Pacientes de covid reclamam de falha no monitoramento
Em três casos, pessoas confirmadas com o novo coronavírus dizem que não receberam nenhum tipo de ligação da prefeitura
Denúncias feitas ao Campo Grande News por leitores, indicam que o acompanhamento a pacientes com covid-19 em Campo Grande é falho. O protocolo estabelece que todas as pessoas com teste positivo para a doença devem manter isolamento em casa, mesmo assintomáticas, e ser acompanhadas diariamente, por telefone, para evitar que o quadro se agrave.
Três pessoas foram ouvidas pela reportagem e, apesar de duas pedirem para não ter o nome divulgado, as histórias são bem parecidas. Em um dos casos, do músico Ricardo Alves, 35 anos, o diagnóstico da doença foi em 19 de julho, na escola Lúcia Martins Coelho.
Desde então, em isolamento domiciliar, recebeu somente uma ligação de profissionais de saúde. “Me perguntaram como eu estava me sentindo e respondi”, diz.
Já o resultado do exame, enviado por mensagem de texto ao celular, dizia para aguardar contato, que até nesta quinta-feira (dia 23) não veio.
Ele relata que teve sintomas como febre, dor no corpo e perda do paladar. “Achei que eles foram rápidos ao fazer o teste. Mas lá, acho até que por questão de contaminação, aceleram muito o atendimento e a gente não consegue mais informações”, diz Ricardo.
Irmãs, Sandra* e Amanda* fizeram teste RT-PCR na rede privada. A mais velha teve os primeiros sintomas de covid-19 em 8 de julho, quando fez o exame, que resultou positivo. Em contato com a mais nova, esta também foi infectada, mas não apresentou nenhum sintoma da doença. Mesmo assim, fez o teste, que deu positivo e então ficou em isolamento.
Nenhuma delas, segundo relataram, foram monitoradas pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), não receberam nenhuma ligação ou algum outro contato, por mensagem, por exemplo. “Eu nem sabia que eles faziam esse monitoramento, mas quando soube, acreditei que é porque fiz o exame na rede privada”, disse uma delas.
Apesar da mais nova ter ficado assintomática, a mais velha teve dores no pulmão, na cabeça e no corpo, e mesmo assim, não houve contato para conhecimento do seu estado de saúde. Ela também disse que desconhecia que a Sesau fazia esse tipo de acompanhamento com pacientes positivos para covid-19 em casa.
Antes de repassar qualquer informação sobre a situação, a Sesau pediu, primeiramente, os nomes dos pacientes que denunciaram a falha. A reportagem repassou somente o nome de Ricardo, que foi o único a permitir que seu nome fosse divulgado.
Para o caso específico dele, a Sesau informou que o nome de Ricardo nem mesmo aparece nos registros oficiais de pacientes confirmados, e suas informações não foram identificadas.
Em relação ao fato das outras pacientes terem sido testadas na rede particular, a Sesau informou que mesmo nesses casos o monitoramento é feito, porque o laboratório responsável pelo exame deve repassar as informações para a Vigilância Epidemiológica do município.
Assim, a Sesau avalia que nos casos citados, o contato não foi feito ou porque houve incongruência nos dados registrados dos pacientes, com inserção de informações pessoais equivocadas ou então porque o número de telefone encaminhado à secretaria estava errado.
Para tentar sanar problemas como os apresentados pela reportagem, a Sesau disse que além da Vigilância Epidemiológica, desde o começo desta semana, as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) começaram a fazer o monitoramento de pacientes confirmados com covid-19.
Além disso, a secretaria informou que os pacientes com a doença, assim que diagnosticados, recebem informações dos telefones disponíveis para tirar dúvidas, sendo assim, ainda que não recebam ligação da equipe de saúde, eles mesmos podem entrar em contato.
Conforme a prefeitura, a orientação é que pacientes com sintomas gripais procurem uma das unidades de saúde para acompanhamento do quadro. Essas pessoas podem se encaminhar para o Polo de Atendimento de Covid-19, localizado no parque Ayrton Senna, entrar em contato com o Drive Thru para agendamento de coleta de exame para investigar esse vírus, telefonar para o teleatendimento da Sesau – no 2020-2170 – ou procurar uma das unidades de saúde da Capital.
