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Comportamento

Cidade agora tem o "Dia do Bairro Amambaí", mas seus moradores nem sabiam

Paula Maciulevicius | 06/06/2015 07:34
De ruas largas e muitas árvores, é possível encontrar tranquilidade, mesmo estando tão próximo do Centro. (Foto: Marcos Ermínio)
De ruas largas e muitas árvores, é possível encontrar tranquilidade, mesmo estando tão próximo do Centro. (Foto: Marcos Ermínio)

A homenagem vem ao bairro, mas quem se sente privilegiado são os moradores. Quem fez e ainda faz história em uma das mais antigas regiões de Campo Grande. Sancionada nesta semana a lei que cria o Dia do Bairro Amambaí instituiu como data o mês de dezembro. Ainda tem chão até lá, ninguém sabia da motivação da reportagem, mas nas calçadas das ruas a comemoração começa agora.

De ruas largas e muitas árvores, é possível encontrar tranquilidade, mesmo estando tão próximo do Centro. De longe se avista um senhor que já caminha devagar, talvez pela idade, ou porque não tenha pelo que se apressar. Ao chegar no muro de casa, abre o portão e um sorriso para a equipe. Ali tem história.

Libanês, Jean Khalaf tem 78 anos, 3 décadas no Brasil e 14 anos no bairro Amambaí. Já aposentado, a profissão era voltada à marcenaria, mas num passado um pouco mais distante, ele conta ter sido algo como Ministro da Guiné nos Estados Unidos, um trabalho na embaixada do País.

Libanês, seu Jean encontrou moradia no Amambaí há 14 anos. (Foto: Marcos Ermínio)
Libanês, seu Jean encontrou moradia no Amambaí há 14 anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Depois que teve o apartamento incendiado por conta da guerra, ele decidiu trocar o Líbano pelo Brasil. Em Campo Grande, a escolha pelo bairro se deu por conta do comércio que manteve ali próximo, na Avenida Bandeirantes. "Eu gosto muito do bairro e aqui, todo mundo também gosta de mim". Além de abraçar a região, ele se sente abraçado pelas ruas do Amambaí.

Nascida e criada ali, Cleonice dos Santos tem 54 anos de vida e história do bairro e se sente tão homenageada quanto a região. "Conheço de olhos fechados isso aqui. Ali mora a dona Celsa, ali morava fulano.." enumera. Questionada se gosta de onde vive, ela diz que não encontra respostas para explicar o amor.

"É minha aqui, aqui que eu me vejo. Não saio daqui para canto nenhum. O meu avô foi um dos fundadores aqui", comenta. Sobre a homenagem, com data específica, ela resume que se sente abraçada. "É pra gente, os moradores. Eu me sinto muito homenageada. Nunca aconteceu isso aqui".

Cleonice defende homenagem pra si e para todos. (Foto: Marcos Ermínio)
Cleonice defende homenagem pra si e para todos. (Foto: Marcos Ermínio)

A história que ela ouviu da mãe foi de que o avô era africano, se casou com a avó dela e construiu as casas para todos os filhos, onde hoje habitam os netos.

Dona Celsa, a senhorinha citada por Cleonice, se abre toda para falar do bairro onde chegou aos 4 anos. Hoje, com 76 anos, diz que o dia se resume a homenagear duas famílias: Paré e Paes. "Aqui era tudo uma chácara só, a quadra toda fechada para o gado arrendado. O que ficou daquela época? Nada. Não ficou nada, mudou tudo". E no mesmo instante, Celsa Paes de Araújo, se lembra de um episódio que a fez voltar no tempo. No relato à filha, descreve que o vizinho novo, duas casas à frente, a cumprimentou dia desses.

"Ele falou bom dia vizinha. Eu não sabia quem era e se apresentou, apresentou a esposa e disse que era o novo vizinho"... Um novo homenageado e sinal de que nem tudo mudou tanto assim. 

Dona Celsa, a senhorinha de 76 anos se abre toda para falar do bairro onde chegou aos 4 anos. (Foto: Marcos Ermínio)
Dona Celsa, a senhorinha de 76 anos se abre toda para falar do bairro onde chegou aos 4 anos. (Foto: Marcos Ermínio)
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