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Capital

Com 2 mortes em 24h, projeto ganha força por acalmar ânimos de vizinhos

Bruno Chaves | 30/03/2014 09:03
Briga entre vizinhos no Monte Castelo terminou com um homem morto (Foto: Pedro Peralta)
Briga entre vizinhos no Monte Castelo terminou com um homem morto (Foto: Pedro Peralta)

A famosa política da boa vizinhança ajuda a evitar qualquer tipo de conflito com quem mora ao lado, seja em casa ou apartamento. O bom senso, a tolerância e o respeito evitariam confusões por causa de som alto, festas, cachorros e até barulho das crianças. Na teoria é fácil, mas casos de confusões envolvendo pessoas que dividem o mesmo muro podem chegar ao extremo, como a morte. Só em Campo Grande, na última semana, foram registrados dois casos de assassinatos envolvendo vizinhos.

Dados da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul apontam que mais de 90% dos homicídios registrados nas cidades são ocasionados por pequenos conflitos, como, por exemplo, briga entre vizinhos. Esse índice mudaria se houvesse “respeito ao limite do próximo”, acredita a advogada Carolina Ávila Ferreira. “É necessário respeitar para viver bem e se houver conflito, devem sentar e conversar, sem partir para a violência”, afinal, ambos moram lado a lado.

Essa conduta ajudaria a resolver problemas como os de Vanderlei Bazzi de Oliveira, 31 anos, e de Edenílson Rocha Fonseca, 30. Mesmo com a intervenção das esposas dos dois, que moravam no mesmo terreno no Jardim Los Angeles, o segundo pegou uma arma e acabou matando o primeiro após uma discussão no último dia 25.

Outro caso que chocou a Capital na semana que passou foi o dos vizinhos Rodrigo José Rech, 31, e Carlos Roberto Cerqueira, 56, no Monte Castelo. O mais velho, que é policial civil aposentado, executou o mais novo com quatro tiros. O motivo: discussão por causa de um imóvel. Nesse caso, o fato de o policial ser aposentado por esquizofrenia deixa a situação mais complexa, mesmo existindo 34 boletins de ocorrências entre os dois desde 2007.

Uma situação mais amena envolvendo vizinhos e confusão aconteceu no último domingo (23) com o estudante Renato Alves, 26 anos. Ele, que mora em um residencial próximo a Avenida Júlio de Castilho, enfrentou uma avalanche de críticas de vizinhos porque resolver fazer uma festa, mesmo durante o dia. “Eu até entendi porque moro em condomínio e som alto atrapalha os vizinhos. Mas acho que as pessoas poderiam ser mais tolerantes. Quando será que vou poder fazer um churrasco com amigos e sem incomodar os outros?”, questionou.

Delegado conta que projeto piloto de mediação desperta interesse de outras delegacias (Foto: Marcos Ermínio)
Delegado conta que projeto piloto de mediação desperta interesse de outras delegacias (Foto: Marcos Ermínio)
Investigador que idealizou projeto de Polícia Comunitária e Mediação de Conflitos (Foto: Marcos Ermínio)
Investigador que idealizou projeto de Polícia Comunitária e Mediação de Conflitos (Foto: Marcos Ermínio)

Do outro lado de Campo Grande, na região das Moreninhas, existe um projeto piloto de Polícia Comunitária e Mediação de Conflitos, na 4ª Delegacia de Polícia, que acalma os ânimos e procura ajudar pessoas que possuem conflitos. De acordo com o idealizador do projeto, o investigador Francisco de Melo, o objetivo é encontrar formas de lidar com conflitos e crimes de menor potencial ofensivo, como injúria e pequenas ameaças.

“Eu faço mediação. Sem impor e sem opinar, ajudo as duas partes encontrarem uma solução para o problema. Quando um não quer, dois não brigam”, afirma o investigador fazendo referência ao antigo ditado popular. Já o delegado titular da 4ª DP, Devair Aparecido Francisco, lembra que esse método só pode ser aplicado quando o crime é de menor potencial ofensivo condicionado de representação, ou seja, quando a vítima decide se leva o caso à Justiça.

“Outras delegacias já se interessaram por esse projeto, que deu certo. Até o delegado de Costa Rica – a 305 quilômetros de Campo Grande – já veio aqui saber como funciona”, contou Devair. De 2009 até 2013, 1.045 medicações foram realizadas; casos que não foram parar no Judiciário por causa de um facilitador. “Ajudo as pessoas se respeitarem e entenderem como o outro é; Isso é sociabilidade, cortesia e educação”, finalizou Francisco.

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