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Comportamento

Pai acreditou que havia perdido a filha até que Mariana sorriu novamente

Thailla Torres | 03/07/2017 06:15
Mariana emociona o pai com a primeira palavra desde que saiu do coma.
Mariana emociona o pai com a primeira palavra desde que saiu do coma.

Quase impossível não se emocionar com o olhar de Valdemir sobre a filha Mariana Cesco. Principalmente, ao ver o sorriso da jovem de 22 anos que viveu momentos de angústia, após 4 convulsões, até hoje sem respostas, que a deixaram um ano em coma. O pai que escutou dos médicos que a filha ficaria para sempre em cima de uma cama, hoje se emociona ao lembrar do sorriso e da primeira palavra desde que ela voltou.

Antes de tudo acontecer, Valdemir Paulino da Silva, de 62 anos, foi um pai resistente a deixar a filha nascida com paralisia cerebral trabalhar tão cedo. Apesar de Mariana sempre ter levado uma vida normal, aos 19 anos, ela fez questão de arrumar um emprego enquanto estava na faculdade.

"Eu sei que a paralisia nunca atrapalhou as atividades dela, mas era só preocupação de pai. Aquele medo que faz o coração apertar sabe. No fim, a irmã dela acabou me convencendo que ela tinha que fazer o que desejava e acabei entendendo. Ela estava no  quarto semestre de Ciências Contábeis quando a nossa vida mudou totalmente", recorda o pai. 

Pai se emociona ao lembrar da primeira palavra da filha. (Foto: Marcos Ermínio)
Pai se emociona ao lembrar da primeira palavra da filha. (Foto: Marcos Ermínio)

Mariana, à época, passou a trabalhar em uma rede de fast-food na cidade, depois do primeiro currículo entregue. O ritmo de trabalho intenso somava com o estudo. Eram poucas horas para dormir e o descanso foi deixado de lado. Foram exatos 30 dias de trabalho quando Valdemir levou a filha inconsciente para o hospital.

"Ela teve uma, duas, três e na quarta convulsão entrou em coma. Foram 26 dias desacordada, ela perdeu toda massa muscular e chegou aos 22 quilos. Os médicos disseram que ela não iria andar e nem falar mais", conta Valdemir, que chegou a pensar que havia perdido a filha.

Do tempo de internação, ele diz que rezou para que a notícia dos médicos fosse outra. "Foi um momento muito difícil pra mim, perdi a mãe dela em 2008 e sozinho só ficava pensando quando teria minha filha de volta", descreve.

Mariana sobreviveu as convulsões, mas sem uma resposta do porquê isso havia acontecido com ela. Sem falar, e andando após algumas sessões de fisioterapia, a alta do hospital veio poucos dias depois.

A rotina foi readequada, Mariana deixou a faculdade e a rotina de tratamentos aumentou para que ela voltasse a andar com facilidade. Mas desde a entrada no hospital, até o dia que a filha chegou em casa, Valdemir esperava por uma única palavra, que cheia de sorriso Mariana faz questão de descrever. "Eu falava com os olhos para que eles entendessem o que eu queria e quando eu consegui falar minha primeira palavra foi pai", diz.

Hoje Mariana sonha em andar normalmente.
Hoje Mariana sonha em andar normalmente.

Ao ouvir a narração da filha, Valdemir não contém a emoção. "Era uma das coisas que eu mais sonhava e hoje eu continuo sonhando por ela. Ouvir que ela não viveria mais foi muito doloroso e hoje minha pequena está aqui, falando mais que tudo mundo", diz o pai sem nenhuma pretensão de esconder a felicidade.

Mas ainda sem respostas, a saúde da filha intriga a família. "A paralisia nunca impediu nada, mas os médicos não souberam explicar o que levou a essas convulsões e isso é algo que deixa todo mundo apreenssivo", diz.

A jovem que hoje sorri, conversa e fica em pé com auxílio de um andador, é cheia de sonhos e acredita que sua história tem dose alta de superação. "Ainda não gosto de pensar que entrei no hospital normalmente e sai sem andar do jeito que eu era. Acho que superei muita coisa, tento estar feliz sempre, mas só eu sei o que eu passo", explica.

A rotina com o tratamento é cheia de atividades. Mariana faz fisioterapia, tem acompanhamento com fonoaudióloga, psicóloga e sessões de equoterapia, tudo pelo desejo de andar novamente. "Hoje meu único e maior sonho é andar. Depois voltarei a faculdade e trabalharei. Apesar de tudo que aconteceu, eu nunca vou deixar de trabalhar, porque é o que eu mais desejo", declara.

Hoje o que pai guarda com ele é reflexo do sorriso que ele viu novamente. "Seja qual for o sonho dela, meu esforço é ver ela andar e  fazendo tudo do jeito que ela sempre sonhou", diz.

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Pai e filha. (Foto: Marcos Ermínio)
Pai e filha. (Foto: Marcos Ermínio)
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