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Capital

Multas ameaçam Hospital Evangélico e dirigente vê perseguição política

Aline dos Santos | 09/08/2013 09:41
Antônio Cruz coleciona multas na administração Bernal. (Foto: Marcos Ermínio)
Antônio Cruz coleciona multas na administração Bernal. (Foto: Marcos Ermínio)

Com média de mil atendimentos por dia e custeado majoritariamente pela tabela social, o Hospital Evangélico trabalha no limite e vê as finanças ameaçadas por multas emitidas pela Prefeitura de Campo Grande.

Notificado no dia 1º de agosto, o ex-deputado federal Antônio Cruz, diretor da unidade, relata não ter dúvidas de que se trata de perseguição política. Ele comandou o diretório regional do PP, partido do prefeito Alcides Bernal, até ser destituído do cargo. Depois, Cruz migrou para o PMDB, partido que enfrentou Bernal no segundo turno na Capital.

“Eu presumo que o prefeito Alcides Bernal não está sabendo disso, isso acontece à revelia do conhecimento do prefeito. Eu, o conhecendo, sei da sua veia social. É perseguição política sem razão de ser. Alguém da assessoria quer fazer bonito para o prefeito”, salienta Cruz, que também é medico e trabalha no hospital, em funcionamento há 19 anos.

As multas, assinadas pela fiscal de obras, posturas e cadastros da Semadur (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Teresa Valensuela de Lima, somam R$ 13.312. Os autos de infração preveem prazo escasso para adaptações, que seria o recurso para escapar da multa.

O auto de infração 381533, lavrado em 8 de julho de 2013, determina prazo de cinco dias para readequação do meio-fio na frente do hospital. A multa é de R$ 4.873,50. “O prazo é intensamente exíguo, inconcebível. Até porque não fomos nós que rebaixamos o meio-fio. Há 13 anos a Prefeitura fez o meio-fio assim”, explica Cruz.

Já a multa de número 381532 prevê prazo de 30 dias para adequação das calçadas às normas de acessibilidade, com a retirada de estacionamento, colocação de piso tátil direcional (que orienta os deficiente visuais) e de alerta e retirada de rampa da calçada. Caso a obra não seja feita, a autuação é de R$ 16,25 por metro de testada. No caso do hospital, são 150 metros, totalizando multa de R$ 2.437.

“A Santa Casa inteira não tem isso, o Centro da cidade inteiro não tem isso, a Área do Papa não tem isso”, reclama Antônio Cruz. Na rua Américo Marques, a mesma do Hospital Evangélico, a unidade de Superintendência de Abastecimento Alimentar, que pertence à Prefeitura, não tem piso tátil na calçada.

O auto de infração 381534 estabelece multa de R$ 4.873 caso não seja feita rampa de acesso para cadeirantes na esquina, no prazo de 30 dias. Por fim, a última notificação dá prazo de 15 dias para reformas dento do hospital em obediência às normas de acessibilidade. O valor é de R$ 1.129.

Antônio Cruz conta que tentou falar com Bernal, mas não conseguiu. No começo do ano, diante do quadro crônico de problemas na saúde, ele também foi à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para oferecer a estrutura da unidade para o SUS (Sistema Único de Saúde), porém, não foi recebido.

O Hospital Evangélico, na Vila Sobrinho, atende mil pacientes por dia entre consultas e procedimentos. Em média, o custo mensal é de R$ 130 mil. A maior fonte de recursos é a tabela social. Conforme o diretor, 40% dos atendimentos são gratuitos. “O Estado repassa ajuda de R$ 50 mil”.

A unidade oferece consultas e exames como raio-x e tomografia. “Fora, um exame de tomografia custa R$ 800, aqui custar R$ 240. É uma âncora de salvação”, exemplifica. Médico há 40 anos, vereador por quatro veze e ex-deputado federal, Cruz afirma que levanta às 5h da manhã. “Tem gente que acorda só quando o sol esquenta as nádegas”.

Uma das multas é para colocar piso tátil na calçada do hospital. (Foto: Marcos Ermínio)
Uma das multas é para colocar piso tátil na calçada do hospital. (Foto: Marcos Ermínio)
Na mesma rua do hospital, calçada de imóvel da Prefeitura não segue norma. (Foto Marcos Ermínio)
Na mesma rua do hospital, calçada de imóvel da Prefeitura não segue norma. (Foto Marcos Ermínio)
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