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Capital

Cliente mostra marcas de queimaduras deixadas por clínica interditada na Capital

Fabiana conta que uso irregular de aparelho provocou cicatrizes e a abalou psicologicamente

Por Gabi Cenciarelli | 28/11/2025 14:58


RESUMO

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A clínica All In Stetic & Laser, em Campo Grande, foi interditada pela Vigilância Sanitária e DECON após denúncias de irregularidades graves. Durante fiscalização, foram encontrados medicamentos vencidos, produtos sem registro e materiais de uso hospitalar armazenados incorretamente. Três funcionárias foram presas em flagrante. A empresa já enfrentava processos judiciais, incluindo um caso de queimaduras graves após procedimento de criolipólise. Uma cliente pede indenização de R$ 100 mil após sofrer lesões permanentes na barriga e necessitar de internação hospitalar. A clínica também responde a outra ação judicial por resultados insatisfatórios em procedimentos estéticos.

A clínica All In Stetic & Laser, no Bairro Cidade Morena, interditada na manhã desta sexta-feira (28) pela Vigilância Sanitária e pela DECON (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), já acumula ao menos duas denúncias graves na Justiça por procedimentos estéticos que terminaram em lesões, dores intensas e sequelas permanentes. Uma das vítimas, Fabiana Santos de Souza, 41 anos, sofreu queimaduras na barriga após uma sessão de criolipólise realizada em novembro de 2024. Ela acabou internada e hoje move um processo que pede mais de R$ 100 mil em indenização contra a empresa, representada pela biomédica e proprietária Jéssica Parzianello Lopes.

Fabiana conta que começou a sentir dor ainda dentro da sala de atendimento. Ela relata que avisou a profissional responsável, mas ouviu que era normal. A dor aumentou durante o trajeto para casa. No banheiro, encontrou a barriga vermelha, com a pele soltando líquido e a calcinha grudada por causa das lesões. A clínica respondeu às primeiras mensagens com o envio de uma pomada, mas, segundo ela, não prestou mais apoio. No dia seguinte, Fabiana foi para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário e, diante do agravamento das bolhas e da dor, acabou internada na Santa Casa por quase cinco dias. “Foi muita dor, muito sofrimento. Eles só me mandaram pomada no começo e depois sumiram. Quando precisei de verdade, não me ajudaram”, afirma.

Cliente mostra marcas de queimaduras deixadas por clínica interditada na Capital
Resposta de clínica a cliente queimada (Foto: Arquivo Pessoal)

A vítima conta que passou por raspagem da área queimada, ficou exposta nos corredores das unidades de saúde porque não podia vestir camiseta e viveu situações de constrangimento até conseguir a transferência hospitalar. A perícia médica no processo judicial ainda não tem data marcada, mas Fabiana já participou de audiência em que não houve acordo, porque a defesa da clínica afirmou que não faria proposta. Ela diz acreditar que a queimadura ocorreu porque a manta usada na criolipólise era inadequada.

"A biomédica falou na hora que a manta era muito fina. Eu procuro uma clínica para levantar minha autoestima e saí de lá com a minha destruída. Fui acostumada a usar blusinha, biquíni, e hoje escondo a barriga. Fica aquela tristeza, porque agora tenho uma marca permanente”, desabafa.

Esse não é o único processo envolvendo a empresa. Em 31 de julho de 2023, outra cliente contratou um pacote estético na unidade que funcionava no Bairro Santa Fé e contestou judicialmente a falta de resultados após meses de sessões. O contrato foi protestado após suposto atraso no pagamento, e ela levou o caso ao Juizado Especial Cível em 2024. A All In Stetic apresentou defesa e alegou que a vítima faltou com os pagamentos, mas o processo segue em tramitação, com contestações e manifestações.

Cliente mostra marcas de queimaduras deixadas por clínica interditada na Capital
Conversa entre cliente lesada e clínica após procedimento irregular (Foto: Direto das Ruas)

A interdição - As denúncias anteriores ganham novo peso diante da operação realizada nesta sexta-feira. A fiscalização flagrou irregularidades graves na clínica da Cidade Morena, que teve a filial aberta em 2024 e oficialmente indicada como sede após mudança registrada em contrato social. A ação começou às 9h, após denúncia encaminhada pelo Ministério da Saúde sobre o uso e a venda de produtos proibidos pela Anvisa. A equipe encontrou medicamentos vencidos, produtos sem registro, ampolas abertas fora das embalagens originais e itens de uso hospitalar guardados de forma irregular.

Durante a vistoria, três funcionárias foram presas em flagrante com materiais proibidos e levadas para a delegacia. Uma delas, Jaqueline Franciele de Oliveira, se apresentou inicialmente como paciente, mas acabou confessando ser funcionária. Ela estava com uma mochila contendo Lipostabil, toxina Xeomin, ácido hialurônico, ácido Attive Care vencido, além de hialuronidase também vencida e medicamentos restritos. Parte do material, segundo o boletim, estava receitado para a proprietária, Jéssica Parzianello Lopes, que não apareceu durante a fiscalização. As outras presas foram Greice Kelly, que realizava atendimentos, e Gislane Leite Rodrigues, que recepcionou a equipe e acompanhava a vistoria.

De acordo com o registro da ocorrência, todas as funcionárias estavam cientes dos procedimentos irregulares ali realizados. A DECON classificou as irregularidades como infrações sanitárias graves, com risco à saúde pública.

A interdição da clínica ocorre ao mesmo tempo em que a Justiça analisa dois processos movidos por clientes que relatam danos físicos, emocionais e financeiros. Fabiana, que ainda aguarda perícia judicial, resume a experiência como um trauma que mudou sua rotina. “Hoje uso roupas que tampam a barriga. Não me sinto mais confortável com o meu corpo. A marca fica ali, me lembrando do que passei”, afirma.

A equipe de reportagem do Campo Grande News tentou contato com a clínica e com os representantes legais da proprietária, mas até o momento não teve retorno. O espaço segue aberto.

Confira a galeria de imagens:

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Cliente mostra marcas de queimaduras deixadas por clínica interditada na Capital
Fachada da clínica interditada nesta manhã (Foto: Dayene Paz)

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