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Comportamento

Admita que a "culpa" é sua e em 2017 pare de se fazer de vítima

Paula Maciulevicius | 03/01/2017 06:10
Cena do filme "10 Coisas que Odeio em Você".
Cena do filme "10 Coisas que Odeio em Você".

Da série "como ser uma pessoa melhor em 2017", o Lado B escolheu começar a primeira semana do ano falando sobre alguns problemas que acabam com as relações. De saída, a gente decidiu conversar sobre "vitimização", atitude enraizada em nós mesmos, que pode ser confundida com mania de perseguição.

Mas como identificar o fato de que já atingimos este estágio e trabalhar para mudar isso? Para nos ajudar a entender como sermos menos vítimas e mais responsáveis pelos nossos atos, entrevistamos a psicóloga Abigail Lago Saling.

É importante pontuar o que é vitimização. Segundo o dicionário, é o ato ou efeito de se transformar em vítima. "A auto vitimização ocorre quando o indivíduo não tem mais argumentos para justificar suas atitudes e assim acaba por se utilizar desse recurso na tentativa de não ter de se responsabilizar pelo próprio sofrimento emocional", explica Abigail. E isso vale tanto para o contexto empresarial como no social. Na prática é colocar a “culpa” dos seus problemas no outro ou na sociedade.

E o que leva a gente a se fazer de vítima?

O efeito pode passageiro, causado por um acontecimento traumático que desencadeia a vitimização até a pessoa conseguir superar o ocorrido. "No entanto, permanecer nessa condição é uma escolha do indivíduo", afirma Abigail.

O óbvio muitas vezes é difícil de enxergar e a psicoterapia pode ser um dos caminhos, defende Abigail.
O óbvio muitas vezes é difícil de enxergar e a psicoterapia pode ser um dos caminhos, defende Abigail.

Cada pessoa apresenta o seu jeito de se vitimizar, não existe, segundo a psicóloga um padrão.

No geral, o indivíduo sempre acha que os outros são responsáveis pelo que lhe acontece de ruim. "O que mais se evidencia é: não me responsabilizo com o que acontece comigo, os outros que provocam a minha tragédia", descreve Abigail. 

A especialista discorre que as pessoas que se vitimizam têm baixa autoestima, pensamento negativo e um comportamento de co-dependência. "Não percebem que elas próprias, de maneira inconsciente estabelecem padrões e condições para que acabe acontecendo o que não querem", explica.

O óbvio, muitas vezes, é a verdade mais difícil de se enxergar, por isso que a gente consegue ver a vitimização do outro, mas não a nossa e Abigail explica o porque. "Dar-se conta e assumir suas dificuldades nem sempre é um processo fácil, exige determinação e vontade de mudar hábitos e atitudes", diz.

E mesmo se percebendo, ainda é difícil quebrar esse círculo e reagir diante da constatação. Em muitos momentos, a terapeuta explica que precisamos dispor de recursos para enfrentar situações difíceis.

"Em Gestalt terapia chamamos esses recursos de ajustamento criativo, que é uma solução para satisfazer aquela necessidade, naquele momento. No entanto quando o indivíduo se aliena da realidade e não consegue identificar suas reais necessidades, se mantém nessa postura por acreditar que é a melhor forma. Acaba sendo uma maneira de ser no mundo, com ganhos e perdas", observa.

Fazer psicoterapia é um caminho para o autoconhecimento e pode ser a chave para quebrar a prática. "Um dos objetivos da psicoterapia é levar o paciente a perceber esse comportamento de negatividade de si mesmo, atribuindo suas dificuldades e fracassos a condições externas e não uma consequência infligida por si", aconselha a psicóloga. 

Ninguém deixa de se vitimizar da noite para o dia, mas aceitar e se responsabilizar pela própria vida é a base para a mudança desse comportamento. "Pessoas que se utilizam da vitimização, necessitam de atenção, o que acaba reforçando esse comportamento. Buscar ajuda profissional é a melhor maneira para modificar esse processo", fala.

No divã - No processo de psicoterapia, o indivíduo aprende a se perceber, ou seja, perceber suas atitudes, se dar conta de seu comportamento, do “para que” age assim.

"Então, a pessoa vai, no tempo dela, assumindo a responsabilidade por sua vida. Criando e buscando respostas e novas possibilidades para seus problemas  e ao fazer esse movimento, o indivíduo retira de si a vitimização ilógica e fantasiosa de que não tem nenhuma responsabilidade por seu sofrimento, e passa a agir em sua própria defesa e crescimento emocional". 

Se vitimizar só termina quando assumimos a responsabilidade das escolhas na vida, e deixamos de culpar os outros por nossos erros e fracassos. Ainda que a vítima não seja você e sim alguém próximo, vale o mesmo: "não dar atenção a esse comportamento ajuda e não reforça a atitude", sustenta Abigail. Sugerir ajuda profissional, é o melhor caminho.

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