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Artes

Em MS e no Brasil, poeta é inspiração em diferentes gêneros artísticos

Ângela Kempfer | 13/11/2014 16:40
O “Dialeto Manoelês”, da Cia Blanche Torres, de Dourados. (Foto: Divulgação)
O “Dialeto Manoelês”, da Cia Blanche Torres, de Dourados. (Foto: Divulgação)

Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, mas escolheu Mato Grosso do Sul para viver e, graças a essa decisão, deixa uma marca forte na cultura do Estado, não só pelas obras que escreveu, mas pelos artistas que inspirou.

O estilo original transformou o poeta das insignificâncias em filmes, músicas, peças de teatro e dança. São inúmeros os espetáculos montados a partir da poesia dele e tantos outros que devem surgir a partir de agora.

Ao celebrar a imaginação e perceber o valor em “pré-coisas” desmerecidas, a poesia abriu os olhos de muita gente para o poder da simplicidade.

"O Manoel de Barros percorreu um caminho muito interessante. Começou como um poeta formal, clássico, com uma poesia de dicção nobre, até chegar a uma poesia singular. Acho que a virada se deu com dois livros, "Gramática Expositiva do Chão", de 1966, e "Arranjos para assobio", de 1980. É como se ele tivesse feito uma visita secreta à Guimarães Rosa, pegado rascunhos e composto poemas singulares, muito curiosos, a partir de Rosa", ensina o poeta Armando Freitas Filho em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Por aqui, um dos mais recentes espetáculos, o infantil "Crianceiras", musicou os poemas para apresentar Manoel às crianças e agora é um sucesso de casa lotada. O “Dialeto Manoelês” também ganhou a Cia Blanche Torres, de Dourados, e virou movimentos de dança.

Pelo Brasil, são muitos outros exemplos. Também na dança, em 2013, a coreógrafa carioca Paula Maracajá concebeu o espetáculo “Tudo que não invento é falso”, inspirado no livro Memórias Inventadas. Em 2012, a poesia de Manoel de Barros fez os diretores Adriano e Fernando Guimarães, de Brasília, criarem a peça “Nada”, com versos e chistes do poeta. Dez anos antes, Moacir Chaves dirigiu “Inutilezas”,com Bianca Ramoneda e Gabriel Braga Nunes.

“É uma perda irreparável para o nosso País e para o mundo. Manoel foi além da fronteira de Mato Grosso do Sul. Além de grande poeta, era meu amigo. Tinha grande importância na minha vida. É uma dorzinha cheia de poesia”, lamenta o poeta sul-mato-grossense Emmanuel Marinho.

Para a atriz e diretora Laís Doria, uma das maiores incentivadora do teatro em Campo Grande, o poeta foi uma mestre. “...não preciso do fim para chegar,do lugar onde estou ja fui embora...Manoel sempre chegou indo...nosso mestre, meu mestre, mestre de muitos...suas palavras são em língua de brincar e como tudo, não ficam em lugar algum porque estão em todos”, resume Laís, que também é fundadora da Casa de Ensaio.

Pela proximidade com a família, o artista plástico Jonir Figueiredo pedia bênçãos a Manoel, como se fosse um filho. Em março deste ano, foi expor em Nova Iorque e antes de viajar recebeu um recado. “A Martha (filha de Manoel) ligou e falou que eu tinha de passar lá para pedir benção para o papai. Não fui e me sinto culpado”, comenta.

Do amigo, Jonir vai guardar a imagem de um velho com alma de criança. “Ele se tornou o que era sem crescer. Era tão natural que não precisava fazer nada para aparecer”, diz.

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