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Capital

Contrariados, bares recolhem as mesas e defendem que “lei seca” não vai resolver

Tradicionais botequins da cidade se adaptam para manter portas abertas sem confusão com a prefeitura até domingo

Jones Mário e Clayton Neves | 12/08/2020 10:36
Funcionário recolhe mesas que ficavam na calçada da Rua 15 de Novembro (Foto: Marcos Maluf)
Funcionário recolhe mesas que ficavam na calçada da Rua 15 de Novembro (Foto: Marcos Maluf)

Vigente até domingo (16), a “lei seca” que proíbe consumo de bebidas alcoólicas em todo tipo de estabelecimento já mudou o cenário nos botequins. O calçadão da Rua Barão do Rio Branco em frente ao tradicional Bar do Zé amanheceu limpo, sem as mesas e cadeiras que, democraticamente, costumam abrigar do mais desocupado ao mais trabalhador na região central de Campo Grande.

O proprietário do bar, Márcio Okama, 53 anos, disse que nunca viu situação parecida. O estabelecimento tem 67 anos de história.

Calçadão em frente ao Bar do Zé, sem mesas e cadeiras nesta quarta (Foto: Marcos Maluf)
Calçadão em frente ao Bar do Zé, sem mesas e cadeiras nesta quarta (Foto: Marcos Maluf)

“Já enfrentamos crise, mas, do jeito que está, nunca. É um momento muito difícil. Mas acredito que essa medida não vai adiantar. O pessoal vai continuar fazendo festinha, reunião e se aglomerando do mesmo jeito”, fala Okama, que se apega na venda do cafézinho e do salgado para manter as portas abertas durante a “lei seca”.

Okama diz que o público que frequenta o Bar do Zé gosta do papo, de sentar e reencontrar amigos para uma conversa sem pressa. “Para beber em casa geralmente procuram um mercado. Aqui é difícil alguém passar, comprar e levar”.

No Bar da 15, localizado na rua que homenageia a proclamação da República, o proprietário Fabiano Talgati, 35, também recolheu as mesas assim que soube que o veto ao consumo de bebidas alcoólicas já está valendo.

Márcio Okama, proprietário do Bar do Zé, acredita que "lei seca" é inócua (Foto: Marcos Maluf)
Márcio Okama, proprietário do Bar do Zé, acredita que "lei seca" é inócua (Foto: Marcos Maluf)

Ele comanda o boteco há um ano e meio, mas já fala em passar o ponto. “Enfraqueceu muito o movimento, ficou muito complicado com a pandemia. A gente só consegue se manter porque o bar é antigo, virou ponto de referência, mas vamos ver como fica até dezembro”, resume.

A clientela aparece com mais intensidade no Bar da 15 a partir do fim da tarde, quando o trabalhador passa para “esfriar a cabeça”, diz Talgati. “Mas o decreto quebra mais esse movimento, que já está reduzido”, critica.

Longe dali, próximo à UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), a dona da Conveniência Ponta Porã, Solange Ferreira Cosmo, 48, é ainda mais radical.

Não vai adiantar. O pessoal vai continuar fazendo festinha. Se for assim tem que fechar os mercados também. Esse decreto é inútil”, dispara.

Conveniência Ponta Porã recebe novo carregamento de bebidas (Foto: Marcos Maluf)
Conveniência Ponta Porã recebe novo carregamento de bebidas (Foto: Marcos Maluf)

A prefeitura alega que a “lei seca” deve contribuir para frear aglomerações, conter o contágio pelo novo coronavírus e, consequentemente, evitar colapso do sistema de Saúde. A medida foi tomada após pressão da Defensoria Pública pela decretação do lockdown.

A fiscalização para cumprimento da medida seguirá pela ação conjunta de Guarda Municipal, Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) e Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).

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