palestrantes de destaque nacional, entre eles Clóvis de Barros e Zico, que palestraram nesta quarta-feira (1º). Deborah Secco e Laís Souza sobem ao palco nesta quinta-feira (2). A entrada é gratuita.
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