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Capital

Impedida de fazer exames, Suzana não vai conseguir continuar tratamento pelo SUS

Sesau confirmou que diante da pandemia do novo coronavírus, exames ambulatoriais não estão sendo realizados

Lucia Morel | 12/05/2020 17:35
Impedida de fazer exames, Suzana não vai conseguir continuar tratamento pelo SUS
Suzana vai tentar recorrer à ajuda de familiares para tentar fazer os exames e continuar o tratamento. (Foto: Paulo Francis)

Aos 39 anos, Suzana Guevara da Silva, descobriu que tem lúpus, mas está impedida de ter acompanhamento da doença ou mesmo tomar medicação porque não pode marcar exames necessários pelo SUS (Sistema Único de Saúde) devido a pandemia do novo coronavírus.

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, é isso mesmo. Enquanto a crise decorrente da covid-19, os atendimentos eletivos de casos que não inspiram urgência estão paralisados.

Uma semana antes de 14 de março, quando o primeiro caso de covid-19 foi identificado na Capital, Suzana passou por consulta na UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Iraci Coelho e saiu de lá com pedido de exame para detectar se ela tinha ou não lúpus.

Como os decretos e ações de enfrentamento à pandemia ainda não estava em vigor, ela conseguiu fazer o exame, que confirmou a doença. Depois disso, ela teve que esperar três semanas para fazer retorno à médica que a atendeu, mas aflita, recorreu a serviço de saúde popular.

Lá, pagou uma consulta de preço social e o profissional de saúde solicitou mais exames, desta vez para identificar o tipo de lúpus que ela tem, já que só assim ela poderá ter acesso a um remédio eficaz para o tratamento.

Sem dinheiro para pagar os exames, conseguiu nova consulta na UBS Iraci Coelho, onde a médica solicitou, via SUS, os mesmos exames pedidos pela rede privada. Isso foi ontem, 11 de maio, mas Suzana saiu de lá sem nenhuma chance de continuar o tratamento.

Impedida de fazer exames, Suzana não vai conseguir continuar tratamento pelo SUS
Dezenas de pedidos de exames que não poderão ser feitos gratuitamente pelo SUS. (Foto: Paulo Francis)

Primeiro porque, segundo a informaram, o médico especialista que atende casos de lúpus, o reumatologista, é apenas um para atender toda Campo Grande via SUS. Depois, porque, com os esforços voltados ao combate à covid-19, os atendimentos ambulatoriais estão suspensos.

“Eu não tenho condições de pagar por todos os exames. Fui atrás e fica R$ 828 tudo”, lamentou. Para ela, a prefeitura não poderia desassistir a população para centrar forças na covid. Se sentindo desamparada, ela teme que a doença agrave e tenha mais complicações.

Isso porque desde os 10 anos de idade ela sente dores no corpo nunca diagnosticadas. Recentemente, começaram a aparecer vermelhidões em sua pele, que sempre diziam que era alergia. Até que em março, ela descobriu que todos esses sintomas era decorrente do lúpus.

“Só o exame das mãos que preciso, é R$ 220 para cada uma das mãos. Muito caro”, afirmou. Com a negativa da prefeitura em realizar os exames, ela vai tentar recorrer à ajuda de familiares, numa “vaquinha”, para conseguir o dinheiro.

Em nota, a Sesau confirmou que os exames de Suzana não serão realizados pelo SUS, já que desde 18 de março, resolução municipal estabeleceu  a suspensão de “qualquer atendimento ambulatorial nas UBSs, USFs, Clínicas da Família, ambulatórios de especialidades médicas e rede de atenção psicossocial de Campo Grande”.

O comunicado informou ainda que “os profissionais (...) foram realocados para intensificar a frente de combate ao coronavírus, com isso, exames ambulatoriais, como é o caso da paciente em questão, não podem ser agendados, uma vez que ainda não há previsão para que a situação se normalize”.

Por fim, a Sesau informou que com a resolução em vigor, “apenas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde), UBSFs (Saúde da Família) e Clínicas da Família permaneceram com atendimentos, sendo esses de demanda espontânea para pacientes com suspeitas de Covid-19, Dengue e em situação de vulnerabilidade”.

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