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Capital

“Me sinto passarinho com a asa quebrada”, diz artista ferido em assalto

Alan Vilar teve o tendão da mão esquerda rompido após ladrão invadir a casa dele e golpeá-lo com um facão

Por Bruna Marques | 24/11/2025 16:05


RESUMO

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O artista sul-mato-grossense Alan Vilar, de 29 anos, conhecido por seus bordados em pintura de agulha, foi atacado com um facão durante um assalto em sua residência no Bairro Vila Neusa. O incidente ocorreu na noite de quinta-feira, quando o agressor invadiu a propriedade pela área de mata nos fundos da casa.O golpe atingiu a mão esquerda do artista, comprometendo tendões e exigindo intervenção cirúrgica na Santa Casa de Campo Grande. Vilar, que tinha compromissos profissionais em São Paulo, incluindo uma exposição, precisou suspender suas atividades. Amigos organizaram uma campanha de apoio financeiro para auxiliar em sua recuperação.

O golpe que atingiu a mão esquerda de Alan Vilar interrompeu o movimento do corpo, o trabalho que ele finalizava e a rotina da casa silenciosa onde vive com a avó. A partir desse choque, o artista sul-mato-grossense de 29 anos passou a traduzir o trauma em palavras. “Me sinto como um passarinho que levou uma pedrada.” O artista, conhecido pelos bordados em pintura de agulha, tenta agora reorganizar a própria vida depois de ser ferido com um facão durante um assalto no Bairro Vila Neusa, em Campo Grande.

O ataque aconteceu na noite de quinta-feira (20), por volta das 21h30. Alan finalizava um trabalho para levar a São Paulo quando ouviu um ruído na varanda. “Eu estava usando um produto meio forte, então deixei a janela e a porta do quarto abertas”, contou. A casa dá fundos para uma área de mata. “Achei que fosse algum bicho”, disse.

Com o celular na mão e a lanterna acesa, ele foi conferir. “Passei pelo cantinho onde tem um banheiro externo, fui até o portãozinho. O cachorro não reagiu, e ele sempre avisa quando tem movimento.” Ao virar para voltar ao quarto, viu o agressor sob o beiral. “Ele já veio com um golpe de faca. No reflexo, coloquei a mão para me proteger.” O celular caiu. O ladrão fugiu levando o aparelho.

“Me sinto passarinho com a asa quebrada”, diz artista ferido em assalto
Card de divulgação da vaquinha solidária organizada para o artista (Foto: Divulgação)

Internado na Santa Casa de Campo Grande, o artista aguarda para fazer uma cirurgia. “Agora estou bem porque já tive retorno do médico, mas provavelmente amanhã vou passar por uma segunda cirurgia”, relatou. A primeira intervenção foi de limpeza do ferimento. Só depois veio a constatação mais séria: “Eu estava preocupada porque houve rompimento de tendões e eu tinha medo de demorar para operar e isso piorar.”

A mão esquerda ficou comprometida. “Eu uso muito as mãos. Sou mais destro, mas no bordado e em outras coisas preciso das duas.” Ele explicou que a técnica principal da carreira, a pintura de agulha, exige precisão. “É um bordado mais realista. Também pinto com tinta, mas quem manda mesmo é o bordado".

Depois do golpe, ele correu para dentro. “Avisei a minha avó para ela pedir ajuda.” A família acionou um vizinho pelo WhatsApp, e foi ele quem levou o artista à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino. “Na madrugada caiu a vaga para a Santa Casa, então vim para cá.” O médico explicou que há chances de evitar sequelas, mas tudo depende da reconstrução do tendão. “Depende de tudo correr bem”, resumiu.

“Me sinto passarinho com a asa quebrada”, diz artista ferido em assalto
Mão do artista Alan Vilar após a primeira cirurgia (Foto: Arquivo pessoal)

O assaltante, segundo a vítima, era “um cara meio forte, com cerca de um metro e setenta e cinco”, vestindo “camiseta de time”. Ele acredita que reconheceria o agressor se o visse novamente: “Foi muito rápido, mas se eu vir ele de novo, eu reconheço.” O boletim de ocorrência foi registrado por um primo na tarde de hoje. Sobre a câmera da casa, ele foi direto: “Eles entraram pelo fundo. A câmera não gravou porque estava sem cartão.”

A violência reacendeu um debate interno sobre permanecer onde sempre viveu. “Moro nessa casa há mais de 20 anos. Tenho muita ligação com ela. Dá uma dor no coração”, afirmou. Mas reconhece que a sensação de segurança ficou abalada. “Talvez seja melhor procurar outro lugar.”

O impacto emocional também veio quando entendeu que precisaria suspender compromissos profissionais. “Ontem desabei. Comecei a chorar quando vi que precisava desmarcar compromissos”, contou. Ele teria uma exposição e atividades em São Paulo. Era um momento de crescente reconhecimento. “Meus passarinhos estão voando pelo Brasil, e eu vou atrás junto com eles.”

A frase que escolheu para se definir no momento sintetiza a ferida física e o baque psicológico: “Hoje eu me sinto como um passarinho que levou uma pedrada. Mas vou me recuperar e voar de novo".

“Me sinto passarinho com a asa quebrada”, diz artista ferido em assalto
Arara-vermelha bordada à mão em folha de falsa-seringueira, junto com os recortes (Foto: Arquivo pessoal)

Com a impossibilidade temporária de trabalhar, amigos organizaram uma campanha de apoio para ajudar no período de recuperação. Segundo a descrição da vaquinha, “suas mãos abençoadas, que criam obras que tanto nos emocionam, precisarão descansar”.

Para quem quiser ajudar, a chave Pix do artista é o e-mail: alanvilarte@gmail.com em nome de Alan Santos Silva. Quem não puder contribuir financeiramente pode compartilhar a campanha ou enviar boas energias.

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