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Cidades

Fazendeiro pede solução para briga fundiária antes que mais um atentado aconteça

Paula Vitorino e Ítalo Milhomem | 07/06/2011 12:59

Ricardo Bacha culpa MPF e Funai por invasões de indígenas

Ricardo Bacha na tribuna da Assembleia na manhã de hoje. (Foto: Divulgação)
Ricardo Bacha na tribuna da Assembleia na manhã de hoje. (Foto: Divulgação)

O ex-deputado estadual e proprietário rural, Ricardo Bacha, ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta manhã para pedir providência imediata em relação as ocupações de terras por indígenas, afirmando haver o risco grande de mais um desastre envolvendo índios e fazendeiros. Ele ainda pediu o apoio dos deputados na briga fundiária do Estado.

“Pelo amor de Deus. Precisa de uma providência imediata, antes que aconteça um outro atentado como esse de Miranda, que foi um ato lamentável. Precisamos de uma solução pacífica”,declarou.

Na sexta-feira (3), um ônibus escolar indígena sofreu um atentado quando retornava de Miranda. Uma bomba caseira foi jogada no veículo. Quatro vítimas estão internadas na Santa Casa com queimaduras de terceiro grau e em estado grave. A disputa de terras é apontada como causa do crime.

Mas ainda de acordo com Bacha, o pecuarista Haroldo Correia Junior também sofreu um atentado na semana passada, em uma estrada vicinal na região de Sidrolândia. “Ele estava tentando passar pela ponte interditada pelos índios, quando houve um disparo. O tiro não acertou ele, mas foi registrado boletim de ocorrência”, conta.

Bacha pertence a família dona da fazenda 3R – região de Sidrolândia, onde um grupo de cerca de 1 mil terena está acampado desde o dia 10 de maio. Segundo ele, a situação na região é “perigosa. Nossas famílias estão sob risco permanente de morte”.

O proprietário rural afirma que os indígenas estão impedindo a passagem de pecuaristas pelas estradas vicinais e colocando troncos para impedir a passagem em pontes.

Ainda segundo Bacha, casos de roubo e saques nas propriedades estão acontecendo e informações preliminares indicam a ocupação de outras duas fazendas na região, dentro dos próximos dias.

“Em 2009, a fazenda Querência foi saqueada, levaram móveis, produtos e ao menos 100 cabeças de gado. Agora isso pode voltar a acontecer”, declarou.

Para Bacha, a única solução para resolver o impasse é a compra das terras dos fazendeiros pelo governo para repassar aos indígenas.

“Depois da audiência sobre a questão em Dourados, acho que essa é a única solução. Assim eles podem trabalhar na terra e nós não perdemos nossos bens”, explica.

Culpa - Durante o pronunciamento na Casa de Leis, Ricardo Bacha ainda acusou a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o MPF (Ministério Público Federal) de incentivar as invasões dos indígenas.

“O Ministério Público não está defendendo o direito constitucional, está sendo parcial, junto com a Funai, e incentivando as invasões dos indígenas. Eles orientam os índios a resistir e que se ocuparem as terras, elas vão ser desapropriadas em seis meses”, denunciou.

Para o ex-deputado, os órgãos deveriam ser punidos criminalmente por estes tipos de praticas e incentivos.

Ele diz que as leis não estão sendo cumpridas e que a “força bruta é o que está prevalecendo”. “Até que seja decidido pela justiça, a propriedade é nossa”, afirmou.

Providências - Um representante da Funai estava acompanhando a sessão e tomou a palavra para responder as acusações de Bacha.

“A Funai não incentiva nenhuma invasão e, sim, tenta conter essas ações, orientando que são praticas ilegais”, rebateu Ricardo Rao.

Segundo ele, a Funai não tem o papel e nem condições de impedir que os indígenas se manifestem dessa forma. “O que está sendo feito é o aconselhamento, pedimos que aguardem a decisão judicial”, esclareceu.

O presidente da Assembléia, Jerson Domingos, questionou o órgão sobre quais providências estão sendo tomadas para impedir os atos criminosos, como roubos e saques. Mas Ricardo ressaltou “que é papel da polícia punir e investigar esses tipos de ações criminosas, caso elas aconteçam”.

Jerson afirmou que vai pedir uma audiência pública para discutir a situação enfrentada pelos proprietários rurais. “Vamos fazer de tudo para que essa questão seja resolvida de forma harmoniosa”, garantiu.

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