Para não ser achado pela polícia, assassino de mulher e enteada dormia em carro
Fabrício não tinha antecedentes criminais e tenta justificar o crime colocando a culpa na mulher que ele matou
O carro virou casa e também esconderijo para que a polícia não chegasse até Fabrício Buim Arena Belinato, de 36 anos, suspeito de ter assassinado a esposa e a enteada de apenas 9 anos na cidade de Pompeia, interior paulista. Fabrício foi preso ontem (8), na Capital e foi ouvido hoje pelo delegado que investiga o caso em Pompeia, Cláudio Anunciato, aqui na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) de Campo Grande.
Segundo o delegado, Fabrício alega legítima defesa no assassinato da mulher e chegou a negar o assassinato da enteada de 9 anos, jogando a culpa na irmã dela, a adolescente de 16 anos, com quem mantinha relações, ainda segundo ele, consensuais. No entanto, voltou atrás no depoimento e também confessou a morte da criança.
Sem parentes no Estado de Mato Grosso do Sul, para a polícia, Fabrício se sentiu "confortável" em vir para Bataguassu, cidade onde permaneceu do dia 30 de janeiro até pelo menos dia 4 de fevereiro, quando veio para Campo Grande e foi identificado pela Polícia ao fazer um saque na lotérica.
Sem casa, a estratégia de Fabrício para passar despercebido era o de parar o carro cada vez em um lugar, de preferência abandonado, como praça ou região escura, onde passava a noite.
Fabrício não tinha antecedentes criminais e tenta justificar o crime colocando a responsabilidade na mulher. "Tudo leva a crer que ele diminuía ela, a tirou do convívio da família. Pai e irmã não conversavam com ela", diz o delegado de Pompeia, Cláudio Anunciato.
A adolescente de 16 anos está na Fundação Casa, em Araçatuba, também Estado de São Paulo e vai ser ouvida pela Justiça. Para a Polícia, Fabrício diz que brigou com a esposa que teria pego um canivete e ele para se defender desferiu um golpe de faca.
"Ele também alega que a esposa depois que foi demitida do trabalho mudou de comportamento, começou a ficar alterada", comenta. Os dois estavam juntos há cinco anos.
Fabrício pode responder por homicídio doloso, feminicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menor se comprovado o abuso contra a enteada adolescente.
Para a imprensa, Fabrício se negou dar qualquer declaração e só balançou a cabeça afirmando que se arrepende do crime.
Prisão - Fabrício estava trabalhando em uma obra no Jardim Macaúbas, região Sul de Campo Grande quando foi preso na tarde desta segunda-feira (8). A prisão foi após denúncia anônima. Com preventiva decretada, o foragido já tinha passado por Bataguassu, a 335 km da Capital, na semana passada.
Duplo homicídio - As vítimas Cristiane Pedroso dos Santos Arena, de 34 anos, e Karoline Vitória, de 9 anos, estavam desaparecidas desde novembro de 2020. No último dia 2, os corpos foram encontrados enterrados no quintal da casa onde moravam. De acordo com o atestado de óbito, a mãe foi assassinada com facadas e a criança com pancada na cabeça.
A filha de Cristiane, de 16 anos, foi quem mostrou à polícia a localização dos corpos. Ela é suspeita de ter participado do crime e está apreendida pela polícia paulista. Além do duplo homicídio e ocultação de cadáver, Fabrício é investigado por estupro de vulnerável, pois teria abusado sexualmente da adolescente.
