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Capital

Prefeita apresenta repasses e diz que greve é fruto de má gestão do Consórcio

Executivo afirma ter repassado R$ 19,5 milhões em subvenções, além de R$ 16 milhões em receitas sem subvenção

Por Jhefferson Gamarra e Kamila Alcântara | 16/12/2025 15:40
Prefeita apresenta repasses e diz que greve é fruto de má gestão do Consórcio
Secretário de governo, Ulisse Rocha; prefeita Adriane Lopes e procuradora Cecília Rizkallah (Foto: Kamila Alcantara)

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), concedeu coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (16) para tratar da greve no transporte coletivo urbano, que atinge mais de 100 mil passageiros por dia. Na ocasião, ela apresentou documentos que, segundo a administração municipal, comprovam que a Prefeitura está rigorosamente em dia com os repasses financeiros ao Consórcio Guaicurus, responsável pela operação do sistema. De acordo com a prefeita, o atraso no pagamento dos motoristas não decorre de falhas do poder público, mas de problemas de gestão interna do consórcio.

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A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, afirmou que a greve no transporte coletivo urbano é resultado de má gestão do Consórcio Guaicurus, e não de atrasos nos repasses municipais. Segundo ela, a Prefeitura está em dia com os pagamentos, tendo transferido R$ 19,5 milhões em subvenções e R$ 16,27 milhões em receitas diretas em 2025. A paralisação, que afeta mais de 100 mil passageiros diariamente, foi considerada abusiva pela gestão municipal. O Tribunal Regional do Trabalho aumentou a multa por descumprimento da decisão judicial de R$ 20 mil para R$ 100 mil, já que o consórcio não cumpre a determinação de operar com 70% da frota.

“Estamos diante de uma greve abusiva, que prejudica diretamente a população de Campo Grande e compromete serviços essenciais. A Prefeitura adotou todas as medidas administrativas e judiciais possíveis. Tudo o que estava ao nosso alcance foi feito. Toda greve tem requisitos legais, e, neste caso, eles não estão sendo cumpridos, já que o transporte deveria operar com ao menos 70% da frota, o que não está acontecendo”, afirmou Adriane Lopes.

Durante a coletiva, a Prefeitura também detalhou a diferença entre os repasses feitos com subvenção e aqueles realizados sem recursos públicos municipais e estaduais destinados ao consórcio para custear gratuidades e complementar a receita do sistema, já que o valor pago pelos usuários não é suficiente para arcar com todos os custos da operação, como salários, combustível e manutenção da frota.

Mais cedo, o Consórcio Guaicurus havia cobrado esse detalhamento técnico.

Segundo a administração municipal, esses repasses têm como finalidade manter a tarifa em um patamar mais baixo para a população e garantir o equilíbrio financeiro do transporte coletivo. Em 2025, a Prefeitura afirma ter transferido aproximadamente R$ 19,5 milhões em subvenções, além de mais de R$ 7,3 milhões repassados pelo Governo do Estado.

Prefeita apresenta repasses e diz que greve é fruto de má gestão do Consórcio
Valores apresentados pela prefeitura como repasse de recursos para bancar gratuidades em 2025 (Imagem: Kamila Alcantara)

Já os pagamentos sem subvenção correspondem exclusivamente à receita gerada pelo próprio sistema, principalmente por meio da venda de passagens e do vale-transporte adquirido por empresas. Nesses casos, não há complementação de recursos públicos, e o montante arrecadado depende diretamente do volume de passageiros. Conforme os documentos apresentados, os valores repassados nessa modalidade somam cerca de R$ 16,27 milhões em 2025.

Segundo a administração municipal, tanto os valores com subvenção quanto os sem subvenção foram devidamente repassados ao Consórcio Guaicurus. Por isso, a Prefeitura sustenta que não há falta de recursos públicos e que o não pagamento dos motoristas, que levou à greve, seria consequência de problemas de gestão interna do consórcio, e não de atrasos ou omissões do poder público.

“Todas as verbas do poder público foram transferidas para o consórcio, o que gera a pergunta: se o dinheiro foi repassado, onde está o pagamento para os funcionários?”, questionou Ulisses Rocha, secretário de Governo.

O secretário de Governo também mencionou que o Consórcio Guaicurus está discutindo com o município um reequilíbrio da tarifa técnica. Segundo Rocha, o consórcio alega distorções financeiras que justificariam a necessidade de aumento na tarifa do transporte público. Ele explicou que o consórcio quer que o município aumente o preço da tarifa técnica para que o consórcio possa receber um valor maior para cobrir os custos operacionais.

“Não há falta de dinheiro, mas sim uma discussão sobre o valor da tarifa técnica. O consórcio alega que a tarifa não cobre os custos e, por isso, quer um reajuste. Mas o dinheiro que foi repassado pelo município está no consórcio e não está sendo utilizado para pagar os motoristas”, afirmou Ulisses Rocha.

A procuradora-geral do Município, Cecília Rizkallah, também se pronunciou sobre o andamento da questão judicial. Ela revelou que a greve agora está sendo tratada no âmbito da Justiça do Trabalho, com uma audiência marcada para a tarde de hoje. Segundo a procuradora, o município entrou com ações judiciais para garantir a legalidade da greve e forçar o consórcio a retomar a operação do transporte público.

Além disso, a multa por descumprimento da decisão judicial foi aumentada. O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) havia estipulado uma multa diária de R$ 20 mil, mas agora essa multa foi elevada para R$ 100 mil, uma vez que o consórcio não está cumprindo a ordem de retomar 70% da frota.

“Estamos agora no âmbito judicial. A multa foi majorada para R$ 100 mil, e esperamos que, com isso, o consórcio retome as atividades e atenda à decisão judicial”, afirmou Cecília Rizkallah.

A greve tem gerado grandes dificuldades para a população de Campo Grande, que depende do transporte coletivo para o deslocamento diário. A paralisação integral do serviço de transporte já afeta mais de 100 mil passageiros por dia, e a decisão do TRT de aumentar a multa foi uma tentativa de forçar o consórcio a cumprir a ordem judicial.

O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, no entanto, mantém a greve, alegando que o consórcio não cumpriu com suas obrigações financeiras com os motoristas. O impasse continua sem solução, e a população segue sem um transporte coletivo eficiente na cidade.