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Ainda existem videotas?

Oscar D´Ambrosio | 28/11/2017 08:43

Ainda existem videotas? O vócabulo ficou famoso por intitular romance de Jerzy Kosinski, Publicado em 1970, foi levado para o cinema como 'Being there' ('Muito além do jardim', 1979), dirigido por Hal Ashby e com Peter Sellers no papel de Chance, um jardineiro que passou a vida trabalhando a terra e vendo televisão.

A informação parava nele e não atingia um raciocínio mais elaborado. Órfão, é adotado por um personagem chamado simplesmente de O Velho, Chance só toma contato com o mundo quando seu protetor morre. Ao sair na rua, ser atropelado e não ter referências ou documentos, é adotado por uma senhora rica, que fica fascinada pela visão de mundo dele.

A questão colocada com brilhantismo já nos anos 1970 é que Chance apenas repete as frases que ouvia na televisão ou que conhecia do universo da jardinagem. Interpretadas como metáforas, suas falas lhe dão respeito, glamour e status. Confundia-se profundidade com suas visões gerais sobre tudo e sobre todos, sem reflexões ou densidade.

A televisão e as mídias sociais atuais oferecem mais e melhores possibilidades dos anos 1970 para cá, mas é da natureza desses veículos uma certa fragmentação, ainda mais num mundo dilacerado e caótico em alguns aspectos. O desafio está em não ser videota e em usar o que é recebido sem se deixar corromper pela luta escusa pelo poder político e econômico.

(*) Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, onde atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa.

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