ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 23º

Cidades

Decisão do STF sobre Coaf afeta investigações do crime organizado

Impacto é diferenciado porque MS é corredor para crimes transnacionais, como tráfico de drogas e armas

Aline dos Santos e Marta Ferreira | 21/07/2019 09:45
Aeronave de R$ 650 mil apreendida na operação All In vai a leilão em agosto(Foto: Divulgação)
Aeronave de R$ 650 mil apreendida na operação All In vai a leilão em agosto(Foto: Divulgação)

O impacto da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) - que suspendeu todos os processos no País iniciados com o compartilhamento, sem autorização judicial e para fins penais, de dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) -, não fica restrito a casos de corrupção. Atinge também investigações sobre o crime organizado em Mato Grosso do Sul. Corrupção, tráfico e contrabando se cruzam numa outra modalidade de crime: a lavagem de dinheiro.

O cenário é diferenciado porque o Estado é corredor para crimes transnacionais. “Nem sempre os Relatórios de Inteligência Financeira do Coaf indicam o possível delito antecedente. Em alguns casos, foi possível, com o avanço das investigações, relacionar ao tráfico de drogas, contrabando, tráfico de armas, corrupção”, observa o procurador federal Silvio Pettengil, responsável por casos do tipo na Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul.

Segundo o procurador, a expectativa é que a decisão, classificada como devastadora, seja revertida. “Tenho confiança de que a lei e o bom senso vão imperar. Não fosse assim, seria melhor sacramentar, desde já, a total ineficiência de política de prevenção a lavagem de dinheiro, crime organizado, terrorismo e corrupção. Até lá, existe risco de prejuízo à continuidade das investigações”, diz.

Conforme o MPF (Ministério Público Federal), pelo menos um terço dos casos com atuação temática especializada em lavagem de dinheiro no Estado pode ser afetado caso a decisão seja mantida.

“Réus presos já estão pedindo liberdade e a polícia judiciária paralisou investigações. De sorte, que se faz necessária uma análise célere por parte do pleno do STF, sob o risco de ocorrer o caos no sistema jurídico. Não se pode esquecer que a mudança de entendimento mais benéfica ao réu ou investigado tem efeito cascata sobre todos similares”, afirma Edgar Marcon, ex-superintendente da PF (Polícia Federal) e especialista em segurança.

No mês de agosto, a Justiça Federal de Campo Grande vai leiloar aeronaves e veículos apreendidos durante a Operação All In, avaliados em R$ 1,1 milhão. A ação foi  deflagrada em março de 2017 e mirou um dos produtos mais rentáveis no mercado do crime: a cocaína. Para lavar o dinheiro do tráfico, eram utilizados nomes de terceiros em contas bancárias. A ação da PF (Polícia Federal) aprendeu 811 quilos de cocaína.

Rota do crime - Numa localização geográfica em que faz fronteira com dois países, Mato Grosso do Sul é rota para tráfico de drogas, armas e contrabando de cigarro. Neste ano, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Polícia Federal apreenderam  4,1 toneladas de cocaína e crack.

No quesito contrabando, foram recolhidos 9,2 milhões de maços de cigarros. O  Estado tem 1.517 quilômetros de fronteira, sendo 1.131 km com o Paraguai e 386 km com a Bolívia.

Corrupção - A princípio, a decisão do presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, não atinge Lama Asfáltica, a maior operação contra a corrupção em curso no Mato Grosso do Sul, mas já é usada numa tentativa de frear a Antivírus, operação do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre “negócio da China” no Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito). (Matéria editada às 14h08 para acréscimo de informação)

Nos siga no Google Notícias