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Capital

Apenas 2 UPAs terão pediatra durante madrugada na Capital

Apesar de médicos contrários, Sesau altera escala porque movimento de 1h às 6h é 90% menor

Aline dos Santos e Caroline Maldonado | 30/06/2023 13:30
Posto de saúde 24 horas no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Posto de saúde 24 horas no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

Após manifestações contrárias de médicos da rede pública, a Prefeitura de Campo Grande mantém a decisão de colocar pediatras durante a madrugada (da 1h às 6h) apenas em duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), as dos bairros Coronel Antonino e Universitário, a partir de sábado (1º). Já durante a noite (das 19h até 1h), haverá pediatras em cinco UPAs. Apenas a unidade do bairro Santa Mônica não terá o especialista à noite e na madrugada, porém contará com clínico geral para atender as crianças.

Essas escalas não são de plantão fixo e sim de plantões eventuais e, por isso, serão remanejadas para as unidades com maior demanda, porque na madrugada a procura de crianças é 90% menor em relação a noite e dia, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). A secretaria mudou o plantão, que era de 12 horas para 6 horas para conseguir fazer as modificações em noite e madrugada.

A secretaria garante que a medida é para melhorar a qualidade do atendimento, porque há unidades com maior demanda nesses horários, enquanto outras têm baixa ou baixíssima procura por pediatras. Conforme a Sesau, o Ministério da Saúde não exige a presença de pediatras nessas unidades, portanto os médicos clínicos gerais fazem o atendimento.

“O atendimento às crianças continuará sendo realizado normalmente em todas as 10 unidades de urgência e emergência. Além disso, a presença do pediatra será reforçada, com escalas de plantão 24 horas, onde há um maior fluxo de crianças”, diz a nota divulgada nesta sexta-feira (30).

A prefeitura ainda informa que não haverá alterações na quantidade de médicos clínicos disponíveis nas UPAs e CRSs (Centros Regionais de Saúde). “Uma vez que os médicos clínicos gerais, profissionais capacitados para atender todos os públicos, continuarão garantindo a assistência necessária”, diz a nota.

De acordo com a secretaria, o mapeamento e readequação das escalas de plantão dos médicos, enfermeiros e demais integrantes das equipes das unidades de saúde não interferem no atendimento tanto para crianças quanto para adultos.

Também devem receber mais profissionais de todas as áreas devido ao fluxo alto de pacientes as UPAs Vila Almeida e Leblon. A unidade do Vila Almeida, no entanto, passa por reforma e a do Leblon não tem pediatria, conforme a Sesau.

Todos os órgãos estão cientes da medida, inclusive MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e Conselho Municipal de Saúde, porque o remanejamento das escalas eventuais é uma prática de rotina que leva em conta a demanda da unidades, conforme a Sesau.

Contra a medida - Reclamando da alteração das escalas de trabalho, vários servidores, inclusive médicos, procuraram o Campo Grande News na terça-feira (27).

O Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) também se posicionou contra a medida. Para o presidente do sindicato, Marcelo Santana, não é razoável essa redução em pleno inverno, período propício às doenças respiratórias.

O médico acredita que muitas famílias ficarão distantes das UPAs com pediatras e isso pode retardar o atendimento de uma criança, já que elas tenderão a procurar o local de última hora, no último momento. "Isso pode aumentar a vulnerabilidade do atendimento pediátrico", disse Marcelo, em entrevista na quinta-feira (29).

O presidente do Sinmed explicou ainda que, na avaliação da entidade, já há uma defasagem no atendimento de urgência de crianças, diante do aumento populacional na Capital registrado pelo Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e, portanto, o remanejamento da escala pode piorar a situação.

Após reunião com o secretário de Saúde, Sandro Benites, na quinta-feira (29), o presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Campo Grande, Victor Rocha (PP), o Dr. Victor, disse ao Campo Grande News que o Conselho Municipal de Saúde havia solicitado um plano de remanejamento para então avaliar se apoiaria a medida.

"Acredito que o conselho não vai autorizar", disse à reportagem. Uma nova reunião para discutir o assunto está marcada para a próxima quarta-feira (5), segundo o vereador.


Matéria editada às 16h44 para alterações em informações passadas pela Sesau. 

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