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Córregos da Capital viram filetes d'água sob reflexo da estiagem e onda de calor

Liniker Ribeiro e Ana Paula Chuva | 06/10/2020 20:15
Córregos da Capital viram filetes d'água sob reflexo da estiagem e onda de calor
Trecho do Córrego Prosa, na Avenida Ernesto Geisel, com nível menor que o comum (Foto: Silas Lima)

Choveu em Campo Grande na tarde desta terça-feira (6), mas ainda não o suficiente para fazer aumentar o nível de água nos principais córregos da cidade - Segredo e Prosa. O baixo nível de ambos, inclusive, tem impactado o Rio Anhanduí, principal curso d’água da cidade.

A diminuição é perceptível em diversos trechos dos dois córregos, na Avenida Ricardo Brandão, por onde passa o Prosa, e na Avenida Ernesto Geisel, por onde correm as águas do Segredo.

Luiz Carlos Prestes, de 73 anos, é aposentado e mora há pelo menos 10 anos na Rua Barão do Rio Branco, próximo à Avenida Ernesto Geisel. Acostumado a observar a situação do córrego Segredo, o morador afirma ser nítida a diminuição do nível da água.

“Quando cheguei aqui, há 10 anos, essa região rodoviária era um brejo e, desde então, observo o córrego todos os dias”, garante. “A água está mais limpa, mas o córrego está secando”, opina.

Imagens na região mostram como está a situação do Córrego Segredo. Confira o vídeo:


Na Avenida Ricardo Brandão, é o Córrego Prosa que chama atenção. Na altura da Rua Joaquim Murtinho, apenas um espelho d’água. Everton Ribeiro Ostemberg, é comerciante, e mantém espaço na beira do córrego. Ele confirma que há muito tempo a situação no local é de nível baixo.

“Há muito tempo não vejo o córrego encher. Acredito que isso esteja ligado a essa estiagem que estamos passando”, pontua.

De bom, segundo ele, apenas o odor, que diminuiu na região. “O mau cheiro aqui fica menor com menos água, porém, quando sento aqui nos bancos, percebo sinto temperaturas mais altas, talvez seja influência do córrego mais seco”, destaca.



Na Avenida Ernesto Geisel, a partir da Avenida Fernando Correa da Costa, as águas dos dois córregos se encontram no Rio Anhanduí. No local também é possível ver que de ambos os lados a água chega em menor quantidade.

Próximo ao Shopping Norte Sul Plaza, por exemplo, é possível ver um banco de areia e muitas pedras por onde a água deveria passar.

Córregos da Capital viram filetes d'água sob reflexo da estiagem e onda de calor
Trecho do Rio Anhanduí com areia e pedras por onde água deveria passar tranquilamente (Foto: Silas Lima)



O Campo Grande News indagou a prefeitura de Campo Grande para saber sobre o monitoramento do leito dos córregos, mas fomos informados de que a tarefa estaria a cargo do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

Procurado, o Instituto afirmou que as réguas medidoras “são instaladas em grandes rios (volume e extensão), por abrigarem em suas margens comunidades tradicionais - ribeirinhos - e em virtude da navegabilidade. Umas vez que os córregos urbanos não se enquadram nesses critérios não há monitoramento de vazão”.

A reportagem também entrou em contato com a Defesa Civil Municipal, que informou haver projeto para que os córregos passem a ser monitorados, porém, as atividades foram paralisadas devido à pandemia.

A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) afirmou manter o programa Córrego Limpo, que monitora a qualidade da água.

Córregos da Capital viram filetes d'água sob reflexo da estiagem e onda de calor
Trecho do Rio Anhanduí, em Campo Grande, na região do Shopping Norte Sul Plaza (Foto: Silas Lima)

Qualidade da água – Sobre isso, o Campo Grande News conversou com o professor e engenheiro sanitarista e ambiental Fernando Magalhaes. Um dos responsáveis pelo Agrosantech (Saneamento sustentável focado em Agrotecnologias), projeto desenvolvido pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), o profissional conta que a estiagem pode impactar não só o nível, mas também a qualidade da água dos córregos.

“Eventos extremos impactam na qualidade da água. Dias chuvosos acabam lavando a cidade e levando poluentes para esses ambientes. Já com a estiagem, quando você não tem a mesma vazão, ou seja, nível baixo dos córregos, o grande problema é o esgoto clandestino”, afirma.

Segundo ele, como os córregos estão em ambiente urbano, acabam sendo destinos de lançamentos clandestinos de esgoto. “Quando está chovendo a drenagem leva o material, mas neste momento de estiagem, como a vasão diminui e você tem lançamentos de esgotos clandestinos, aumenta essa concentração d-e poluentes”, explica.

Córregos da Capital viram filetes d'água sob reflexo da estiagem e onda de calor
Everton Ribeiro Ostemberg trabalha em comércio na Ricardo Brandão, por onde passa o Córrego Prosa (Foto: Kísie Ainoã)
Córregos da Capital viram filetes d'água sob reflexo da estiagem e onda de calor
Trecho do Córrego Segredo, na Avenida Ernesto Geisel (Foto: Silas Lima)


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