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Capital

Com pauta cheia, vereadores perdem 1 hora discutindo o Porta dos Fundos

André Salinero apresentou moção de repúdio contra especial do canal de humor, que retrata Jesus gay

Silvia Frias e Fernanda Palheta | 17/12/2019 12:07
Com pauta cheia, vereadores perdem 1 hora discutindo o Porta dos Fundos
Jesus (dir) e o namorado Orlando, no especial de Natal do Porta dos Fundos: polêmica que chegou à Câmara Municipal (Foto/Reprodução)

Com quatro projetos na fila para votação na sessão ordinária desta terça e mais duas sessões extraordinárias previstas para hoje, os vereadores de Campo Grande destinaram pelo menos 1 hora do tempo para discutir moção de repúdio contra o canal de humor Porta dos Fundos e a Netflix, por causa do especial de Natal.

“A Primeira Tentação de Cristo”, disponível na Netflix, é o especial deste fim de ano do Porta dos Fundos: nele, José e Maria preparam festa supresa pelos 30 anos do filho, Jesus, que chega acompanhado do namorado Orlando.

O desagrado com o especial começou ainda na palavra livre, quando os vereadores tratam de assuntos gerais, antes da votação. André Salinero (PSDB) criticou o canal de humor, discussão que ganhou corpo com a réplica do vereador Eduardo Romero (Rede) e Lívio Leite (PSDB).

Já durante a sessão, Salinero apresentou a moção de repúdio contra o Porta dos Fundos e a Netflix, assinada por Roberto Santana (Republicanos), Junior Longo (PSB), Eduardo Cury (sem partido), Gilmar da Cruz (Republicanos) e Wilson Sami (MDB).

No texto, o vereador diz que o grupo e a empresa demonstram “profundo desrespeito com a fé cristã e com os valores judaicos-cristão, desprezando a cultura que foi e continua sendo fundamental para a construção da civilização ocidental, pois a liberdade, a família e a fé são nossos alicerces (...)”.

Com pauta cheia, vereadores perdem 1 hora discutindo o Porta dos Fundos
Moção apresentada por vereador (Foto/Reprodução)

Romero voltou a ocupar a tribuna, dizendo que respeita a argumentação do colega. “Mas a liberdade de expressão ainda é direito garantido pela Constituição”. Também questionou se os vereadores que assinaram a moção assistiram o episódio e, ainda, pediu votação nominal.

Em resposta, Salinero rebateu que há limite para a liberdade de expressão para que não se torne “escudo para afrontar a fé”.

Durante a votação, a maioria dos vereadores não respondeu se assistiu ou não. Foram 15 votos favoráveis: Salinero, Antonio Cruz (PSDB), Valdir Gomes (PP), Junior Longo, Francisco Carvalho (PSB), Wilson Sami, Carlos Borges (PSB), Ademir Santana (PDT), Dharleng Campos (PP), Gilmar da Cruz, Jeremias Flores (Avante), William Maksoud (PMN), Cida Amaral (Pros), Vinícius Siqueira (DEM) e Ayrton Araújo (PT).

Votos contrários foram apenas Lívio Viana, Hederson Fritz (PSD), Otávo Trad (PTB) e Eduardo Romero.

Na declaração de voto, alguns apresentaram justificativa: Lívio Viana argumentou que nunca vota a favor de moção e, neste caso específico, salientou: “Se não concordar, é só não assistir”.

O vereador Hederson Fritz defendeu a pluralidade de ideias. Gilmar da Cruz confessou não ter assistido ao episódio, apenas um “flash na internet”, mas avaliou que o canal de humor fez “sátira a Jesus, aos discípulos e a fé cristã”.

Depois de quase uma hora de discussão, a sessão prosseguiu. Mais duas sessões extraordinárias estão previstas para votação da LOA (Lei Orçamentária Anual).

Assembleia – na semana passada, os deputados também aprovaram moção de repúdio apresentada pelo deputado Antônio Vaz (Republicanos), alegando que o grupo está “humilhando a imagem de Jesus”.

Com pauta cheia, vereadores perdem 1 hora discutindo o Porta dos Fundos
Antes da sessão ordinária e das extraordinárias, debate sobre especial durou cerca de 1 horas (Foto: Fernanda Palheta)
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