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Comportamento

Corredor de amigos é força para Maria, que descobriu o câncer aos 20 anos

Após visita do cantor Munhoz, Maria deixou hospital com homenagens da Polícia Civil, Militar, Samu e Guarda Municipal

Thailla Torres | 20/12/2019 06:10
Corredor de amigos feito no hospital onde ela passou 40 dias. (Foto: Messias Ferreira)
Corredor de amigos feito no hospital onde ela passou 40 dias. (Foto: Messias Ferreira)

Algumas histórias são boas de contar e outras ainda melhores pela emoção e bom humor dos personagens, que até quando estão nos momentos mais difíceis da vida sabem sorrir e fazer o olho de qualquer um lacrimejar. Na manhã de ontem (19), a estudante Maria Eduarda Gonçalves protagonizou uma dessas histórias.

Na saída do Hospital Cassems Campo Grande, amigos, familiares e profissionais da saúde emocionaram a estudante e quem estava por perto ao formarem um corredor humano para homenageá-la, uma homenagem à menina sorridente que, aos 20 anos, foi diagnostica com leucemia e passou 40 dias hospitalizada.

Maria recebeu o carinho de profissionais antes de deixar o hospital. (Foto: Thailla Torres)
Maria recebeu o carinho de profissionais antes de deixar o hospital. (Foto: Thailla Torres)

Há cerca de um mês, a estudante de cursinho que sonha em fazer Medicina, descobriu a doença. Cansaço, fadiga e hemorragia foram alguns dos sintomas que levaram Maria, carinhosamente chamada pelos amigos de Madu, ao hospital.

“Meu quadro já estava grave e o médico deu um pré-diagnóstico para iniciar o tratamento de imediato. Na mesma semana recebemos o diagnóstico final de leucemia mieloide aguda. Foi um baque. A primeira coisa que eu fiz? Eu chorei. Mas só no primeiro dia”, contou Maria.

Maria e a família nunca tinham enfrentado um desafio tão grande. Nos últimos meses, ela e a mãe falaram muito de câncer dentro de casa, sobre tratamento, superações e histórias de vida. “Minha mãe tem um programa de rádio e nos últimos meses falávamos muito sobre o ‘Outubro Rosa’ e o ‘Novembro Azul’ com especialistas, era um assunto recorrente dentro de casa, mas a gente nunca se imagina dentro da situação”.

A ideia de homenagear Maria na saída do hospital veio da família, especialmente do pai, Marcílio, que é policial civil e contou com uma grande rede de apoio quando a filha precisou de transfusão de sangue durante o tratamento. “Eles fizeram uma grande campanha e foram doar só para ajudá-la”, lembrou o pai emocionado.

Visita do cantor Munhoz. (Foto: Messias Ferreira)
Visita do cantor Munhoz. (Foto: Messias Ferreira)
Carinho do pai, que é policial civil. (Foto: Thailla Torres)
Carinho do pai, que é policial civil. (Foto: Thailla Torres)
Madu ao lado da equipe de enfermeiras do hospital. (Foto: Thailla Torres)
Madu ao lado da equipe de enfermeiras do hospital. (Foto: Thailla Torres)

A homenagem foi realizada por amigos, familiares, funcionários do hospital e equipes da Polícia Civil, Polícia Militar, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Guarda Civil Municipal. Eles formaram um corredor gigantesco para recepcionar Maria na nova fase. Com diversas palmas e sorrisos, a menina deixou o hospital na cadeira de rodas emocionada e sem tirar do rosto. “Estou muito feliz”, disse. “Isso faz a gente se sentir muito amada”.

Essa foi a segundo homenagem à Maria durante o tratamento. Dias antes da alta, quem apareceu no quarto do hospital para uma visitinha especial foi o cantor Munhoz, da dupla com Mariano. Ele surgiu a pedido de amigos que sabiam da admiração da menina pelo talento e carisma da dupla. “Quando ele apareceu eu fiquei muito feliz. Conversamos sobre a vida, o meu futuro e o tratamento. Ver que ele tirou um tempinho só pra me ver me fez lisonjeada, e ele provou ser uma pessoa muito simples”, diz.

Maria Eduarda diz que sempre foi sorridente e a piadista. Ainda no corredor do hospital brincou várias vezes para ninguém fazer foto sem que antes ela arrumasse os cabelos, quebrando o gelo com quem sente receios de perguntar sobre a careca.

Após homenagem, ela posou para fotos com amigos e pessoas que foram ao hospital para homenageá-la. (Foto: Thailla Torres)
Após homenagem, ela posou para fotos com amigos e pessoas que foram ao hospital para homenageá-la. (Foto: Thailla Torres)

Aliás, a perda dos cabelos teve dose extra de emoção. Maria admite que os cabelos longos era o que ela mais gostava do corpo. “Quando veio a doença pensei que poderia perde-los e isso me deixou bastante emocionada”. No entanto, antes que as primeiras mechas caíssem por causa da quimioterapia, ela cortou as madeixas e doou a cabeleira. Dias depois, após o tratamento o que tinha ficado começou a cair.

“Foi quando eu decidi raspar. Minhas amigas vieram para raspar comigo. Cada uma raspou um pouquinho e aquele momento se tornou muito especial, será lembrado para sempre com mais alegria do que tristeza”.

Na entrevista, a voz faltou várias, devido o cansaço, mas Maria conseguiu dizer que “não importa a doença, o desafio, eu resolvi me agarrar naquilo que eu acredito e viver. Se eu vivi até os 20 anos com a minha fé, não é agora no momento mais difícil da minha vida que eu vou desistir”.

Sincera, ela também não romantiza a doença. “A tristeza e o medo batem na porta diariamente. Não posso dizer que é fácil. O decorrer do tratamento é doloroso, um pouco cansativo e faz a gente ter muita saudade da rotina”. Mas ela garante que nada supera a esperança. “A vontade de viver é maior do que tudo. O apoio incondicional da minha família, especialmente dos meus pais, me torna uma pessoa mais forte. Eu não sei o dia de amanhã, mas hoje tenho certeza que quero continuar vivendo e farei o melhor para isso”.

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