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Propaganda é visível, mas manutenção de praças "adotadas" é quase nula

Objetivo do Programa de Parceria Municipal é que a iniciativa privada invista em canteiros, mas não é isso que se vê

Aletheya Alves | 18/02/2021 14:29
Rotatória na Av. Três Barras exibe placa de empresa que não possui mais contrato de "adoção". (Foto: Paulo Francis)
Rotatória na Av. Três Barras exibe placa de empresa que não possui mais contrato de "adoção". (Foto: Paulo Francis)

Canteiros e áreas públicas adotadas por empresas através do Propam (Programa de Parceria Municipal) mais parecem território abandonado. Tradicional em Campo Grande, em alguns locais nem sequer pintura básica de meio fio é vista. A ideia é que a iniciativa privada banque a manutenção de espaços públicos como praças, parques, canteiros e rotatórias, em troca de publicidade. Mas na prática, a maioria só tem a propaganda, porque o retorno em paisagismo é nulo.

Meio-fio quebrado, algumas árvores que nasceram naturalmente e vegetação alta é o que se vê. Longe do ideal explicado em página online elaborada pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), rotatória na Avenida Três Barras com a Rua Rogério Cavalari, Vila Vilas Boas, ilustra questionamento sobre o funcionamento do programa.

Além de vegetação alta, meio-fio está quebrado e sem manutenção. (Foto: Paulo Francis)
Além de vegetação alta, meio-fio está quebrado e sem manutenção. (Foto: Paulo Francis)

No local, placa com aparência desgastada pelo tempo indica que o local continua sendo adotado por uma clínica veterinária. Ao Campo Grande News, o responsável pela empresa, que não quis se identificar, relatou que o contrato de adoção da rotatória já venceu e não foi renovado. “Já pedimos para retirar a placa de lá, mas não retiraram. Não temos mais o contrato de concessão”, explica.

Há cerca de um ano trabalhando de frente para a rotatória, o mecânico William Sezara, de 32 anos, conta que não vê equipes de manutenção no local há mais de um mês. “Acho que nunca tinha ficado desse jeito, sempre cortavam a grama. Fica legal quando cuida, a visão da gente (mecânica) fica até melhor”, brinca.

William Sezara, de 32 anos, diz que há mais de um mês o espaço não recebe equipes. (Foto: Paulo Francis)
William Sezara, de 32 anos, diz que há mais de um mês o espaço não recebe equipes. (Foto: Paulo Francis)

Sem receber a manutenção básica, os olhos de quem convive com o local não esperam mais do que o corte da vegetação. Também com placas desatualizadas, espaço na Avenida Ministro João Arinos com avenida Centaurea, no bairro Cidade Jardim, conserva pedaço de para-choque como enfeite.

Teoricamente tendo uma empresa de açaí adotando o espaço, o número disponibilizado na sinalização é inexistente. Por ali, ao menos a grama é cuidada. De acordo com a moradora Mariley Pereira, de 58 anos, não há problemas com abandono no pequeno ambiente. “Sempre passam e cortam, não sei se é empresa, mas não vejo problema”, diz.

Pedaço de para-choque é único diferencial em espaço na Avenida Ministro João Arinos. (Foto: Paulo Francis)
Pedaço de para-choque é único diferencial em espaço na Avenida Ministro João Arinos. (Foto: Paulo Francis)

Tentar o ideal - Sentindo falta de padronização ou ao menos um planejamento coletivo, a biotécnica Jaqueline Cardoso, de 39 anos, diz que o encontrado na Rua Professor Luís Alexandre de Oliveira funciona bem, mas poderia melhorar.

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Acredito que poderiam focar mais no paisagismo em conjunto. Por exemplo, plantar vegetação da região, como Ipês em áreas específicas, já que a cidade se identifica com a árvore, Jaqueline diz.

Para ela, o programa se torna cada vez mais interessante, principalmente pensando na época de crise acentuada pela pandemia do novo coronavírus. “Qualquer propaganda nesse período já faz diferença e a manutenção não me parece cara, então penso que a ideia continua sendo interessante”, diz.

Mudas de árvores plantadas em espaço adotado na Rua Professor Luís Alexandre de Oliveira. (Foto: Paulo Francis)
Mudas de árvores plantadas em espaço adotado na Rua Professor Luís Alexandre de Oliveira. (Foto: Paulo Francis)

Administrador, Caio Monteiro, de 41 anos, complementa a ideia da biotécnica dizendo que os espaços deveriam receber maior manutenção também de associações de moradores, invés de apenas empresas em peso. “Vemos praças, espaços bons que poderiam receber esse apoio”, completa.

Dentro das oito áreas que adotou, rotatória na Rua Marquês de Pombal com Avenida José Nogueira Vieira, é exemplo do que Aquiles Momm, de 53 anos, tenta manter. Há cerca de dois anos com os locais, o proprietário de centro automotivo explica que além das poucas plantas inseridas por ele no espaço, gostaria de investir mais em paisagismo.

Rotatória na Rua Marquês de Pombal possui algumas plantas. (Foto: Paulo Francis)
Rotatória na Rua Marquês de Pombal possui algumas plantas. (Foto: Paulo Francis)

“Eu faço manutenção mensal nas áreas, contratei um profissional especializado que cuida. Não quis colocar só por publicidade, mas também para ajudar a cidade ficar melhor, mais cuidada. Sinto falta de colocar flores, mas plantas assim requerem um cuidado maior e fica inviável regar todos os dias”, Aquiles diz.

Para a autônoma Antônia Rosa, de 58 anos, o que é feito hoje já serve de muita ajuda. “Pelo menos não tem mato alto atrapalhando a visão dos carros. Sempre ficam cuidando, mas acho que precisava de mais plantas. Se eu pudesse, até queria colocar plaquinha dizendo que vendo minha erva de tereré”, brinca.

Antônia Rosa, de 58 anos, diz que espaço costuma receber manutenção, mas que mais detalhes fazem falta. (Foto: Paulo Francis)
Antônia Rosa, de 58 anos, diz que espaço costuma receber manutenção, mas que mais detalhes fazem falta. (Foto: Paulo Francis)

Programa de parceria - Buscando diminuir gastos com manutenção em áreas públicas, a prefeitura de Campo Grande disponibiliza praças, parques, áreas verdes, canteiros e rotatórias como forma de publicidade sustentável.

Através da Planurb, o Propam existe há 27 anos. Empresas, instituições, organizações não governamentais e pessoas físicas podem adotar os espaços para realizar manutenção e conservação dos locais. De acordo com a assessoria da prefeitura, o convênio é firmado por dois anos, podendo ser renovado.

Dentro dos deveres de quem adota os locais estão conservar a área limpa, realizar pequenos reparos, promover vigilância, preservar espécies vegetais já existentes, além de buscar melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas.

Sobre a placa que continua instalada na rotatória da Três Barras com Rua Rogério Cavalari, a prefeitura informou que entrou em contato com a empresa para retirar as placas de publicidade, já que a mesma não possui mais convênio com o programa.

Em relação à fiscalização por parte da prefeitura após adoção das áreas, a informação é que a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) é responsável pelas providências. Para mais informações estão disponíveis o número 3314-5164 - ramal 5909 e o e-mail propam.planurb@gmail.com.

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