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Capital

"Não foi inesperado", diz engenheiro sobre rompimento do asfalto na Rachid Neder

Segundo Sidiclei Formagini, é necessário realizar um estudo específico para dimensionar o problema

Por Clara Farias e Geniffer Valeriano | 14/11/2025 12:45
"Não foi inesperado", diz engenheiro sobre rompimento do asfalto na Rachid Neder
Sidiclei Formagini em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Marcos Maluf)

Estragos no asfalto da rotatória na Avenida Rachid Neder com a Avenida Ernesto Geisel, no Bairro São Francisco, já eram esperados, conforme o vice-presidente do CREA-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul) e coordenador do curso de Engenharia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Sidiclei Formagini.

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O vice-presidente do Crea-MS e coordenador do curso de Engenharia da UFMS, Sidiclei Formagini, explica que os danos no asfalto da rotatória entre as avenidas Rachid Neder e Ernesto Geisel, em Campo Grande, eram previsíveis devido à impermeabilização do solo na região. Segundo o especialista, a área, antes coberta por vegetação, foi urbanizada sem considerar a infiltração das águas pluviais. Formagini sugere a necessidade de estudos específicos e possível construção de bacias de retenção para minimizar o problema, destacando que a solução exige investimentos e políticas públicas de longo prazo.

Ele lembra que o problema vai muito além do asfalto danificado. “Quando essa área foi projetada, não era habitada. Existiam mato, campo e uma grande área de infiltração”, detalhou. Segundo ele, com o desenvolvimento urbano da cidade, tudo naquela região foi sendo ocupado e o solo acabou totalmente impermeabilizado.

"Hoje, quase não há onde a água se infiltre. Em qualquer chuva mais intensa, ela corre para esse ponto", explica. Ele destaca que o volume da enxurrada também contribui para o estrago, pois a água vem com muita pressão e acaba carregando as placas de asfalto. A situação é bastante comum quando chove.

Segundo o especialista, a região precisa passar por um estudo específico para dimensionar a condição hidráulica e minimizar o problema. “Talvez seja necessária uma obra de maior porte ou alguma intervenção para desobstruir o fluxo, porque a água está sendo barrada.” Na avaliação dele, a situação poderia ter sido prevista.

"Não foi inesperado", diz engenheiro sobre rompimento do asfalto na Rachid Neder
Membros do Conselho Regional de Engenharia durante fiscalização na rotatória da Avenida Rachid Neder (Foto: Marcos Maluf)
"Não foi inesperado", diz engenheiro sobre rompimento do asfalto na Rachid Neder
Trecho interditado em rotatória (Foto Marcos Maluf)

Questionado se o problema foi causado por uma obra mal executada, o professor pondera que as construções seguem controles de qualidade. “Às vezes, o problema não está na obra, mas na força externa para a qual ela não foi projetada. Você projeta o asfalto para suportar dois ou três metros de lâmina d’água corrente? Não. Então, é algo que precisa ser investigado antes de qualquer conclusão”, afirma.

Formagini lembra que existem diversos ensaios que permitem avaliar a qualidade de uma obra. Sobre o risco de o mesmo cenário ocorrer em outras áreas alagadas da cidade, especialmente próximas a córregos, ele responde que sim. “O problema é hidráulico. As bacias hidrográficas da região captam grandes volumes de água, e a cidade está cada vez mais impermeável. Isso exige investimento e políticas públicas de longo prazo", explicou.

Ele reforça que projetos deveriam considerar o tempo de vida útil da obra, a intensidade e a recorrência das chuvas, além do padrão de ocupação urbana. “Com essas informações, é possível buscar soluções”, detalhou.

O professor também aponta que a prevenção é possível. “Mais acima, já existem bacias de retenção, que são as represas. É preciso manter essas estruturas e, talvez, construir outras. Elas seguram parte da água e liberam o excedente só quando enchem. Múltiplas bacias, superficiais ou enterradas, ajudariam bastante na prevenção”, conclui.

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