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Capital

Após 37 dias, desocupação da Cidade de Deus pode chegar ao fim na sexta

Natalia Yahn | 13/04/2016 13:03
Barraco é um dos únicos que ainda resiste na desocupação da favela Cidade de Deus. (Foto: Fernando Antunes)
Barraco é um dos únicos que ainda resiste na desocupação da favela Cidade de Deus. (Foto: Fernando Antunes)
Próximo ao local onde viveu por mais de três anos, Maria Madalena agora comemora a instalação a rede de energia elétrica. Ela não quis aparecer na foto, mas disse que está feliz. (Foto: Fernando Antunes)
Próximo ao local onde viveu por mais de três anos, Maria Madalena agora comemora a instalação a rede de energia elétrica. Ela não quis aparecer na foto, mas disse que está feliz. (Foto: Fernando Antunes)

A remoção das famílias da favela Cidade de Deus para quatro áreas, em diferentes regiões de Campo Grande, está prevista para terminar até sexta-feira (15), de acordo com a Emha (Agência Municipal de Habitação).

A transferência e remoção das famílias teve início no dia 7 de março e hoje (13) completa 37 dias. A Emha coordena a transferência das famílias e afirmou que ainda existem moradores no local e por isso a mudança completa ainda deve durar mais dois dias.

A Agência negou que a retirada das pessoas que continuam no local será feita com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Porém moradores que ainda mantém barracos na área da favela, afirmam que foram informados pela Prefeitura sobre o uso de força policial.

“Avisaram que iam chamar o Choque, hoje (13) a tarde, que é pra gente sair”, disse Maicon Gabriel de Souza, um dos últimos moradores que ainda está na área foco da desocupação. O barraco dele é praticamente o único que ainda resiste no mesmo local. O que se vê no local, que durante mais de três anos foi a maior favela da cidade, é apenas entulho, restos de barracos e muito lixo. Tudo deixado para trás por famílias que acreditam, enfim, realizar o sonho da casa própria. 

Agora sem vizinhos e com medo de roubos, Maicon cuida dos poucos pertences até a mudança definitiva, que deve acontecer em 48 horas. "Vou sair, não tem outro jeito. Vou morar com uma irmã que recebeu terreno no Jardim Canguru", afirmou.

“Ontem (12) e na segunda-feira (11) teve mais gente saindo, desocupação. A polícia ajudou, quem é que vai encrencar com a polícia? Tá todo mundo saindo sem reclamar”, afirmou o serviços gerais, Renato da Conceição, 32 anos, que recebeu um terreno já regularizado, poucos metros do local onde viveu por mais de três anos na favela. O atual barraco, que ele afirma ser temporário, tem água e luz, serviços básicos que antes eram luxo para ele, a esposa e os cinco filhos.

A mãe e vizinha de Renato, Maria Madalena da Conceição, 56 anos, comemora conquista e acha justo que os moradores irregulares saiam do local. “Quem não tem direito precisa sair mesmo. Agora a gente vai pagar pelo que é nosso. Já recebi e assinei o documento do terreno. Tem água e luz certinho. Coisa que na favela não tinha mesmo, era luxo, toda hora caia a luz e faltava água”.

Ela não aceitou aparecer nas fotos para a reportagem, mas disse que está feliz com a "nova casa". "Era tudo o que eu queria. Estou contente sim, tudo foi resolvido", afirmou.

A Emha informou ainda que muitos moradores que estavam na favela e não receberam o terreno são auxiliados para transportar seus pertences. “Alguns tem casa, moram no Residencial Teruel (ao lado da Cidade de Deus). Quando a gente comunica que não teve direito ao terreno e pergunta aonde quer que leve a mudança a pessoa diz que é pertinho, duas ruas e mostra o conjunto de casas. A gente sabia que tinha isso, mas na hora da remoção é que se confirma”, disse um servidor da agência, que pediu para não ter o nome divulgado.

Ele afirmou ainda que não há previsão para finalizar a desocupação total da área, mas pode ocorrer até sexta-feira (15). "Tem algumas pessoas saindo voluntariamente. Vamos avaliar esta tarde. Mas não existe prazo para terminar. Só acredito que será em 48 horas", afirmou o servidor da Emha.

Operação - No dia 2 de abril começou a remoção dos moradores que seguiram para um terreno no Jardim Canguru, a quarta e última área disponibilizada pelo Município para as famílias da favela Cidade de Deus. A desocupação da área acontece desde o dia 7 de março. Até agora os moradores seguiram para quatro terrenos, além do Jardim Canguru, nos bairros Vespasiano Martins, loteamento Bom Retiro – na região da Vila Nasser – e no Dom Antônio Barbosa (ao lado da Cidade de Deus).

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