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Meio Ambiente

Estudo alerta para período crítico de fogo na Serra do Amolar

Pesquisadores da UFRJ destacam importância da conservação na Rede Amolar para proteger biodiversidade

Guilherme Correia | 10/07/2023 10:45
Região da Serra do Amolar no período de seca, que tende a potencializar incêndios (Foto: Direto das Ruas)
Região da Serra do Amolar no período de seca, que tende a potencializar incêndios (Foto: Direto das Ruas)

No cenário deslumbrante da Serra do Amolar, pesquisadores do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) desenvolveram estudo sobre incêndios que ocorreram na Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar ao longo dos últimos 11 anos. Os resultados revelam ciclo recorrente de fogo nesta região do Pantanal, com indicativo alarmante de que o período mais crítico para incêndios começa em setembro.

No fatídico ano de 2020 - que registrou recorde no número de incêndios -, a Rede Amolar sofreu danos catastróficos em todo o seu território, que abrange uma área de 300 mil hectares e é composto por RPPNs (Reservas Particulares de Patrimônio Natural) e o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade. Esse corredor de biodiversidade é o lar de espécies emblemáticas como a onça-pintada, a ariranha, as antas e os tamanduás-bandeiras.

A proteção e conservação dessa área de alto risco desempenham papel fundamental na viabilização de um refúgio natural para diferentes animais que atualmente correm o risco de extinção.

Os pesquisadores do Lasa ressaltam que, historicamente, a região é a mais afetada pelo fogo a partir de setembro, com o pico de atenção se estendendo até janeiro. Anos como 2013, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2022 registraram os meses finais da primavera e o início do verão como os períodos mais críticos do ano em relação aos incêndios.

Em publicação no site do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), o presidente da entidade, Ângelo Rabelo, destacou a necessidade contínua de ações para garantir a conservação e a recuperação desse território. Rabelo ressalta que a área da Rede Amolar representa um corredor vital para a biodiversidade, abrigando centenas de espécies de mamíferos, aves e répteis. Como parte das iniciativas de restauração, o IHP realizou o plantio de 25 mil mudas em uma parte da área afetada pelo fogo de 2020, mas ressalta a importância da continuidade dessas ações.

A mobilização em torno do desenvolvimento científico e da implementação de ações de conservação na Rede Amolar faz parte do projeto "Mitigação dos efeitos dos incêndios de 2020 e prevenção contra novos incêndios na Serra do Amolar, Pantanal". Esse projeto é financiado pelo GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) e faz parte do âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal, coordenado pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente), com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) atuando como agência implementadora e o Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) como agência executora.

A região da Serra do Amolar enfrentou em 2020 o maior incêndio já registrado em mais de um século. Cerca de 97% da área foi devastada pelas chamas. Essa região é parte integrante da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, um programa criado em 2008 pelo IHP, que engloba áreas federais, estaduais e particulares, incluindo o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense, reconhecido internacionalmente pela Convenção de Ramsar.

Classificada pelo MMA como área de conservação de biodiversidade de prioridade extremamente alta, a Serra do Amolar é denominada pela Unesco como Reserva da Biosfera Mundial e, desde 2000, é considerada Patrimônio Natural da Humanidade como parte do Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal, que inclui o Parque Nacional, as RPPNs Acurizal, Penha, Dorochê e Rumo ao Oeste.

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