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Cidades

Funcionários terceirizados da UFMS não recebem salários há 3 meses

Universidade rescindiu contrato com a empresa responsável, mas trabalhadores continuam sem pagamento

Gabrielle Tavares | 16/07/2022 09:54
Funcionários trabalham no câmpus de Campo Grande da UFMS. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Funcionários trabalham no câmpus de Campo Grande da UFMS. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Pelo menos 30 funcionários terceirizados da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) estão com os salários e benefícios atrasados há cerca de três meses. Os profissionais prejudicados fazem parte da Agecom (Agência de Comunicação Social e Comunicação), contratados através da empresa RDJ Assessoria e Gestão Empresarial Eireli Brasil Service.

De acordo com o Portal da Transparência, a empresa possui, pelo menos, outros 59 contratos com o governo federal, dois deles em nome da UFMS, firmados através de licitação. O primeiro certame, com valor de R$ 2.739.211,56, responsabiliza a RDJ pela contratação de profissionais de comunicação, sendo eles: diretor de programação, chefe de reportagem, programador musical, técnico de áudio, comunicador, operador de mídia, editor de mídia, repórter cinematográfico, repórter fotográfico, web designer, analista de texto, operador de offset e operador acabamento gráfico.

A segunda licitação foi vencida pelo valor de R$ 886.375,92 e trata sobre a admissão de médicos, enfermeiros e ortodontistas, para o PAS-UFMS (Programa de Assistência à Saúde), em Campo Grande. Contudo, a universidade não respondeu se houve atraso nos salários destes trabalhadores também.

Três funcionários aceitaram conversar com o Campo Grande News, desde que não tivessem a identidade revelada. Os colaboradores estão há três meses sem receber o pagamento e se juntaram para procurar um advogado trabalhista.

Eles explicaram que o problema se arrasta desde janeiro deste ano, quando os salários não foram pagos conforme o combinado. Com a reclamação dos profissionais, a UFMS assumiu a conta e pagou a folha dos quatro primeiros meses, além de rescindir o contrato com a RDJ no dia 26 de julho.

No entanto, o pagamento dos meses trabalhados em maio e junho, assim como o auxílio alimentação e vale transporte, não foram depositados, nem pela UFMS, nem pela RDJ. Os benefícios que deveriam ser pagos com a rescisão do contrato, como FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), também ficaram para trás.

“Foi feita uma nova licitação para contratar outra empresa para prestar esses serviços para a UFMS, mas ainda está em andamento. Nós só queremos que se faça cumprir os nossos direitos, temos conta de água e de luz para pagar, mercado para fazer, casa para pagar, e a gente não consegue”, relatou um dos colaboradores.

A funcionária apontou que o trabalho na Agecom era a única fonte de renda de diversos trabalhadores e muitos precisaram procurar outros empregos para conseguir se manter.

“A gente cobra a UFMS e ela diz que está faltando a documentação para liberar pagamento, e nisso vai se passando os meses. Tenho dois filhos, família, esse emprego era minha única fonte de renda, tenho um monte de contas vencidas, aluguel, que não tenho dinheiro para pagar. E aí fica aquela situação chata de ficar pedindo dinheiro emprestado”, lamentou.

Um deles viu a esperança de um novo emprego se tornar desespero com o atraso dos pagamentos. O homem começou a prestar serviços como temporário e foi efetivado depois de um mês, tempo trabalhado pelo qual até hoje não recebeu. “Só recebi um mês de salário, e ainda com atraso”, disse.

O funcionário também ressalta que foi prometido pela UFMS que outra terceirizada seria contratada antes da rescisão, para que todos fossem recontratados. Mas isso também não aconteceu.

“Não tenho outro trabalho, minha mulher que está sustentando a casa, até minha luz chegou a ser cortada. Aí sem o dinheiro, a gente usa os cartões, mas quando chega fim do mês não tem dinheiro para pagar nem o cartão. Então é muito complicado, a gente conta com o dinheiro e ninguém dá uma satisfação, não temos uma previsão, ficamos em total desespero”, completou.

No caso do terceiro funcionário, o que salvou sua renda foi ter um segundo emprego. No entanto, todo fim de mês é um malabarismo para escolher qual conta será paga.

“É aquela coisa, se tem duas rendas, vive com as duas né. Metade das contas fiquei sem ter como pagar, tem que ficar escolhendo o que vai pagar e o que não vai. E eles agiram de má fé porque contrataram mais pessoas nesse período, sem avisar o que estava acontecendo”.

Entre os 30 trabalhadores prejudicados, poucos procuraram um advogado para processar a empresa.

“Nem a UFMS, nem a RDJ tem resposta de nada até agora, e está todo mundo no mesmo barco. A UFMS se disse solidária no início, mas agora que o contrato foi rescindido, se tornaram omissos. Tem gente que trabalhou em fevereiro e não recebeu até agora, teve gente que acabou saindo e nunca recebeu”, apontou.

A reportagem solicitou explicações da UFMS e RDJ Assessoria e Gestão Empresarial, mas não obteve resposta até a publicação.

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