Menino torturado pelos tios reencontra irmã ao voltar para abrigo
O menino de 4 anos torturado pelos tios em rituais de magia negra reencontrou a irmã de 15 anos ao chegar ao abrigo, nesta quarta-feira (9). Ele ficou internado por duas semanas na Santa Casa de Campo Grande se recuperando dos ferimentos, recebeu alta pela manhã e foi transferido. A coordenadora da casa de acolhimento onde a criança está, Ana Paula Queiroz, diz que o garoto demonstrou facilidade de adaptação e está brincando bastante.
A adolescente, segundo ela, conteve a emoção ao reencontrar o caçula. Inicialmente ele não a reconheceu, uma vez que era muito novo quando houve a separação. A jovem então trouxe brinquedos e desde então os dois estão se divertindo juntos, monitorados pela equipe do local.
- Leia Também
- De Homem Aranha, menino torturado deixa hospital sob proteção
- História está longe de final feliz, mas garoto torturado já é super-herói
“Ela chorou muito quando foi sabendo do caso. Hoje ela se conteve mais, brincou com ele. Ela já estava preparada para recebê-lo, sabe o que o irmão passou e está claramente feliz e alegre. Estamos deixando ele com ela no primeiro momento”, explica a responsável pela casa.
Conforme Ana Paula, ainda é cedo para falar em socialização. Quando o menino chegou ao abrigo, a maioria das crianças havia ido para a escola. Ele ainda não vai estudar fora por enquanto.
A coordenadora diz também que o garoto não demonstrou dificuldades de adaptação, uma vez que já passou pelo mesmo abrigo anteriormente e vários profissionais, incluindo Ana Paula, o conheciam.
“Tem crianças que demoram mais para se adaptar, mas ele já ficou duas vezes na unidade de acolhimento. Na primeira vez ele foi entregue à avó e depois com a tia. É uma casa que ele conhece, diferente de uma criança que chega à primeira vez”, comenta.
Proteção – Para deixar o hospital, Doblô, sem identificação oficial, estacionou ao lado da entrada do necrotério. Com a presença da imprensa, o veículo foi levado para um corredor exclusivo entre uma clínica de ressonância magnética e a unidade, na Rui Barbosa. O portão foi fechado após a entrada do automóvel.
Às 11h35, o menino foi colocado no carro, sentado no colo de duas mulheres, vestido com a fantasia de Homem Aranha, seu super herói favorito. Elas se debruçaram sobre ele ao deixar o local para evitar que ele fosse fotografado.
Cerca de dez funcionários se aglomeraram em volta do menino para se despedir dele, uma vez que a história mexeu com a equipe.
Triste - Conforme a polícia, o menino teve lesões graves no corpo causadas por queimaduras, socos e pancadas. Foram verificadas também, conforme registro policial, ferimentos antigos, como inchaço na região dos testículos e unhas arrancadas.
O casal, que já teve a prisão preventiva decretada, vai responder por tortura qualificada e abandono de incapaz. A pena é superior a 10 anos de prisão.