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Cidades

Com aval da Justiça, aluna que fraudou cota continua em curso de Medicina

Estudante vai prestar serviço voluntário após se formar

Jones Mário | 07/02/2020 11:49
Justiça criticou omissão da UFGD na demora para criar comissão de heteroidentificação (Foto: Divulgação)
Justiça criticou omissão da UFGD na demora para criar comissão de heteroidentificação (Foto: Divulgação)

Estudante de Medicina, de 20 anos, poderá continuar curso na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) mesmo após ter autodeclaração racial invalidada duas vezes pela instituição. Aluna e universidade entraram em acordo, que foi homologado pela Justiça Federal.

A estudante concorreu no vestibular 2016 da UFGD, nas vagas reservadas aos candidatos que se autodeclararam negros, pardos ou indígenas. Ela se declarou parda e foi aprovada.

Dois anos mais tarde, a aluna foi convocada para aferição da autodeclaração racial, que acabou invalidada. A estudante apresentou defesa, passou por outra avaliação e foi novamente rejeitada.

O edital do vestibular de 2016, porém, não estabelecia a comissão para aferição como critério de ingresso por cotas. Em ação judicial, a aluna contestou ter que passar pelo processo dois anos após a matrícula.

Na ação, o MPF (Ministério Público Federal) se posicionou favorável à homologação do acordo entre a estudante e a UFGD, uma vez que a universidade suspendeu as bancas de heteroidentificação que não estavam previstas nos editais de vestibulares.

No acordo, a aluna se comprometeu a prestar 20 horas semanais de serviços médicos na rede pública de saúde, por dois anos após a conclusão do curso, de forma voluntária, preferencialmente em bairros pobres da região da Grande Dourados, aldeia indígena e Hospital Universitário.

O acordo vem acompanhado de recomendação do MPF à UFGD para que a comunidade negra seja reparada pela constituição tardia da comissão de heteroidentificação.

A sentença da 1ª Vara Federal de Dourados critica a “omissão administrativa” da UFGD na demora para criar a comissão e aponta que a celebração do acordo seria “medida mais razoável”.

Polêmica - Em setembro passado, a readmissão de seis estudantes de Medicina desligados da UFGD por fraude ao sistema de cotas foi alvo de protestos contra a reitora Mirlene Damázio, nomeada pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em junho de 2019, também sob contestação de graduandos e docentes da universidade.

A aluna de 20 anos, agora com acordo homologado, fazia parte do grupo acusado de burlar a reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas.

Antes, a ex-reitora Liane Calarge havia rejeitado todas as tentativas de acordo propostas pelos alunos.

Na época, a UFGD alegou que a decisão foi tomada como solução consensual para acabar com o conflito e que a medida traria benefícios sociais.

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