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Comportamento

Professora cria Preta Princesa para dar fim a exclusão em sala de aula

Andreia conta que viu necessidade de levar a representatividade para o cotidiano dos alunos

Aletheya Alves | 16/08/2022 11:51
Andreia se transforma em Preta Princesa durante suas aulas. (Foto: Diogo Ajala/Semed)
Andreia se transforma em Preta Princesa durante suas aulas. (Foto: Diogo Ajala/Semed)

Professora da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Ivone Calarge Zahran, Andreia Souza Cássio resolveu criar a personagem Preta Princesa há 5 anos para levar representatividade no ensino sobre história e cultura afro-brasileira. Com vestido e coroa garantidos, a aula é tomada por histórias, danças e cantigas que fazem os olhos dos alunos brilharem.

“Eu trabalhava na Emei do Tia Eva e fazia leitura de histórias. Lá comecei a perceber que algumas crianças se pareciam comigo, mas que nós não parecíamos com as histórias. Então um dia tive a ideia de ir de princesa”. Como a pedagoga explica, ela viu que precisava recriar o cotidiano ali mesmo e, desde então, a Preta Princesa aparece nas aulas.

Sobre a estratégia em sala de aula, Andreia detalha que começou usando seu vestido de formatura e emprestou uma coroa de sua mãe. “Comecei a contar as histórias para eles e percebi que os olhos deles brilhavam. Desde então comecei a pensar que o caminho era por ali”.

Hoje, além de se vestir de princesa, Andreia também leva uma boneca, que entra nas histórias como sua filha.

Assim como viu as crianças felizes, ela explica que se sentiu bem por si mesma. Isso porque quando era ela quem estava na posição de aluna, não via ações parecidas com a dela.

Boneca é levada para integrar a contagem de histórias. (Foto: Diogo Ajala/Semed)
Boneca é levada para integrar a contagem de histórias. (Foto: Diogo Ajala/Semed)

“No início eu fiz uma recontagem na história da princesa Tiana, então transformei em A Princesa, o Sapo e o Pandeiro. Inseri o instrumento musical porque toco e fui adaptando as cantigas para não fugir da temática”, explica Andreia.

Depois de criar a princesa, a pedagoga percebeu que precisava estudar sobre o tema e entrou em uma pós-graduação de Cultura Afro-Brasileira. “Fiz para ter embasamento e conseguir falar sobre. Como sou filha de Mãe de Santo, sempre tivemos o entendimento, mas precisamos desmistificar as coisas que são passadas para a gente”.

Ela comenta que sempre teve essa educação em casa, mas não aprendeu sobre como poderia levar os conhecimentos para casa. “Minha mãe me educou para isso. Sempre soube que eu era uma mulher negra e ainda tenho dois filhos. Acho que é importante levar essa educação e desde então estou trilhando esse caminho”, diz

Além de garantir a representatividade dentro de sua própria sala de aula, a professora também faz participações especiais com colegas. “Todo lugar que vou, tento levar. Quando colegas me convidam também vou e acho importante destacarmos que isso precisa entrar nas políticas públicas”.

Pedagoga também participa de aulas de outros colegas. (Foto: Diogo Ajala/Semed)
Pedagoga também participa de aulas de outros colegas. (Foto: Diogo Ajala/Semed)

Em relação à importância de contar histórias sobre o povo negro e mostrar para as crianças que existem pessoas de todos os tipos e todas as cores, ela argumenta que tais ações refletem tanto nelas quanto nos adultos.

“A gente acha que os pequenos não sofrem com racismo e preconceito, mas sofrem sim. E decidi colocar o nome de Preta Princesa não pelas crianças porque elas não fazem essa distinção, mas porque elas replicam isso em casa”, comenta Andreia.

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