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Água: um dos nossos mais importantes componentes

Por Por Roberta Züge (*) | 07/04/2018 08:44

Hoje, caso questionemos algum adolescente – alguns nem tão adolescentes assim –sobre algo totalmente indispensável, provavelmente, a energia será a primeira resposta. Sem dúvida, é algo que altera a vida de todos.

Mas, antes da energia, vem a ÁGUA; e, aliás, cerca de 70% da energia elétrica do Brasil também depende dela. Não foi coincidência que as primeiras civilizações se desenvolveram as margens de rios e córregos. Além da ingestão, a água é imprescindível para a produção de alimentos.

Por muito tempo a questão da água, especialmente no Brasil, foi negligenciada. Pela abundância e facilidade de acessá-la, poucos cuidados eram realizados. Extraindo regiões que são históricas de escassez, muito por falta de políticas públicas sérias, afinal era a muleta para desvios de dinheiro. Casos de corrupção conhecidos, utilizando a deficiência natural de água, datam da década de 70; o “escândalo da mandioca”, em Pernambuco, foi um clássico. Estima-se que R$ 1,5 bilhão foram desviados do Proagro.

Neste caso, os bancos realizaram empréstimos supostamente para o plantio de mandioca, feijão, cebola e algumas outras culturas, para pessoas munidas de documentos falsos. Sequencialmente, os pagamentos não eram realizados, porque se alegava que a seca destruíra as plantações – aquelas que nunca haviam sido realizadas. Mas, houve um ano de chuvas adequadas, e, não existiam plantações? As fraudes foram descobertas. Eles não tinham combinado com o clima. A água estava lá.

Outras regiões, onde o acesso de água é fácil e há chuvas distribuídas de forma mais harmônica, sequer existiam políticas e programas sérios que focassem a preservação deste bem precioso, assim como o uso racional. Nas ultimas décadas, este cenário tem se modificado. Além de o acesso a informação ter sido ampliado, o que facilitou a sensibilização da população quanto a água, assim como, racionamentos em diversas cidades, mais brasileiros estão engajados na preservação.

Um fato, a agropecuária consome 70% de toda a água utilizada no planeta, segundo o FAO (Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Produzir alimentos necessita de muita água. Quanto menos desenvolvido o país, maior é o consumo. Os dados da Embrapa indicam que mais de 70% da água, que é destinada a agropecuária, é utilizada na irrigação e 11% para hidratação dos rebanhos. Lembrando que parte do que é irrigado, também é consumido pelos animais de produção.

Pelo alto consumo de água na irrigação, novas tecnologias e manejos estão sendo desenvolvidos para mitigar as perdas. Estudos da FAO demonstram que cerca de 60% da água utilizada em irrigação se perde pela evaporação. Algumas mudanças de manejo podem alterar bem este número. É importante salientar que a irrigação, apesar do custo hídrico, é imprescindível, pois, aumenta imensamente a produtividade, extremamente significante para minimizar o custo dos alimentos.

Condenar a agropecuária pelo alto consumo de água é como punir um professor por utilizar muito giz escrevendo na lousa. Deve-se capilarizar as técnicas e os manejos desenvolvidos, para um uso mais racional, mas é uma dependência que sempre existirá. Os volumes consumidos também serão superiores que as cidades. O campo precisa produzir alimentos para as pessoas nas cidades. Os alimentos, sejam eles de origem vegetal ou animal, demandam altas quantias de água. E todos precisam de alimentos. E água, muita água!

Sobre o CCAS - O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

(*) Roberta Züge é diretora administrativa do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável), vice-Presidente do Sindivet (Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná), médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo e sócia da Ceres Qualidade.

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