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Cidades

Fria, segundo o Gaeco, mulher de traficante tinha satisfação em ver violência

Lana Gonçalves, companheira e comparsa de principal alvo de operação, e outras 11 mulheres são investigadas

Por Anahi Zurutuza | 13/11/2025 21:11
Fria, segundo o Gaeco, mulher de traficante tinha satisfação em ver violência
Lana da Silva Gonçalves, de 26 anos, e Kleyton de Souza Silva, o “Tom”, de 37: os principais alvos a Operação Blindagem (Foto: Reprodução dos autos de processo)

Fria e sádica. É assim que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) descreve Lana da Silva Gonçalves, de 26 anos, mulher do traficante Kleyton de Souza Silva, o “Tom”, principal alvo da Operação Blindagem, desencadeada na semana passada para desmantelar esquema de tráfico de drogas, armas e série de extorsão comandados de dentro de presídio.

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Lana da Silva Gonçalves, de 26 anos, esposa do traficante Kleyton de Souza Silva, foi presa durante a Operação Blindagem por seu papel crucial em organização criminosa. Segundo o Gaeco, ela gerenciava as finanças do grupo, participava de extorsões e demonstrava satisfação com atos violentos.A operação, deflagrada em 7 de novembro, mirou 76 alvos, incluindo 12 mulheres. Entre elas, havia uma advogada responsável por cooptar servidores públicos e outras que atuavam no transporte de drogas, comércio de armas e lavagem de dinheiro através de contas bancárias e empresas de fachada.

Para o Gaeco, Lana precisa ser mantida na cadeia por tempo indeterminado, não só porque exercia papel crucial na quadrilha comandada pelo marido, mas pela periculosidade.

“A posição de destaque ocupada por Lana da Silva Gonçalves na organização criminosa, sua capacidade de articulação financeira e operacional e sua adesão a práticas violentas revelam risco evidente de reiteração delitiva caso seja colocada em liberdade. A experiência demonstra que, em organizações estruturadas, a atuação extramuros é tão ou mais relevante que a intramuros, e Lana, em liberdade, representaria inequívoco reforço à engrenagem criminosa”, defendem os promotores Antenor Ferreira de Rezende Neto, Moisés Casarotto, Gerson Eduardo de Araujo e Tiago Di Giulio Freire, que pediram nesta quarta-feira (12) a manutenção da prisão da investigada.

No pedido, o Gaeco destaca que a companheira do líder da organização alvo, não só “trabalha” ao lado do detento para viabilizar o tráfico de drogas e extorsões, além de assumir papel de destaque na contabilidade do esquema, sendo responsável por pagamentos e recebimentos ligados às atividades ilícitas, Lana também “emprestou” o nome para o registro de bens de alto valor, abertura de contas bancárias e criação de empresa de fachada, facilitando a lavagem do dinheiro sujo.

A jovem “não é figura secundária na organização”, aponta o Gaeco, lembrando que ela participa também ativamente das extorsões perpetradas a mando de Kleyton e que fizeram vítimas devedores de valores emprestados a juros (agiotagem) ou da compra de cargas de entorpecentes.

Numa das ocasiões, em maio de 2022, descrevem os promotores, “assim que tomou conhecimento do início do planejamento de uma das cobranças, Lana reagiu com reforços positivos, elogiando a esperteza de seu companheiro e, ainda, o questionando se ele ‘SÓ’ sequestraria seus alvos, solicitando, ao final, que ele a deixasse ver toda a execução do crime – possivelmente através de vídeos/fotos”.

Fria, segundo o Gaeco, mulher de traficante tinha satisfação em ver violência
Um dos diálogos que demonstra, segundo o Gaeco, como Lana se satisfaz com a violência (Foto: Reprodução dos autos de processo)

Conforme registrado pelo Gaeco a partir de mensagens interceptadas no telefone de Kleyon, Lana “demonstrou, em mais de uma ocasião, frieza e satisfação na violência que a organização criminosa empregaria na execução de seus atos” como em situação que ela “ria e afirmava que os devedores iriam se desesperar” e quando KLEYTON lhe enviou uma foto de um de seus capangas apontando uma arma de fogo para o devedor e declarando “que os jogos comecem”, a mulher respondeu: “Kkkkkk. Eita coisa boa”.

Fria, segundo o Gaeco, mulher de traficante tinha satisfação em ver violência
Em outras troca de mensagens interceptada, investigada diz "coisa boa" ao ver homem sob a mira de arma (Foto: Reprodução dos autos de processo)

A investigada também era a responsável por manter o conforto e viabilizar que Kleyton conseguisse coordenar o crime da cadeia. Nos diálogos interceptados pelo Gaeco, há desde pedidos simples, como itens de higiene e comida, até os relacionados aos atos criminosos, mas a troca de mensagens demonstram que ambos estavam tranquilos com a condição: ele “recluso” na Penitenciária Estadual de Aquidauana e ela gerenciando a vida do casal do lado de fora.

A defesa de Lana, patrocinada pelo advogado Antonio Cicalise Netto, tenta a libertar a cliente alegando que ela tem filho de apenas 1 ano de idade e é ré primária. Ainda não houve análise do pedido.

Fria, segundo o Gaeco, mulher de traficante tinha satisfação em ver violência
Em frente a presídio, Lana ri quando marido pergunta como ela se sente sendo "oficialmente mulher de preso" (Foto: Reprodução dos autos de processo)

Outras mulheres – O Gaeco, com apoio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do Batalhão de Choque, foi às ruas no dia 7 de novembro para cumprir 76 mandados de prisão e de busca e apreensão. Dentre os alvos, havia 12 mulheres.

Além de Lana, que está presa, outras mulheres também ocupavam posições relevantes. Segundo a investigação, Selma Nunes Roas, a “Barby”, ao lado de Alexssandro Pereira Silva, intermediava o transporte interestadual de drogas no esquema conhecido como “frete-seguro”, contribuindo para a logística operacional do tráfico.

No núcleo de “inteligência”, Aline Gabriela Brandão, advogada e companheira de Thiago Gabriel Martins da Silva, o “Especialista” ou “Thiaguinho PCC”, o elo de Kleyton com a facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital, participava de ações voltadas à cooptação de servidores públicos para auxiliar o grupo na obtenção de informações estratégicas. Ainda no setor de inteligência, Monique Siqueira Lopes Meireles acessava bases de dados e repassava informações pessoais a “Tom”, além de atuar no comércio ilegal de armas.

Um conjunto de mulheres – Brenda Yasmin Martins de Freitas, Shirlei Martins, Luana da Silva Gonçalves, Paola da Silva Januário –, juntamente com outros integrantes, cedia contas bancárias e realizava movimentações financeiras a mando do alvo principal, contribuindo para a circulação do dinheiro ilegal.

Também participaram das negociações de drogas Karoliny de Oliveira Faria, que, conforme as apurações, mantinha relação de confiança com o núcleo central da organização e recebia repasses financeiros provenientes de Dayane e Lana.

Por fim, Adriana Cristina Lindner, Natália de Cassia Jaquier Frameschi e Pricila dos Santos de Almeida aparecem como possíveis envolvidas ou colaboradoras em práticas ilícitas. Por isso, o Gaeco pediu que apenas fossem alvos de buscas para esclarecimento de seu grau de participação.

A reportagem não conseguiu localizar as defesas de todos os citados, mas o espaço segue aberto para futuras manifestações.

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