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Capital

Bombeiros homenageiam "herói" com sonho de ser pai, morto aos 29 anos pela covid

Vítima da pandemia, cabo participou em 2012 do salvamento de vítimas de acidente em frigorífico

Marta Ferreira e Ana Paula Chuva | 30/03/2021 15:19
Carros dos bombeiros fazem cortejo para o colega, o primeiro da ativa vítima da covid-19 em MS. (Foto: Paulo Francis)
Carros dos bombeiros fazem cortejo para o colega, o primeiro da ativa vítima da covid-19 em MS. (Foto: Paulo Francis)

Morrer como herói é para poucos. O cabo do Corpo de Bombeiros Gustavo do Prado Costa, 29 anos, partiu com esse status, vítima da covid-19. Primeira morte em militares da ativa na Corporação, ele foi sepultado com honras militares no Jardim das Palmeiras, em Campo Grande, e muitas lembranças de sua atuação, seja no trabalho, seja na vida pessoal.

Gustavo, segundo a família, sempre quis ser bombeiro. Conseguiu em 2010. Era casado há um ano e meio. Para 2021, tinha planos com a esposa. Aguardava ser promovido a sargento para planejar o primeiro filho do casal.

A covid não deixou. Ele começou a passar mal cerca de 15 dias atrás, primeiro com sintomas leves. Quatro dias depois, estava internado, usando máscara. Há cerca de uma semana, ele mesmo autorizou o processo de intubação. Ontem, o quadro piorou e acabou morrendo, antes dos 30 anos, comprovando uma tendência da doença no atual pico, de atingir gente mais jovem.

Episódio heroico - Em 2012, recém integrado à Corporação, Gustavo participou do socorro às vítimas de acidente grave ocorrido em frigorífico de Bataguassu, quando 4 pessoas morreram e 23 ficaram feridas num vazamento de amônia.

No velório de Gustavo, hoje, o coronel Flávio Henrique Rodrigues, lembrou que, por ter atuado nesse episódio, ele recebeu uma honraria dada a muitos poucos. Foi um dos que entrou na fábrica para salvar os trabalhadores.

(Confira no vídeo a emoção da despedida)


No prédio onde morava, no andar de cima, vivia um casal de idosos. Nos últimos tempos, diante da pandemia, ele se preocupava em telefonar para os vizinhos e perguntar como estavam, relatou a irmã, Beatriz Prado Costa, de 24 anos.

“Ele era um homem bom”, definiu a irmã.

Os funerais, apesar de todas as restrições para quem é vítima da covid, foi disputado. Havia mais de cem pessoas. No meio delas, muitos representantes das forças de segurança, de bombeiros a agentes penitenciários federais.

Pelo menos 10 viaturas dos bombeiros, inclusive carros usados no combate a incêndio, fizeram parte do cortejo.

Religiosa, a família entoou o “Pai Nosso”, a “Ave Maria” e o “Salve Rainha”, orações tradicionais do catolicismo. No adeus, a mensagem de Timóteo.  “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”.

O bombeiro atuava na Coordenadoria de Gestão de Compras, Materiais, Contratos e Patrimônio, da Superintendência de Planejamento, Projetos e Ações Integradas das Políticas de Segurança Pública.

Bombeiros tiram o caixão com o corpo do colega de farda da viatura, na chegada ao cemitério. (Foto: Paulo Francis)
Bombeiros tiram o caixão com o corpo do colega de farda da viatura, na chegada ao cemitério. (Foto: Paulo Francis)


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