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Brasil em tempo de eleições

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 01/08/2018 13:37

No século 20, o Brasil permaneceu estagnado até a tomada do poder por Getúlio Vargas. Açodado por movimentos socialistas, o poder foi absorvido pelos militares. Tendo caído no endividamento externo, entrou na espiral inflacionária, debelada com facilitação dos importados, sem que seus líderes, em disputa pelo poder, percebessem que o país estava perdendo as bases na indústria e na educação. Os demagogos no poder relaxaram as contas para fins eleitorais, e estamos de volta ao estágio de fornecedor de produtos primários para o mundo.

Para alcançar feitos duradouros, a governança não pode permanecer no imediatismo, desprezando a espiritualidade, pois sem ela todas as realizações são efêmeras. A humanidade ganhou tudo que a Internet oferece, mas perdeu a ancestralidade ao se tornar alienada sobre o significado da vida como se fosse composta por robôs. O desenvolvimento humano tem de ser contínuo; é a lei natural do movimento. A casta dirigente tem sido mesmo uma lástima, pois só pensa nos interesses próprios. Não examina o significado da vida; não se comove com o sofrimento da população; não busca soluções que promovam a melhora da qualidade humana e de vida. Em meio às más notícias, vão criando desesperança em relação ao futuro.

Há duzentos anos, as elites ocidentais vêm se impondo ao mundo, após duas trágicas guerras mundiais. Com o fim da guerra fria, com sua grande participação no PIB mundial e o triunfalismo financeiro em um mundo endividado, essas elites se julgaram donas da situação e acabaram perdendo a visão das tendências. A Ásia passou a modificar o estilo despótico de governança introduzindo, como alvo, a busca por resultado econômico e, dessa forma, sua população se agarrou à possibilidade de sair da secular situação de miséria.

Em 2001, o mundo compartilhou a dor americana na tragédia do WTC; nesse mesmo ano, a China passou a integrar oficialmente a Organização Internacional do Comércio, a OMC. Em seu livro A queda do Ocidente? Uma provocação, o professor Kishore Mahbubani, da Universidade de Singapura, diz que isso representou a entrada de quase um milhão de trabalhadores no sistema comercial global, o que resultaria numa destruição criativa maciça e na perda de muitos postos de trabalho no Ocidente, o que acarretaria declínio de salários reais, redução na participação no PIB e aumento da desigualdade. As elites não se deram conta desse processo transformador da Ásia.

No Brasil, enfrentamos algumas questões dramáticas: na educação das novas gerações, nas deficitárias contas internas e externas, na desindustrialização e desemprego em nível elevado. Agora vem a nova guerra econômica desencadeada pela política do presidente Trump e a complexa situação econômica de um país que em 2017 teve déficit comercial de 566 bilhões de dólares e que deve 21 trilhões, algo que deve estar pesando nas decisões, mesmo de um país emissor da moeda global. Todavia, esse é um problema que se vem arrastando há décadas e que afetava países dependentes como o Brasil, sempre de pires mão e joelhos vergados na procura de dólares no mercado financeiro.

Escondido até o ano de 1500, o Brasil permaneceu 500 anos como tributário aos poderosos interesses externos. É preciso pôr um fim na corrupção dos vendilhões da pátria. Chega de lixo e muros pichados. Necessitamos de ação integrada para o bem do Brasil. Falta o desenvolvimento dos atributos humanos: generosidade, lealdade, consideração, seriedade, bom senso, clareza no pensar. Falta acabar com o despotismo da casta governante.

O século 21 requer o empenho no preparo da população para levar a vida com toda a seriedade. Os países da América do Sul precisam ser governados com foco na melhora geral, como vem fazendo China, Índia e Filipinas. Enfrentamos problemas no preparo das novas gerações; no displicente controle das contas internas e externas; na estagnação na indústria e no nível de empregos que reduz consumo até de essenciais. O poder governamental deve ser entregue em mãos competentes que visem o bem, caso contrário o futuro será caótico para o Brasil que tinha tudo para viver evoluindo em paz sob a Luz da Verdade. É sobre essas questões vitais que gostaríamos de saber o que os candidatos têm a dizer.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. 

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