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Consumo

Mola de caminhonete e até arado se tornam facas nas mãos de João

Guarda conta que a segunda profissão começou há um ano, quando transformou a paixão por facas em trabalho

Aletheya Alves | 17/05/2022 07:40
João Paulo Cordoba Severo aprendeu o ofício de cutelaria há um ano. (Foto: Aletheya Alves)
João Paulo Cordoba Severo aprendeu o ofício de cutelaria há um ano. (Foto: Aletheya Alves)

Depois de passar uma vida admirando facas, João Paulo Cordoba Severo, de 41 anos, resolveu criar sua coleção com as próprias mãos e se dedicar à arte de fabricar instrumentos de corte. Hoje, um ano depois, o guarda civil metropolitano é especializado no novo ofício e transforma desde molas de caminhão até peças de arado em facas com estilos variados.

Tendo começado como um hobby, a profissão de cutelaria ganhou um espaço maior do que o esperado na vida de João, como ele explica. Isso porque, apesar de imaginar que o aprendizado seria aplicado apenas para seus interesses pessoais, até clientes de fora da cidade ele já fidelizou.

Facas são começaram a ser feitas para uso pessoal, mas hoje são comercializadas. (Foto: Aletheya Alves)
Facas são começaram a ser feitas para uso pessoal, mas hoje são comercializadas. (Foto: Aletheya Alves)

“Eu sou apaixonado por facas e, como muitos dos meus clientes, eu era um deles que não podia ver alguém vendendo faca que já ia atrás. Ficava encantado até que um dia contei para minha esposa que queria começar a fazer as minhas”, João diz.

João narra que a ideia surgiu após ele perceber o quanto gastava com as peças e começar a calcular se aprender a fazer as facas seria mais interessante do que comprar os itens prontos. “Pensava que se gastava R$ 300 em uma faca, poderia investir para ter quais eu quisesse”, conta.

Com algumas pesquisas na internet, o guarda decidiu comprar as primeiras máquinas que auxiliariam no processo artesanal de criação. O problema é que, conforme ele detalha, o conhecimento não foi suficiente e, por isso, o primeiro investimento deu errado.

“Comprei as máquinas que não eram apropriadas, até daria para fazer as facas com elas, mas seria muito mais complicado do que precisa ser. Depois, encontrei alguns colegas que sabiam sobre o assunto e passaram a me ensinar sobre como trabalhar”, explica.

Além das facas, João também produz itens para compor kit. (Foto: Aletheya Alves)
Além das facas, João também produz itens para compor kit. (Foto: Aletheya Alves)

Pouco tempo após começar a produzir as facas para si mesmo, ele resolveu anunciar alguns itens. Desde então, as encomendas continuam chegando e novos serviços como o de manutenção e recuperação passaram a surgir.

De acordo com o cuteleiro, por querer se aproximar ao máximo da criação a partir do zero para criar peças únicas, o trabalho acaba sendo mais complicado. Deste modo, desde o cabo até a lâmina são produzidos por ele.

Cabo, lâmina e detalhes são produzidos pelo guarda. (Foto: Aletheya Alves)
Cabo, lâmina e detalhes são produzidos pelo guarda. (Foto: Aletheya Alves)

Contando sobre o processo de criação, João narra que o primeiro passo é escolher qual material será utilizado na lâmina, podendo ser aço inox ou aço carbono. Conforme ele explica, o aço inoxidável é o mais conhecido, enquanto o aço reciclado é o mais diferente.

Na categoria dos reciclados estão materiais como o arado, molas de veículos como caminhões e carros, além de peças usadas em equipamentos de corte de asfalto. “É bacana, porque todos os materiais usados não geram desperdício se são cortados corretamente. Por exemplo, se sobram pedaços pequenos das placas, facas menores são feitas”, detalha.

Após o material da faca ser escolhido, João explica que é necessário decidir qual será o estilo da peça. Com isso em mente, um desenho é criado para a lâmina e outro para o cabo.

Pedaços de madeira são modelados para se tornar cabos. (Foto: Aletheya Alves)
Pedaços de madeira são modelados para se tornar cabos. (Foto: Aletheya Alves)

Com o aço sendo modelado conforme a dimensão escolhida por ele ou pelo cliente, uma peça de madeira também é transformada com auxílio apenas de uma máquina de corte. “Todos os processos passam pela imaginação, porque nada é feito de forma industrial. Então, cada faca fica diferente, não é possível fazer várias idênticas, apenas parecidas.”

Dependendo do estilo de cada peça, o tempo para criação pode ser menor ou maior, mas João conta que costuma demorar cerca de três dias, caso tenha todos os materiais em mãos.

Mesmo já estando mais acostumado com as peças, o guarda garante que continua apaixonado. Até porque, hoje, sua coleção não é mais fixa, mas rotativa. “Eu vendo todas as facas e, quando quero alguma, faço novamente. Então, se tenho 30 unidades, é essa minha coleção.”

Para conhecer mais sobre o trabalho de João, todos os estilos e opções produzidas por ele estão disponibilizados em seu perfil no Instagram, @cutelariajulipin.

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