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Capital

Operação flagra crianças trabalhando em cemitério a troco de R$ 5,00

Um adulto, que seria o responsável pelos menores, foi contido por policiais municipais ao ameaçar fiscais com faca

Danielle Valentim e Izabela Sanches | 01/11/2018 10:29
Criança trabalhando na manhã desta quinta-feira. (Foto: Izabela Sanches)
Criança trabalhando na manhã desta quinta-feira. (Foto: Izabela Sanches)

A Operação Finados, para prevenir e combater o trabalho infantil nos cemitérios de Campo Grande, flagrou na manhã desta quinta-feira (1º), crianças e adolescentes, entre 9 e 17 anos, em atividades irregulares. Os garotos estavam no Cemitério São Sebastião, o Cruzeiro, na Avenida Cônsul Assaf Trad.

A ação começou hoje e segue até amanhã, 2 de novembro, por ocasião do feriado de finados. Ao Campo Grande News, a auditora fiscal do trabalho Maristela Borges de Souza Saravi explicou que, nesta manhã, ação percorreu os Cemitérios Cruzeiro e Santo Amaro.

“No Santo Amaro a fiscalização foi tranquila e ninguém foi flagrado. Mas no Cruzeiro cinco crianças trabalhavam. Amanhã, a vistoria vai percorrer os 10 cemitérios cidade”, disse.

Ainda segundo a coordenadora da ação, um adulto, que não teve a identidade divulgada, chegou a ameaçar as equipes dos Ministérios do Trabalho e Público do Trabalho, Conselhos Tutelares e Secretaria Municipal de Assistência Social e precisou ser contido por homens da Polícia Municipal, no Cemitério Cruzeiro.

Mas bastou a equipe de fiscais deixar o cemitério, para o grupo de meninos voltar ao trabalho. E esse tipo de trabalho parece rotina no Cruzeiro. "Fui na frente e disse que queira um para mim e ele veio correndo, a gerência que é culpada. Bolsonaro vai por isso na linha, vai liberar o trabalho infantil", comentou o aposentado Milton Oliveira, de 72 anos, que contratou um dos garotos para a limpeza por R$ 5,00.

O menino confirma o preço e a disposição para o trabalho. “Não entendo esses guardas, se está na rua batem, se trabalha batem”, reclama.

Dois policiais municipais continuam no cemitério, mas dizem que precisam da presença do conselho tutelar para coibir esse tipo de exploração.

Ao menos cinco crianças e adolescente, entre 9 e 17 anos, estavam em atividades irregulares. (Foto: Izabela Sanches)
Ao menos cinco crianças e adolescente, entre 9 e 17 anos, estavam em atividades irregulares. (Foto: Izabela Sanches)

No ano passado, foram encontradas 42 crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, desenvolvendo atividades irregulares tanto no interior desses locais quanto no entorno.

A fiscalização ocorrerá em todos os cemitérios públicos e particulares da cidade: Parque das Primaveras, Parque de Campo Grande, Jardim das Palmeiras, Memorial Park, Nacional Park/Moreninhas, Park Monte das Oliveiras e Jardim da Paz. Haverá patrulhamento interno, com utilização de drone, para alcançar uma maior extensão de área.

Mato Grosso do Sul ocupa a 11ª posição no ranking nacional do trabalho infantil. São aproximadamente 46 mil crianças e adolescentes submetidos ao trabalho precoce. Destes, cerca de 8 mil têm menos de 14 anos.

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