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Interior

Polícia vai ouvir dono de área onde acampamento de índios foi atacado

Paula Maciulevicius | 20/11/2011 23:01

Órgão só se pronuncia por meio da assessoria de comunicação de Campo Grande

Terra onde indígenas estão acampados. Guarani-kaiowá se concentram cerca de 5 km depois da entrada na rodovia. (Foto: João Garrigó)
Terra onde indígenas estão acampados. Guarani-kaiowá se concentram cerca de 5 km depois da entrada na rodovia. (Foto: João Garrigó)

A Polícia Federal vai ouvir o dono da terra onde os índios estão acampados, o cenário do ataque aos guarani-kaiowá que resultou em quatro pessoas desaparecidas, entre elas, o líder indígena Nísio Gomes, de 59 anos, que, conforme o relato da comunidade, foi executado.

As investigações continuam pela delegacia de Polícia Federal de Ponta Porã, mas o órgão informou que só se pronuncia através da assessoria de comunicação em Campo Grande.

Neste domingo o Campo Grande News tentou contato com os proprietários da terra. Segundo informações, o arrendatário é de Ponta Porã e já compareceu à delegacia.

Até este final de semana o número de acampados se aproximava dos 100. Muitos indígenas de aldeias vizinhas por solidariedade e vontade de continuar a luta de Nísio se uniram no “tekohá”, termo em guarani que ao pé da letra tem o significado do que o território representa: “pertence à ela”.

O Campo Grande News tentou conversar com os indígenas acampados na região entre as fazendas Querência Nativa e Ouro Verde, na divisa de Aral Moreira e Amambai. Com receio de receber a imprensa, eles disseram que só se manifestariam junto à Funai e Polícia Federal.

Por lá o clima continua tenso, o acampamento está abrigado em meio ao matagal. Seguindo a trilha depois de entrar da rodovia, por cerca de 5 quilômetros, os guarani-kaiowá “surgem” e não é possível se ver nada para dentro. Pode ser que o acampamento tenha ficado mais para dentro da mata após o ataque.

As primeiras informações divulgadas pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) davam conta de que no local havia 60 acampados, número que foi ultrapassado com a vinda de ônibus de outras aldeias até a região.

Em contato com guarani-kaiowá da aldeia Amambai, eles informaram que ônibus passam diariamente para levar grupos que desejarem se juntar ao “tekohá”. Dessa aldeia mais de 65 já teriam ido rumo aos acampados. A maioria deles, familiares de Nisio que ainda estavam na Amambai.

Na página do Cimi, um vídeo foi postado mostrando o local onde Nisio teria sido executado. Na terra, marcas de sangue que indicam que a pessoa ferida foi arrastada. .

Tekohá Guaiviry: no acampamento cada vez mais indígenas se juntam à luta iniciada por Nisio. (Foto: Cimi/MS)
Tekohá Guaiviry: no acampamento cada vez mais indígenas se juntam à luta iniciada por Nisio. (Foto: Cimi/MS)

Atentado - Os guarani-kaiowá estavam acampados na região desde o dia primeiro deste mês. Nisio Gomes, líder indígena de 59 anos, teria sofrido ameaças de morte dois dias antes do desfecho trágico, quando segundo relatos dos indígenas, oito pistoleiros chegaram ao local procurando pelo cacique.

Eles dizem que Nísio foi baleado na cabeça e por todo corpo. Conforme apurado pelo Cimi, durante a correria de tiros, três jovens um de 14 anos, outro de 15 e um de 16 anos teriam sido baleados.

De acordo com lideranças indígenas de aldeias vizinhas, o garoto de 14 anos sé neto de Nisio. Ele chegou a ser socorrido, medicado e já teria retornado ao acampamento. Os demais incluindo o líder continuam desaparecidos.

O MPF (Ministério Público Federal) abriu investigação e a perícia da Polícia Civil constatou marcas de sangue em meio à folhas, que remontam a cena de um corpo sendo arrastado, possivelmente de Nisio.

A ação dos pistoleiros foi por volta das 6h30 da manhã de sexta-feira, conforme a comunidade. De acordo com os índios informaram, eles ocupavam uma cerca caminhonetes Hilux e S-10. Na caçamba de uma delas o corpo de Nisio teria sido levado.

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